30 de setembro de 2010

Chávez diz que vida do presidente do Equador está em perigo!

NOTÍCIA - REUTERS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira que a vida do presidente do Equador, Rafael Correa, está em perigo e pediu que o Exército equatoriano não apoie um "golpe" contra ele.

Chávez afirmou à televisão estatal venezuelana que os policiais equatorianos em protesto estariam fazendo exigências a Correa em um hospital em Quito onde o presidente equatoriano estaria "sequestrado".

Chávez também alertou nesta quinta os países da Alba e da Unasul de que estão tentando "derrubar" seu colega equatoriano Rafael Correa e garantiu em uma conversa por telefone que terá total "apoio" e "solidariedade" da Venezuela.

"Estão tentando derrubar o presidente Correa. Alerta aos povos da Aliança Bolivariana! Alerta aos povos da Unasul! Viva Correa!", disse Chávez, na sua página da rede social Twitter.

Segundo um comunicado divulgado posteriormente pelo Ministério de Relações Exteriores em Caracas, Chávez e Correa conversaram por telefone nesta quinta-feira e o presidente equatoriano confirmou "que se trata de uma tentativa de golpe de Estado" causada pela "insubordinação de um setor da Polícia Nacional às autoridades e às leis".

Correa vive nesta quinta-feira a maior crise em quase quatro anos de governo, com protestos de policiais e militares que rejeitam uma lei governista que prevê cortes nos benefícios.

Chávez "manifestou seu apoio ao Presidente Constitucional de nossa irmã República do Equador e condenou, em nome do Povo da Venezuela e da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba), este golpe na Constituição e no Povo do Equador", indicou o comunicado oficial.

O governo venezuelano também expressou "sua confiança" de que Correa e o povo do Equador "derrotarão esta tentativa de golpe de Estado".

Correa foi levado para um hospital de Quito, depois de ter sido agredido e denunciou que um grupo de manifestantes tentava entrar em seu quarto. Em seguida, o governo decretou estado de exceção.

Protestos
Os distúrbios registrados no Equador tem origem na recusa dos militares em aceitar uma reforma legal proposta pelo presidente Rafael Correa para ajustar os custos do Estado. As medidas preveem a eliminação de benefícios econômicos das tropas. Além disso, o presidente também considera a dissolução do Congresso, o que lhe permitiria governar por decreto até as próximas eleições, depois que membros do próprio partido de Correa, de esquerda, bloquearam no legislativo projetos do governante.

Isso fez com que centenas de agentes das forças de segurança do país saíssem às ruas da capital Quito para protestar. O aeroporto internacional chegou a ser fechado. No principal regimento da cidade, Correa tentou abafar o levante. Houve confusão e o presidente foi agredido e atingido com bombas de gás. Correa precisou ser levado a um hospital para ser atendido. De lá, disse que há uma tentativa de golpe de Estado. Foi declarado estado de exceção. Mesmo assim milhares de pessoas saíram às ruas da cidade para apoiar o presidente equatoriano.

Dificuldade de Governar

29 de setembro de 2010

O FMI não faria melhor!

29 de Setembro


Milhares de pessoas juntam-se em Lisboa e no Porto numa grande manifestação contra a política de austeridade. E eis a resposta política do governo Português anunciada às oito da noite do mesmo dia:

- IVA sobre para 23 %

- Diminuição progressiva de 5 % dos salários na função pública

- Pensões congeladas

- 20 % de redução do rendimento social de inserção

- Congelamento do abono de família

- “Congelamento” das contratações na função pública

Um autêntico presente envenenado!

O FMI não faria melhor...!


Vasco nem-de-Graca Moura

Li o Vasco no diario de noticias e nao percebi se ele queria concluir alguma coisa... Ou se tem alguma prosposta ou solucoes. Mas acho que nao tinha nenhum desses nobres objectivos ao escrever esta aberracao.
Chama estupidos aos eleitores portugueses, como chama tudo a todos. Parece chateado. E velho. Alias, parece um velho chateado (sera que e do restelo?).
Vasco Graca Moura faz critica vazia, sem conteudo. Fala da esquerda branquear o terrorismo! Branquear o terrorismo? Qual? A invasao do iraque? Ou do afeganistao?
Fala da nao-obrigacao de ir a tropa... Va ele!
Vasco, voluntaria-te! Vai defender as tuas "ideias" no terreno de guerra que quiseres!

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O Papa (móvel) Sou Eu
opapasoueu@gmail.com

Os bancos que banquem


Ainda não há muito tempo pudemos ler e ouvir o Presidente da Associação Portuguesa de Bancos a alertar para a frágil situação da banca em Portugal e para a inevitabilidade de uma redução nos níveis de crédito à economia (e aumento dos spreads). Tendência esta acentuada pelo esforço no cumprimento das novas regras internacionais em termos de requisitos de capital. Apesar de preocupantes, estas declarações alarmistas sobre a situação da banca portuguesa não parecem ter um reflexo directo no seu desempenho, a avaliar pelos lucros apresentados nos últimos meses.

É verdade que a banca tem tido dificuldade em obter financiamento no mercado interbancário. No entanto, embora os níveis de endividamento externo sejam elevados (cerca de 55% da dívida total ao exterior pertence ao sector bancário), os analistas são unânimes em afirmar que a situação real dos bancos portugueses está longe de ser desesperante. Aparentemente, mais do que por uma análise real dos seus balanços, os ratings da banca portuguesa estão a descer devido à reputação do país nos mercados internacionais. O mesmo se passa com o Estado português que, independentemente da real situação das suas contas, tem sofrido com as bolhas especulativa e de expectativas que se criaram em torno da sua solvabilidade.

Mas esta é a única semelhança entre a situação da banca e do Estado. De resto, a forma como ambos têm enfrentado esta crise, as suas responsabilidades nela e também as consequências, divergem em tudo. Por causa dos seus défices os Estados estão a implementar programas de austeridade que visam a “consolidação” das contas públicas através do aumento dos impostos, da redução de prestações sociais e dos salários. Ao mesmo tempo que os trabalhadores sofrem para pagar uma dívida que não lhes diz respeito, os especuladores internacionais apostam na falência do Estado, fazendo com que os juros da divida portuguesa aumentem e ganhando dinheiro com isso. Mais juros significam mais dívida no futuro. O aumento dos juros, que se encontram nos 6.420%, significa simplesmente que há mais especuladores a lucrar com a nossa dívida pública e que o país não está em condições de contrariar essa tendência. Prova disto mesmo é o facto de a procura de obrigações portuguesas ter excedido a oferta 4,9 vezes.

Os bancos, tal como os países, também precisam de financiamento e de se conseguir recapitalizar. A diferença é que, ao invés de ter de se sujeitar às taxas praticadas no mercado, a banca pode facilmente pedir ao Banco Central Europeu, que empresta a 1%. Como garantia pelo empréstimo concedido, os bancos podem entregar dívida pública das periferias, obrigações de empresas e até mesmo títulos hipotecários. Segundo o Expresso, a divida dos bancos ao BCE já atingiu os 30% do PIB.

Com uma parte do capital que é fornecido pelo BCE e que custa 1%, os bancos compram dívida pública, que paga juros de 6.4%, encaixando o lucro da operação. Quer isto dizer que a banca se está a encher de divida pública dos países da periferia? Não necessariamente, uma vez que, ao mesmo tempo que empresta capital, o BCE também está a comprar títulos de divida pública aos bancos (mas não directamente aos países).

Através destas operações, possíveis devido à actuação do BCE, os bancos estão a recapitalizar-se e a equilibrar os seus balanços. Existem outras formas de o fazer, que também estão a ser postas em prática: reduzir os níveis de crédito à economia, aumentar spreads e comissões bancárias e explorar ao máximo as técnicas de planeamento fiscal para pagar menos IRC (a taxa efectiva da banca, segundo a própria APB, situa-se nos 5%). Independentemente do método utilizado, fica bem claro que o ajustamento das contas da banca portuguesa também está a ser feito à custa dos impostos e dos salários dos trabalhadores e dos mais pobres. E foi esse o significado da mensagem do presidente da Associação Portuguesa de Bancos.

Uma boa noticia para os bancos nacionais é que existe ainda um outro mecanismo para melhorar os seus indicadores de capital: a redução das margens de lucro. Dói mais, é verdade, mas que doa antes a eles que a nós.

artigo publicado no esquerda.net

28 de setembro de 2010

A massa como alienada e possante barreira reaccionária


Na acção de litígio pela vox populi, é importante a análise de tudo o que as massas desejam e que a elite não apoia. Importante entender as razões pelas quais os direitos não são reivindicados e fundamental saber de onde vem o tumultuoso som anti-democrático que abafa a voz da revolta popular.

Sendo demasiadas as acções de fortificação da alienação, complicada se torna a missão da esquerda em fazer com que um possante grito de revolta exista. Agregar a raiva popular, nestes tempos em que a extrema-direita se espraia por toda a Europa, torna-se indispensável e obrigatória tarefa desta esquerda. A crise afecta, o capitalismo maltrata, as condições para o enaltecimento da consciência de classe existem. A razão pela qual o crescimento da esquerda revolucionária não acompanha o crescimento da extrema-direita simplista é ainda, e contudo, um tema a tratar.

A extrema-direita, porque alberga o populismo fácil, a revolta desprovida de consciência de classe, a raiva sem argumentação, porque carece de moral e de honestidade, tem conseguido cativar para as suas crescentes fileiras uma massa que, por também sofrer as consequências de um neoliberalismo selvagem, que por ser a principal fonte de riqueza, não tendo, no entanto, os benefícios económicos que, por esse facto, deveriam advir, devia ser nossa.

O desafio deve ser, por tudo, a conquista da vox populi. E essa conquista deve ser feita utilizando as armas de sempre: o despertar da consciência de classe, o dedo apontado à culpa da crise. Devemos vocacionar a nossa ira contra quem detém o capital e desmistificar todas as tentativas desonestas da extrema-direita, que tão imoralmente atrai votos através da estupidificação das massas e apelando ao racismo, à xenofobia e a todas as outras discriminações, usando o que é diferente da maioria como recipiente de raiva e desrespeitando e desprezando valores tão básicos quanto a igualdade e a liberdade.

Temos, na nossa história, a capacidade de mobilização à esquerda, seja no movimento estudantil ou nas lutas pelos direitos laborais, na oposição à guerra ou na solidariedade internacional. Hoje, no entanto, a capacidade de enraizamento político nas massas esgota-se na dificuldade de argumentar a política entre elas. O desinteresse, o conformismo, a retirada da esperança, a alienação possante pelo aparelho político podiam, realmente, explicar este fenómeno, ou esta ausência dele, mas isso não nos traria uma solução para o problema. Fundamental será também entender que o movimento não existe enquanto bloco imutável e intemporal e que já há anos não se mostra como agente de consentânea intervenção.

A ira transformada em conformismo, a consciência feita em alienação, a falta de intervenção política colectiva – tudo é consequência da não passagem, por razões adversas, do testemunho da mobilização que se fez ver e ouvir durante anos que fervilharam. Esta imobilização social, aliada a uma elite dirigista que aposta em fazer valer o capital, que não tem pudor em corromper e endrominar, dificultam o enraizamento da consciência política e mostram-se como uma potente barreira reaccionária. Contra esta, há que lutar, há que argumentar a esquerda e pensar politicamente, não deixando que a dialéctica nos distancie da metafísica. A revolta popular deve partir das massas e é nelas que devemos actuar. São elas aquilo que devemos ser.

Despertar a consciência de classe deve, por tudo o que foi dito, ser o acto principal para que possa haver uma mutação no centro de gravidade política. Eis a maior parte da luta. Eis a força que deveremos ter na revolta. Eis, finalmente, o caminho para a mudança, o trilho talhado para o socialismo ambicionado.

As coisas que uma pessoa encontra na caixa de e-mail da Universidade!

Informam-se todos os interessados que se encontra aberto concurso para bolsa de investigação no âmbito do projecto PiezoTex - Sensores e actuadores piezoeléctricos em filamento e filme poliméricos extrudidos de múltipla geometria para aplicação em nova geração de e-têxteis, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, conforme edital em anexo.

E ainda dizem que os engenheiros não tem senso de humor!


da democracia, na armadilha institucional europeia

Em vésperas da Jornada Europeia de Luta, interessa considerar que esta será uma experiência de protesto distinta em essência de outras manifestações nacionais, na medida em que se caracterizará, simultaneamente, i) pela insuperável desvantagem de não traduzir custos políticos (eleitorais) para os (reais) destinatários da mensagem, e ii) pela força e importância vitais de, ao ser, em última análise, um protesto contra isso mesmo, ser um acto de reivindicação radical de democracia.

Mais do que reprovação das medidas de austeridade que estão a ser implementadas pelos vários governos em toda a Europa, o carácter transnacional desta convocatória sugere que esta é uma mensagem que se destina justamente àquilo que exige essa implementação de medidas de austeridade em toda a Europa: a configuração institucional da União Europeia.

Ora, de todos os traços que a caracterizam, aqui interessa-nos particularmente o facto de ela traduzir um princípio que autores como Jacques Sapir designam por constitucionalismo económico[1]. Significa que o conjunto de normas que configuram o espaço económico da eurozona está, no essencial, radicado em planos de deliberação fora do controlo democrático da população. Sendo o Banco Central Europeu o exemplo disto que logo nos vem à cabeça, importa não esquecer como outras instituições influentes na parametrização das relações económicas na União – como as entidades de regulação da concorrência, por exemplo – são formalmente independentes do controlo político e, nesse sentido, da soberania popular.

O constitucionalismo económico (e seu corolário de independência formal das instituições económicas relativamente ao controlo político) é o princípio teórico-legal mais perigosamente anti-democrático que existe.

Desde logo sob o ponto de vista estritamente formal, em que corresponde a uma alienação da soberania popular e, nesse sentido, a uma quebra da relação de representação que funda o contrato social e torna o poder legítimo. As leis são legítimas enquanto que são expressão da vontade popular, enquanto a re-presentam, e uma instituição que a não representa, isto é, que não é constituída via mecanismos de presentificação da vontade popular é incontornavelmente anti-democrática e ilegítima.

Depois, porque essa alienação de soberania popular corresponde a um sentido ideológico que, justamente enquanto tal, não pode ser atirado para fora do escrutínio social.

O constitucionalismo económico é, por excelência, o projecto político do neoliberalismo. A autonomização do mercado face à intervenção de elementos não mercantis (políticos e sociais), traduzida entre outras coisas na erosão da provisão pública, e a santificação do capital, consubstanciada no postulado obsessivamente omni-presente do combate à inflação, têm consequências sociais que o projecto neoliberal não pode admitir ver traduzidas em custos políticos. Além do paternalismo tecnocrata do costume, a expulsão do controlo democrático é mesmo uma exigência incontornável do funcionamento do mercado (pelo menos do seu funcionamento segundo a utopia mecanicista neoclássica).

A Jornada Europeia de Luta de amanhã tem o interesse de corresponder à radicalização desta consciência: que, se as recessivas medidas de austeridade, mais do que decisões específicas e isoladas de uns quantos maus governos, são imposição de uma configuração institucional absolutista que aliena a soberania popular dos espaços de decisão das políticas económicas, então a luta de fundo a ser travada é pela reversibilidade genérica desse absolutismo no quadro institucional europeu.

Uma radicalização assim da exigência de democracia seria um importante passo na formação de consciência anticapitalista.



[1] Os Economistas contra a Democracia

27 de setembro de 2010

A praxe como fonte de alienação


Dois mundos antagónicos entram em confronto mal entramos em qualquer estabelecimento do ensino superior português: de um lado, o futuro, as pessoas em cujas mãos se encontra o futuro da ciência e de quem se espera uma força interventiva nos problemas sociais; do outro, o passado, a tradição medieval, o hábito que de forma tão nua faz lembrar os tempos cruéis do feudalismo. De um lado, a ideia errónea de que as instituições de ensino são palco privilegiado de democracia. Do outro, a pintura negra e cadavérica que tão facilmente nos mostra quem deve mandar e quem deve obedecer.

Entrar neste jogo de poder implica abdicar da própria personalidade. Implica a submissão cega a alguém que, por razão nenhuma, terá a legitimidade de ordenar. Os perigos da atribuição de poder às cegas, baseando-se simplesmente num número de matrículas que nada diz a nível ideológico, que nada mostra acerca de pretensas capacidades dirigistas, são ignorados. Os perigos desta atribuição irreflectida são enormes. As consequências, catastróficas. O resultado é, como jamais poderia deixar de ser, um esvaziamento ideológico e a contraposição entre conhecimento, que devia ser gerado nas instituições de ensino, e ignorância, que tantas vezes é apregoada por trajad@s e obedientes.

A praxe não é integração. Está finalmente na hora – passa até da hora limite – de dizermos não a esta prática hedionda. E está na hora de deixarmos de fechar os olhos a esta prática horripilante que peca pela crueldade e pela hierarquia bárbara que apresenta. Actuando, muitas vezes, sob o rosto inofensivo da tradição estudantil, a praxe tem servido para perpetuar um sistema em que há grandes e pequen@s, exploradores/as e explorad@s. Dentro deste panorama ideológico, observamos ainda a perpetuação do machismo e da homofobia nas várias instituições em que a praxe ocorre.

A praxe reflecte, queiramos ou não, admitam ou não, o que de pior há na sociedade. A praxe, obedecendo a uma estúpida lógica de obediência cega, acaba inevitavelmente por explorar as fragilidades de toda a sociedade. As discriminações, ao invés do que devia acontecer nas escolas, que deviam ser espaço de aceitação, democracia e igualdade, crescem e são expostas cruamente. E até aquelas pessoas que, no seu íntimo, têm alguma noção dos problemas do mundo e, de facto, os querem resolver, acabam a participar neste erróneo jogo de grupo que nada mais faz que enaltecer a sarjeta entre frac@s e fortes, tal é a capacidade de alienação desta pretensa brincadeira colectiva. Assim, o machismo impera - e fá-lo da forma mais vil. O machismo impera através de canções, de gestos, de posições. O machismo impera através de todo um grupo, composto por homens e mulheres, que pretende enaltecer uma pretensa superioridade do homem em relação à mulher. O machismo impera em cada palavrão, em cada gesto, em cada rima. E não, não é uma brincadeira. É simplesmente o que acontece quando um grupo tem poder, quando outro deve ser obediente. É a exploração, tão estupidamente feita, do que devia ser entendido. O machismo impera porque a praxe funciona como muro que divide o mundo - em oposição ao mundo real e aos problemas reais da divisão de classes - em géneros, como se essa fosse a questão principal. Como se fosse, aliás, uma divisão real. E é esta incompreensão de que o mundo não está dividido entre homens e mulheres que nos mostra a praxe em todo o seu esplendor, que nos mostra a praxe em toda a sua crua estupidez. Com o machismo, acabará por vir, claro está, e impossível seria que tal não acontecesse, a homofobia. E aqui vemos a homofobia no seu expoente máximo, no seu estado mais degradante. Seja na típica forma de machismo obtuso e execrável que nos diz que o típico homem machão tem e viola as mulheres que quiser, seja simplesmente no insulto fácil e tão revelador de fracas capacidades intelectuais.

Porque a praxe se apresenta com centenas de participantes, sob uma máscara falsa de pretensão de integração, a adesão é e será forte enquanto não houver alternativa e enquanto este assunto não for levado à discussão pública. Muito fácil é levar estudantes a participar nela assim que entram num mundo novo, num mundo que, por desconhecido ser, pode assustar. Resta-nos, por isso, construir a alternativa e desmistificar a ideia de que a praxe é a integração suprema e de que, sem a praxe, @s estudantes não serão integrados no meio estudantil.

A praxe não deve jamais ser vista como modo de integração, porque a praxe não integra. Não devemos jamais cair na ilusão de que uma actividade cuja clivagem entre grandes e pequen@s é deste modo colossal poderá integrar. Sem o símbolo da igualdade, sem a relação de igual para igual, a praxe não será jamais uma ferramenta de integração. Não devemos deixar que a correlação entre @s estudantes se baseie no número de matrículas que têm na instituição de ensino superior que frequentem. E muito menos devemos deixar que um grupo mande de forma crua e cruel só porque é a tradição.

Há uma alternativa. Uma alternativa que passa por deixar que a integração suceda sem lama, sem insultos, sem machismos, sem homofobias, sem lágrimas e sem humilhações. Uma alternativa em que @s estudantes do primeiro ano são estudantes do primeiro ano e não caloir@s. Uma alternativa em que @s estudantes com três ou mais matrículas são estudantes com três ou mais matrículas e não doutorad@s ou engenheir@s. Uma alternativa que opta por dar o universo estudantil às e aos estudantes da forma que lhes é devida.

Para que esta alternativa se torne na medida corrente, devemos entender a importância desmesurada desta luta, porque esta é a luta contra os excessos, contra as desigualdades, contra as humilhações, contra os abusos de poder. Esta é a luta que passa também pelas lutas pela igualdade de género e pela liberdade sexual.

Com uma presença forte do símbolo anti-repressão e anti-totalitarismo, menos estudantes se sentirão na obrigação colectiva de participar nesta tradição asquerosa e de carácter quase fascista. Em conjunto, devemos mostrar que há uma voz que diz que tod@s somos iguais. Em conjunto, devemos, em relevo e a cores, dar vida à alternativa que queremos, alternativa essa que pugna pela igualdade e que rejeita e despreza qualquer tentativa de subordinação de populações alienadas.

Não podemos deixar que sejam as escolas os palcos de toda esta vileza. Não podemos deixar que sejam as escolas, espaços que deviam ser palcos privilegiados de aprendizagem, respeito e democracia, os locais em que se assiste, de forma tão desmesurada, à diferença entre grandes e pequen@s. E muito menos devemos deixar passar em claro este sistema que é, afinal, cheio de ideologia. E devemos lembrar-nos sempre de que deixar que os valores da praxe passem para a sociedade extra-escola nos levará a um mundo em que não haverá respeito, democracia ou igualdade. Estes três últimos devem ser sempre a luta da qual não podemos desistir. E teremos de saber que o socialismo também se faz aqui. Como, aliás, em todo o lado.

Não devemos cair no erro de ter um concepção meramente metafísica ou meramente dialéctica do mundo. Este é um dos casos em que teoria e prática tão magistralmente se casam. A praxe está cheia de ideologia e cabe-nos vencê-la. Vencer estas práticas de submissão, vencer este meio de discriminação. Cabe-nos agir. Agir sempre e na consciência de que @ verdadeir@ revolucionári@ se rege por ambos, por teoria e prática, por muito estudo, por muita força. Esta pujança e este ideal deverão estar nas lutas que tão fenomenalmente almejamos vencer.



Publicado em http://braga.bloco.org/index.php?option=com_content&task=view&id=975&Itemid=1

O Condomínio da NATO

Obama está preocupado com os gastos militares dos seus parceiros europeus. Está preocupado em saber com quem vai fazer este e futuros afeganistões. Sozinho sai muito caro. Os gastos militares nos EUA são uma espécie de investimento público na economia, empregam largos milhares de pessoas e alimentam sectores essenciais do capitalismo americano. No entanto, há cada vez mais desempregados a interrogarem-se o porquê destes fundos públicos não serem aplicados com outros propósitos. A juntar a isto, há cada vez mais gente que não percebe o que é que os americanos continuam a fazer no Afeganistão. Obama perdeu apoio popular, perdeu a guerra na sociedade americana. O Iraque já lhes chegou, o povo americano está a ficar saturado.

Estes são os custos financeiros e políticos da guerra, e a razão pela qual Obama precisa de parceiros para o festival bélico. À Administração norte-americana parece-lhe que os europeus estão com o pé demasiado fora, que lhes falta empenho na aliança atlântica e no Afeganistão. Ora, os americanos tendem a avaliar a qualidade dos seus aliados de acordo com o empenho que estes demonstram ter nos interesses que consideram ser primários. E os europeus estão muito pouco interessados no Afeganistão, muito menos os europeus ricos.

Para o Presidente americano, o investimento europeu na defesa significa maior empenho na NATO, mais reconhecimento político e mais recursos para a Aliança.

Por outro lado, soubemos agora que a França está preocupada em que a Europa se esteja a transformar numa “jarra” na política mundial (muito importante para a fotografia mas que na verdade não manda nada). E tem razões para isso. A crise caiu na Europa como uma bomba e a recuperação está adiada para as calendas gregas. Uma Europa fragilizada economicamente perde peso no xadrez mundial face a uma China poderosa ou um Brasil em ascensão.

Para a França, uma Europa-Potência significa dar cartas na política mundial através da força militar, ou seja, reforçar o peso da Europa na Nato. É preciso gastar mais. E com isso Obama está de acordo (para partilhar custos).

Não quer perceber o governo francês que a Europa é menos potência hoje, não porque gasta menos em armas para guerras inúteis, mas porque não sabe ir à guerra pelos seus vizinhos contra os especuladores e a alta finança em nome da solidariedade europeia. Porque não quer ir à guerra pelos seus povos, defendendo o Estado Social e uma verdadeira democracia europeia.

Os submarinos não nos tornam mais potência nem mais seguros, tornam-nos apenas mais pobres. O povo europeu sabe bem fazer esta conta. E se os governos europeus, cada vez mais à direita, insistirem neste combate ao lado da alta finança e dos senhores das armas contra os seus povos, a guerra será outra.

Publicado no esquerda.net

O meu café com Vital Moreira

Na passada terça-feira, cumprindo a rotina, fui tomar aquele café àquele sítio do costume. E mais uma vez questionei-me o porquê de continuar a fazê-lo dia-após-dia e ano-após-ano, não é que o espaço e o ambiente não sejam agradáveis, mas aquele líquido que servem em chávena fria não pode de todo ser apelidado de café.

E o que tem isto a ver com política? Tudo. É que no meio deste meu lamento diário dei de caras com Vital Moreira, é verdade, ali estava ele, na página 37 do jornal "Público". Foi remédio santo, encontrei não só um parceiro para o queixume, como uma outra alma farta do sabor azedo das coisas.

Obviamente que a solução para o meu dilema é muito mais simples do que para o dele. A mim basta-me deslocar para o estabelecimento ao lado, coisa que para o Vital é bem mais complicado, pois significaria ir para o PSD - coisa que acho, que não quer.

Observações à parte, Vital Moreira conta-nos de forma bastante revoltada que a social-democracia europeia está em crise.

(- Bom dia Vital, mais vale tarde do que nunca.)

Entre os 27 membros da União Europeia, apenas 4 têm governos social-democratas (Portugal, Espanha, Grécia e Eslovénia), e na maioria dos outros países, a social-democracia não tem hipóteses de disputar o poder.

E como chegamos aqui?

Diz-nos o autor da crónica que as razões são predominantemente duas "é a recessão económica e as suas consequências sobre o emprego e as políticas sociais; outra estrutural, que tem a ver com a erosão das condições económicas, sociais e financeiras do Estado social e do modelo social europeu (...) que esteve na base da recessão económica, ter sido gerada essencialmente pelas políticas neoliberais dominantes desde dos anos 80 quanto à desregulação financeira e à desintervenção económica do Estado - que a esquerda sempre denunciou com maior ou menor veemência".

É certo que a crise económica deve-se à desregulação e ao enfraquecimento generalizado do papel do Estado, que foi promovido pelas políticas neoliberais dominantes. A esquerda sempre denunciou isto? Sim, a maior parte da esquerda social-democrata é que não. Ora vejamos, Vital Moreira identifica como auge do domínio das políticas neoliberais os anos 80, que ao contrário do que se quer fazer crer, não foram governados sozinhos pelos conservadores, mas sim , com conivência e participação dos partidos social-democratas. O mesmo sucedeu na década seguinte, onde o mundo conheceu Tony Blair, Gerhard Schröder, Bill Clinton, Felipe González, António Guterres… Seguindo o doce canto da Sereia, que a Terceira-Via, o social-liberalismo e o amor ao mercado proporcionavam, limitaram-se a ser uma força de continuidade, alterando pouco ou nada ao legado conservador que lhes antecedera.

A social-democracia europeia não travou o desmantelamento do Estado, muito pelo contrário, fez e faz parte dessa tarefa, tal como não se opôs ao ascenso do mercado sobre todos os aspectos da vida social.

Tal como hoje, em tempos de austeridade, faz parte do problema e não da solução, corta nos direitos sociais e laborais, como qualquer outro governo conservador. Que não se admire que vá esvaziando à esquerda e ser comparada à direita e com isto perca força eleitoral e apoio popular.

É como o meu café, posso aguentar o seu sabor azedo durante mais uns tempos, mas mais tarde ou mais cedo mudo de estabelecimento em procura de melhor.
Publicado no esquerda.net

26 de setembro de 2010

As surpresinhas do Exército português!


A propósito do projecto-lei do Bloco de Esquerda que propõe que o Dia de Defesa Nacional passe a ser facultativo (que o José Soeiro aqui bem expõe os argumentos) recupero um texto de Fevereiro deste ano para relembrar um acontecimento que é um exemplo de mais um dos métodos de aliciamento usados pelo Exército e que PS, PSD, CDS e PCP fazem vista grossa.

“Fábio Gonçalves nem queria acreditar quando, ontem, um grupo de quatro militares do Centro de Recrutamento de Braga interrompeu a aula que assistia para lhe fazer uma surpresa. Aluno do 12ºR da Escola Secundária Carlos Amarante, Fábio Gonçalves ganhou ainda mais ânimo para ingressar no Exército português”. Assim começa a notícia do jornal Correio do Minho desta terça-feira.

Tudo terá começado na semana passada quando este diário, que desde há muito mantém estreitos laços com Mesquita Machado, lançou um inquérito de rua a jovens indagando o que estes esperavam do futuro após concluírem o secundário. O Fábio terá respondido que queria seguir o exército. Tendo lido isto os militares do Centro de Recrutamento de Braga não estiveram para meias medidas, contanto com os holofotes do jornal e com a conivência dos professores fizeram uma surpresinha ao aluno e a toda a turma. O resultado, para além da impagável capa de jornal, ao que parece não poderia ser melhor, a “operação de charme”, como diz a notícia, teve tanto sucesso entre os alunos que até terá ficado o desejo de uma futura palestra sobre o ingresso no Exército.

A cena aqui relatada, apesar de burlesca, não é nova. Quem já ouviu relatos de jovens que são obrigados a participar no dia da defesa nacional (são 70 mil jovens por ano) com certeza identificou a similitude. Nestes espaços, de verdadeiro aliciamento moral, a discussão sobre o papel do exército em Portugal, nos campos do Afeganistão ou na construção identitária de cada um de nós é coisa que passa longe, muito longe. As promessas de infindas oportunidades e benesses aos jovens que ingressem numa carreira militar, da qual a maioria tem apenas uma imagem caricaturada e cinematográfica, parece fazer caminho apoiando-se num sentimento insuflado de amor à pátria e belicismo extremado.

O nosso campo de combate nesta área é múltiplo. Em 2007 o Bloco apresentou um projecto-lei para acabar com a obrigatoriedade da participação dos jovens no Dia da Defesa Nacional, foi chumbado por todos os outros partidos, é hora de voltar à carga. A organização da contra-cimeira anti-NATO este ano relança o debate sobre o militarismo e as agressões imperialistas, avançar na contra-corrente das representações belicistas e patrióticas será uma das chaves para o seu sucesso. Finalmente, casos, como este de Braga, intensificam a urgência de um movimento estudantil crítico e participativo, capaz de levar para o seio das escolas a discussão de temas como a guerra, criando, pela sua acção e pensamento, um sentimento de internacionalismo solidário, ao mesmo tempo dotando os alunos de uma práctica democrática que lhes permita dizer não a estes engodos militaristas

25 de setembro de 2010

Conferências de Norman Finkelstein

Para todos os que se interessam pela problemática do conflito Israelo Palestiniano Norman Finkelstein vai estar por Portugal durante a semana que vem.
O programa das festas é o seguinte:

Em Lisboa, dia 29 de Setembro às 18h30 no Auditório da Escola Secundária Luís de Camões haverá uma conferência com o título: "The repercussions of Israel´s Cast Lead Operation for the future of it´s occupation of the Palestinian territories".

No Porto, dia 30 de Setembro às 18h00 na Cooperativa Árvore haverá uma conferência com o título: "The repercussions of Israel´s Cast Lead Operation for the future of it´s occupation of the Palestinian territories".

No Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, dia 1 de Outubro às 11h00 será uma conferência com o título: "Myths and Realities of the Israel-Palestinian conflict".

Como promotores do conjunto de conferências temos a Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russell para a Palestina, o Centro de Estudos Sociais, o Grupo de Acção Palestina, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, o Sindicato dos Professores do Norte e a Fundação Mário Soares e a Cooperativa Árvore.

Malmequer, Bem-Me-Quer


A tese: 'Governo suspende negociações e promete demissão se PSD chumbar o Orçamento'
(in manchete do Público, 24set2010)

A antítese: 'PSD não negoceia... mas vai deixar passar o Orçamento'
(in manchete do Expresso, 25set2010)

A síntese: 'Cavaco "força" diálogo PS-PSD para Orçamento, Sócrates mantém tensão'
(in manchete do Público, 25set2010)


Ou nada-disso: Aquelas 3 manchetes, uma de ontem e duas de hoje, resumem o discurso da pseudo-crise-política PS-PSD:

O Bloco Central já tem um orçamento, há muito tempo, em linhas gerais chama-se: PEC. Porém encenam esta briga de novela: "diz que me amas!", "diz tu", "tu já não me amas :(", "amo-te muito", "não amas nada...", "amo sim", "amas, amor?!", "amo sim", "não, tu já não me amas..."

O PS vai agarrar-se ao poder até não poder mais e o PSD só vai querer derrubar o governo, quando as sondagens lhe derem indicadores fortes de vitória a solo ou com a muleta CDS.

O "aqui d'El-Rey" desta pseudo-crise política PS-PSD é respondido prontamente por Cavaco. O Centrão finge estar em cisão e o Cavacão arma-se em conciliador daquilo que já estava concilidado: uma união de facto, há muito, consumada por PEC's, actos e omissões.

Dinamizar um movimento para vencer Cavaco é abrir as brechas necessárias para quebrar o betão armado do arco da governação falhada.

Diário de um Miserável



Há, na aldeia dos meus avós, um trabalhador miserável que não chega a receber dois Euros por hora. Conheci-o hoje, durante a vindima e não quis acreditar no que via. Tem pouco mais de quarenta anos e distribui o seu tempo de trabalho entre a lavoura e as obras.

"-O que aparece a gente tem de aproveitar, se não outros `aproveito´!" .

Provavelmente, se algum realizador de cinema, interessado em retratar a vida num campo de concentração nazi, o conhecesse, escolhia-o, para no mínimo, ser figurante, tal é o aspecto esguio e exangue.

Dizia-me que tinha de trabalhar por vezes dez horas por dia, seis dias por semana.
"-Tem dias que nem um ´molete´ duro ou uma pinga de leite tomo de manhã."
"-Então mas vai trabalhar assim em jejum?", perguntava eu.
"-Tem de ser, se não nem como ao meio-dia nem à noite!".

Quando chega a hora de almoço tem 30 ínfimos minutos para almoçar, ao longo dos quais tem de suportar um patrão inqualificável que lhe diz: "Tone, despacha-te!". É viúvo faz agora 9anos. A filha, a "Rosinha dos Limões", como o meu avô a chamava, emigrou para França e vai ajudando no que pode. Tem pouco mais do que a minha idade, alguns filhos e é o exemplo do destino que o país granjeia à sua juventude, menos ou mais, qualificada.

Parece que esta semana o ´Tone´ se tentou suicidar.
"Precisas de ir a um médico!", dizia a minha avó.
"Pra quê? Ele dá-me de comer?! Eu qualquer dia ponho-me é a dormir!", retorquiu de cenho desenhado.

Há décadas que os partidos do centrão se têm tornado especialistas em anestesiar a revolta que vai germinando nas camadas populares. A bomba social é constantemente desactivada e os vidros da exploração temem em não quebrar.
Dois milhões de pobres, salários médios de 700 Euros, propinas de 1000Euros, famílias endividadas a pagarem a sua casa com 15anos de juros a bancos, porque os diversos governos se marimbaram para a devida política pública de reabilitação e arrendamento urbano.
Agora os mais de 20mil estudantes sem bolsas de estudo, mais empréstimos, mais dívidas. A tal grande medida social, o complemento solidário para idosos, parece que será agora direccionada aos grandes engenheiros informáticos de 65 ou mais anos, que nem direito a aprender a ler e escrever tiveram no seu tempo...

Anos e anos a vomitar o direito à segurança e privacidade individual, para se manter o sigílo bancário e agora quebra-se o princípio para "andar em cima dos malandros que não querem trabalhar, como os do RSI..." Viesse aqui uma delegação do CDS conhecer o `Tone´ e diria o quê? Que quer trabalhar mas bebe demais, não?

E depois a Sic Notícias leva o Francisco Van Zeller e um economista com uns óculos de fundo de vidro de garrafa, a comentar a situação política, e que dizem eles? "É preciso cortar nos salários, suspender o 13º mês... Reduzir a despesa! Se o governo não o fizer com o PSD, que venha o FMI...". Entrassem eles no tasco da aldeia do ´Tone` e, de pronto lhes diriam: "Epa, vão se foder! Vão pró caralho!".

Este era agora o momento em que os prezados leitores esperariam que lhes citasse o nome de autor do séc.XIX ou XVIII que escreveu o romance do ´Tone´, ou o nome d@ jornalista da TVI que fez esta reportagem...
Dá vontade de chorar de revolta, mas a estória deste miserável do séc.XXI é incrivelmente verdadeira e real!
"Ah e tal a luta de classes..."
Talvez tivesse ele vindo numa máquina do tempo ver como o mundo evoluíra... Ou não!

Há dias de manhã em que um homem à tarde não pode sair à noite nem voltar de madrugada


Em directo

O miradouro de sao pedro de alcantara esta um alvoroco. Fala-se de assaltos, violencia e abusos por um grupo de 3 pessoas. Mas neste momento o caos e geral. As pessoas estao tranquilas, a beber o seu copo e a fazer o seu caminho. Mas ja passaram mais de uma dezena de carros da psp, estando 4 estacionados. Mais a policia municipal. Mais uma carrinha da policia de intervencao. O carros e autocarros quase nao circulam. Sirenes constantes de policia acima e abaixo. Eu vou embora. Ja.

24 de setembro de 2010

Eleições: “Para o Brasil seguir mudando?”


No Brasil, a julgar pelas sondagens, a dúvida repousa mais na realização de uma segunda volta do que em quem vai suceder a Lula nas eleições presidenciais que se disputam a 3 de Outubro. Com Dilma Rousseff a ultrapassar os 50% nas intenções de voto, tudo indica que o máximo que o líder da oposição e candidato repetente, José Serra, poderá conseguir é adiar a derrota até o segundo turno. Esse clima de “já ganhou” tem contribuído para uma campanha vazia e programaticamente monolítica entre os dois principais oponentes, com debates em ritmo de propaganda cronometrada e claro, com a imensa sombra de Lula que, do alto dos seus 80% de aprovação, vai ditando mais política que os candidatos.

Continua a ler no www.esquerda.net

Estamos em Guerra





A voracidade dos dominantes é tal que a guerra aos povos é cada vez mais evidente.

(Artigo escrito a propósito do Dia Internacional da Paz/21setembro)

Venderam-nos (e comprou quem quis) a ideia do “Fim da História”, do triunfo da triologia da democracia liberal, economia de mercado e (“consequente”) paz mundial. As guerras “étnicas” ou “humanitárias” dos anos 1990 eram apenas “excepções”, últimos vestígios dos modelos ultrapassados.

Com o 11 de Setembro, veio a declaração da guerra geral ao “Terrorismo” (conceito “utilmente” indefinido no Direito Internacional) e sob essa bandeira suspenderam-se direitos e garantias, na esfera interna – o caso do Acto Patriótico nos EUA – e invadiram-se estados: o Afeganistão e o Iraque.

Vinte anos depois da queda do Muro de Berlim, a realidade não é a do “Fim da História”, o “Choque de Civilizações” não impede “negócios da China” ou das Arábias, o “Império” sem centro de Negri é pura miragem face ao papel fundamental do estados e suas organizações na guerra, na desregulação financeira, no socorro à banca e no endossar de ataques especulativos como aquele que está em curso contra o euro e os povos europeus.

É igualmente verdade que o mundo de hoje já não é o da teoria do imperialismo de Lenine, o imperialismo do choque entre potências que derivava da existência das burguesias nacionais monopolistas. Hoje, na era das corporações transnacionais, existem burguesias com interesses transnacionais que, ainda assim, não abrem nem podem abrir mão do poder que exercerem através dos vários estados. Note-se que os americanos vêem, hoje, com bons olhos e sem desconfiança o investimento europeu na defesa (querem dividir os custos da guerra e até lucrar mais alguma coisa na venda de material bélico). E as outras potências e organizações internacionais são vistas como parceiros necessários e desejáveis.

O imperialismo persiste, mas sob outra forma. Alcançou a dimensão Global, aperfeiçoou-se, mas também encontrou novas contradições e novas rivalidades. A tendência não é para a Guerra entre potências imperiais (como era no tempo de Lenine); agora a tendência é para ‘a guerra unida das potências contra todo o mundo, contra todos os povos’: desde a guerra entre a Finança Global e as economias nacionais às guerras coloniais no Iraque e na Palestina ou mesmo à guerra ao Estado social e à perseguição de minorias étnicas, como ilustra o recente caso dos ciganos em França.

Os impérios e a hegemonia burguesa trazem às subjugadas e aos subjugados uma aparente paz que mais não é que a cristalização/normalização das violências da ordem estabelecida. Mas nem mesmo essa 'paz aparente' dura. A voracidade dos dominantes é tal que a guerra aos povos é cada vez mais evidente. A luta política e social pela hegemonia das exploradas e dos oprimidos é fundamental para a defesa e o aprofundamento da democracia e para a conquista de uma paz que abra caminho a um mundo onde o livre desenvolvimento de cada um e cada uma será condição para o livre desenvolvimento de todas e todos.

Nota: também publicado aqui.

23 de setembro de 2010

Sarkozy, és uma jóia de moço e eu quero casar contigo

Gostava de, um dia, ter a oportunidade de privar com Sarkozy para lhe agradecer tudo o que tem feito por mim. Era eu uma criança despreocupada e ignorante até ter sido iluminada pelas suas palavras hercúleas. Graças a Sarkozy, eu, que tão estupidamente achava que o mundo estava dividido em pessoas boas e más, dei um enorme passo na minha condição de ser humana e entendi que, afinal, o mundo se divide em branc@s e criminos@s. Até aí, tudo bem. O que me espanta é que, após Sarkozy nos ter mostrado que @s cigan@s são @s culpad@s pela crise mundial, ainda haja extremistas de esquerda pront@s a defendê-l@s. Há até, e isto é condenável, quem considere que a expulsão d@s cigan@s de França foi racismo. Mentira, raça há só uma. Há a branca, raça enorme, raça boa, já o camarada Hitler o dizia. E há as outras. As culpadas pela crise mundial, as culpadas pelos problemas do mundo. Um dia, acreditem ou não, até vi uma notícia de um preto que assaltou uma senhora. A cor de pele é impossível de disfarçar e, olhem, amig@s, essa bandidagem não engana ninguém.

Tod@s nós sabemos que @s cigan@s não são fiáveis. Na escola primária, eu tinha uma colega cigana. Era a Sheila. Camaradas, a Sheila, num belo dia solarengo, bateu-me. Com a mão. Como ela, algumas dezenas de crianças me bateram. Digamos até que a minha estupidez sempre fez com que muito boa gente tivesse vontade de me dar uns bons sopapos. No caso das dezenas de crianças que me bateram, era a idade a manifestar-se. No caso da Sheila, era, obviamente, uma coisa de sangue, um instinto violento que todas as pessoas que não são pálidas como eu possuem. Além disso, é uma falta de respeito enorme. Que uma pessoa branca me bata, tudo bem. Há igualdade de circunstâncias. Estamos tod@s no mesmo nível. Se eu bater no meu primo de sete anos, pessoa alguma se irá escandalizar e ninguém levará a mal. Agora se eu bater numa pessoa muito superior a mim, como, por exemplo, o Sarkozy, aí já é o diabo. Já lá diz o velho ditado: “cada raça no seu galho”.

Outra prova de que @s cigan@s não são fiáveis é o caso do Quaresma. Confesso que desde que o meu clube me deu um desgosto que não vejo futebol, mas jamais me esquecerei da prova de que @s cigan@s são a raça inferior que o Quaresma nos deu há uns anos, quando tão vil e tão traidor revelou ser. Ainda no Barcelona, disse o senhor que não voltaria para Portugal. Caríssim@s, umas semanas depois, lá estava o rapaz a jogar no Porto. A minha dignidade de apoiante do Sporting ficou chateada. A minha visão de pessoa branca, sinceramente, não esperava outra coisa daquele miúdo.

Quanto a França, é mais que compreensível que o bondoso Sarkozy tenha perdido a paciência. Sempre ligad@s à alta finança, @s cigan@s têm arrastado o mundo para a miséria. Sempre em negócios escuros, nas feiras tentam vender-nos produtos de baixa qualidade, qualidade muito inferior àquela que nós, pessoas brancas, merecemos. Para além disto, atrapalham-nos no nosso dia-a-dia. Ainda ontem fui ao supermercado, cheia de pressa, comprar iogurtes e bolachas e, olhem, na hora de pagar, tive de esperar que uma senhora cigana fosse atendida. Sim, porque esta gente nem se digna a deixar que @s branc@s passem a frente. E isto é que me revolta. Nem imaginam vocês a intensidade fervorosa com que louvei o amado Sarkozy nessa vil hora.

Se o que digo não vos convence, vejam cinema. Reparem no Chaplin. O homem era cigano e, para além de fazer filmes a preto a branco, ou seja, representativos da pouca evolução do mundo, raro era o filme em que o gajo não fugia da polícia.

Favas contadas

O pedro, estudante, prometeu ao seu pai que caso nao fizesse as cadeiras todas, lhe pagaria 'um semestre' (500 euros). A sonia fez uma aposta com a familia, sobre geografia, e perdeu 250 euros.
Sao estas as contas que Fatima Lopes paga todas as tardes na televisao.
Para verem as suas contas pagas, alem de terem de expor a sua financa na tv, as pessoas sao sujeitas a uma tombola. O problema e que a tombola nao serve para baralhar cupoes. Trata-se de uma caixa que roda com uma pessoa la dentro, aos trambolhoes...

A sonia conseguiu os 250 euros, o pedro tramou-se - rodou, rodou e nada.

Este programa e uma especie de tourada onde os donos do espaco emprestam os instrumentos de tortura, e ganham 'rodos' de dinheiro. Fazem-se fortunas a custa do sofrimento, da exposicao e do gozo a que as pessoas sao sujeitas.

Fatima Lopes, ate pode voltar a fazer programas a conversar com pessoas mais, ou menos, interessantes. Mas este programa deve acabar.

Que bom que estamos a combater o despesismo!!

O peso dos números:


"Mais de 40 mil deixaram de receber apoios sociais em Agosto. Dados da Segurança Social confirmam tendência de quebra no RSI e subsidio social de desemprego" (Diário Económico, 23 Setembro 2010)


"A fiscalização às baixas médicas, ao subsídio de desemprego e ao rendimento social de inserção efectuada pela Segurança Social no primeiro semestre permitiram reduzir a despesa em 40,3 milhões de euros. (...)Foram suspensos ou cessaram 52 044 subsídios de desemprego, mais 36% que no período homólogo de 2009, o que reduziu de 33,1 milhões euros na despesa." (site do Governo)

20 de setembro de 2010

da miopia.

A racionalidade por trás da pressão exercida pelas instituições económicas europeias e globais para que vários governos flexibilizem os seus mercados laborais é coisa muito pouco óbvia.

Se a contracção do consumo privado é motor da espiral recessiva que tanto importa travar para uma saída sustentável desta crise (porque as quebras nos lucros que provoca obriga a cortes na produção e no emprego, conduzindo a novo emagrecimento dos níveis de consumo e por aí fora), então a protecção ao emprego assume importância inquestionável. Ela corresponde, para já e mais que não seja, à protecção de níveis de consumo capazes de conter tal sangria recessiva.

Qual então a racionalidade que justifica que, em casos como a Espanha, com uma taxa de desemprego de 20% (o dobro da média da União Europeia), estejam a ser propostas e aprovadas leis que reduzem os custos com despedimentos?

A cartilha é a do costume: diz que, diminuindo os custos associados aos despedimentos, serão melhoradas as condições de ajuste entre os níveis de produção das empresas e os custos com o trabalho que lhes estão associados, traduzindo-se isto numa diminuição do risco associado ao investimento em produção, o que seria incentivo à contratação.

Mas uma fase caracterizada pela contracção do consumo privado e pelas dificuldades de acesso ao crédito implica logicamente uma procura por trabalho deprimida.

É perante isto que a nossa perplexidade não pode deixar de aumentar: é que os países mais assediados pelos arautos da flexibilidade laboral são justamente os países mais castigados naqueles dois aspectos essenciais à determinação da procura de trabalho. Economias como a da Espanha, Portugal e Grécia, marcadas, por um lado, pela dificuldade de obtenção de financiamento junto dos mercados (e o encarecimento do crédito que isso significa) e, por outro, pela compressão do consumo interno acentuada por políticas de austeridade, são precisamente aquelas onde a procura de trabalho estará mais deprimida. São justamente aquelas onde a agilização dos despedimentos dará piores resultados. Num tal cenário, facilitar despedimentos muito mais depressa assegura o objectivo (solipsista e, como tal, macroeconomicamente míope) da manutenção de margens de lucro inconsequentes para o reanimar da economia real do que segue uma estratégia de protecção e incentivo de níveis e padrões de consumo privado.

Ainda os ciganos... do CDS

"Diogo Feio, do CDS-PP, diz que as autoridades portuguesas devem tomar uma posição sobre o e-mail da polícia do Luxemburgo que se refere aos portugueses de forma negativa."

Em Junho publiquei aqui um post sobre uma notícia que relatava a indignação de Diogo Feio deputado europeu pelo CDS/PP perante atitudes xenófobas da Polícia Luxemburguesa em relação aos cidadãos portugueses.

Esta semana, os seus comparsas na Assembleia da República, juntamente com a maioria dos PS e dos PSD, atiraram-se ao ar por causa de um voto de condenação ao Estado Francês pela expulsão dos cidadãos ciganos, que azar dos azares, são tão europeus como o bom velho português.

É de lembrar que não há muitos anos os portugueses em França eram apelidados com os mesmos adjectivos com que mimam os ciganos hoje.
Certamente que depois dos ciganos a limpeza social continuará, porque a economia francesa e o desemprego continuam a não dar sinais de melhoras.

Com um agravamento das condições sociais em França quem sabe se Sarkozy não tem a ideia peregrina de culpar os portugueses que lá trabalham?

Nessa altura CDS/PP, PSD e PS continuarão ao lado de Sarkozy ou reconhecerão que no fim de contas são apenas "ciganos como nós?"

há problemas?! culpam-se os ciganos e suspende-se a democracia. já está

A extrema-direita ganhou 20 lugares no parlamento sueco.
(Podem encontrar a noticia no Público)

Em França expulsam-se ciganos, na Suécia dá-se 5.7% dos votos à direita xenófoba, de Bruxelas chegam vistorias e condicionamentos aos poderes dos parlamentos nacionais em matéria de politica orçamental.

As crises económicas sempre foram espaços férteis para a direita anti-democrática jogar o seu jogo e conquistar apoios. Não há limites para o populismo e o alarmismo.

Assim é fácil: há criminalidade? a culpa é dos ciganos. Há desemprego? dos imigrantes. Há gastos sociais? são os desempregados! pouca produtividade? a culpa é dos trabalhadores! Endividamento? São os gastos sociais... Tudo vai mal? demasiado estado!


No ping pong demagógico e mentiroso lá se atiram desempregados contra imigrantes, precários contra desempregados, todos contra os ciganos... Mais uns pozinhos para descredibilizar os serviços públicos e o Estado e num instante a culpa é do excesso de democracia...

Uma leitura rápida dos comentários à noticia do Público foi o suficiente para me deixar em pânico.

Sempre foi demasiado fácil e tentador encontrar bodes expiatórios para os nossos males só que, geralmente, os acusados são inocentes, os problemas ficam por resolver e quem perde é a democracia.
A direita em Portugal nunca soube fazer melhor que isto e, mesmo o PS, a julgar pela forma como entrou na campanha do CDS contra o RSI, ou como corta os subsídios de desemprego, ou como votou contra o voto de condenação ao Governo francês pela expulsão dos ciganos ... não sei não

Combate de Blogs: A estreia do Adeus Lenine


Debate sobre a crise, o orçamento de Estado e a situação dos ciganos em França com Miguel Morgado, Filipa Martins, Tomás Vasques e Mariana Mortágua

18 de setembro de 2010

Democracia sobre fogo...

"subúrbios, onde deus nunca passou"

Estava deitado mas não consegui dormir. Quando olhei para as imagens coladas nas paredes do meu quarto lembrei-me de como a música foi tão importante para o meu processo de politização. Liguei o PC para vos deixar um verdadeiro relato, uma autêntica denúncia, de um músico Português de quem muita gente fá-la sem nenhum conhecimento de causa. Porque o Rap não é só armas e sexo, nem de perto nem de longe

17 de setembro de 2010

do despedimento à reorientação laboral cubana

importa sublinhar que a deliberada distorção difundida para apresentar como despedimentos o processo de reorganização de actividade com “reorientação laboral de trabalhadores para outros postos de trabalho” e “outras formas de relação laboral não estatal como o arrendamento, o usufruto, cooperativas e trabalho por conta própria

às vezes, o melhor é mesmo ficar-se calado.

Diz-me que solidão é essa

Caro Renato Teixeira hoje lembrei-me de uma música que já não ouvia há muito tempo.
Dedico-a a ti e a mais dois ou três camaradas que têm tido a amabilidade de discutir algumas das ideias que tenho expressado neste blog.
Um sincero obrigado e espero que continuem a ser Alegres pensadores de Esquerda.
Fica o clip e a letra para que possam disfrutar deste "nosso" António Variações.





Diz-me que solidão é essa
Que te põe a falar sozinho
Diz-me que conversa
Estás a ter contigo

Diz-me que desprezo é esse
Que não olhas p'ra quem quer que seja
Ou pensas que não existe
Ninguém que te veja

Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos

Lá vai o maluco
Lá vai o demente
Lá vai ele a passar
Assim te chama toda essa gente

Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

Diz-me que loucura é essa
Que te veste de fantasia
Diz-me que te liberta
De vida vazia

Diz-me que distância é essa
Que levas no teu olhar
Que ânsia e que pressa
Que queres alcançar

Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos

Lá vai o maluco
Lá vai o demente
Lá vai ele a passar
Assim te chama toda essa gente

Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

Mas eu estou sempre ausente e não me conseguem alcançar

Não me conseguem alcançar
Não me conseguem alcançar
Não me conseguem alcançar

Incompetência ao quadrado

Mariano Gago definiu dois meses de prazo máximo (regime transitório só para este ano) para atribuição de bolsas contando a partir do começo das candidaturas (começo do ano).
Como é um incompetente, e para disfarçar a borrada que fez, congela a entrega das candidaturas, compra tempo para meter ordem na casa e depois então lá abrirá as candidaturas.

Só para o Gago é que o ano começa a contar desde o dia em que ele consegue passar por cima da sua incompetência. Para todos os outros que precisam de bolsa, começaram com o início das aulas.

Já agora, diga lá Sr. Ministro. As pessoas que acabaram de entrar no Ensino Superior e precisam de bolsa imediatamente, como se inscrevem se não têm dinheiro para pagar as propinas? Lá se vai a hipótese de esperarem até terem o resultado da análise do seu pedido de bolsas, já que as candidaturas estão congeladas...

É tudo tão "inofensivo" e possível para todas as pessoas que, pelos vistos, basta quererem.

16 de setembro de 2010

o monstro

Partilho convosco uma noticia do Jornal de Negócios de 2ª feira:

"Vender lixo está mais barato"

"Enquanto os países "periféricos" enfrentam custos de endividamento cada vez mais elevados para colocar dívida no mercado, os preços para emitir as chamadas "junk bonds" já caiu mais de metade face a 2009. A procura por activos com maiores rentabilidades tem levado os investidores a trocar divida dos Estados com maiores problemas financeiros pelas "junk bonds", obrigações de empresas classificadas como "lixo"."
Mais à frente ficamos ainda a saber que o custo de financiamento destas empresas que emitem "junk bonds" recuaram para menos de metade do registado no ano passado.

Antes de mais, clarificar conceitos. "junk bonds" são obrigações de empresas que foram classificadas como muito arriscadas, ou seja, com elevado risco de falência. Quando uma empresa emite obrigações está basicamente a pedir dinheiro emprestado aos investidores, em troca do pagamento de uma taxa de juro (funciona como os titulo de divida publica, mas para empresas privadas).

O que está a acontecer é: para ter mais lucro, os investidores privados estão a vender os títulos de divida pública dos países periféricos que têm em carteira, e a trocá-los por estes activos de alto risco ('junk bonds') que oferecem taxas de juro ligeiramente superiores (por quanto tempo?).

Como estamos num mercado, e porque há menos investidores interessados nos seus titulos, os países vao ter que pagar mais para conseguir vender divida pública, por outro lado, como há maior procura para as 'junk', o juro que as empresas vão ter que pagar para se financiar desce.

De cada vez que os nossos juros sobem, a divida futura também aumenta. E depois? Bom, depois aumentam-se impostos, corta-se nos subsídios de desemprego, nas bolsas de estudo, privatizam-se sectores estratégicos . . . um sem fim de medidas milagrosas para resolver o problema do aumento da dívida. Para compor o ramalhete ainda nos dizem que a culpa é do Estado Social, é demasiado generoso....os salários?! muito altos... E os desempregados? uns preguiçosos!

A prioridade não é combater a especulação ou libertar o financiamento dos países das lógicas perfeitamente irracionais de mercado. O objectivo é diminuir os custos de trabalho e o "Estado monstro". E os nosso impostos sobem por isso, não para financiar o Estado que é "monstro", não para financiar a saúde e a educação, mas para pagar o aumento dos juros no mercado. Quem é a besta afinal?

Demasiada Democracia é prejudicial aos mercados. Dificulta a apropriação dos rendimentos do trabalho, aumenta os custos e limita as taxas de lucro. Demasiado mercado, inversamente, é prejudicial à Democracia. Aumenta as desigualdades, reduz o espaço de debate politico, cria desemprego…

Existe tal coisa, “demasiada democracia”?! há que ache que sim!

Vamos mandar o Cavaquinho à viola



Depois de tanta discussão política que criou o post sobre a necessidade do apoio da Esquerda a Alegre, decidi continuar na senda das presidenciais, até porque fomentar a discussão política e debater ideias e opiniões é o maior interesse deste vosso camarada.
Como tal vou fazer uma pequena súmula da "vida e obra" de Aníbal Cavaco Silva.

Com Cavaco Silva começaram as privatizações, e com elas o principio do fim da nossa economia.

Apostou forte nas auto-estradas, no entanto, ao introduzir as elevadas tributações do imposto automóvel e a dupla taxação dos combustíveis, bem como colocando portagens, castrou grande parte do benefício que o País podia tirar destas importantes vias de comunicação.

Falando ainda em portagens, todos nos lembramos do sentido de Estado que Cavaco demonstrou, quando resolveu democraticamente através de uma carga policial, um protesto na ponte 25 de Abril.
É isto o que significa para ele ser "o garante da estabilidade no País."
Outro belo exemplo da sua noção de estabilidade foi a vergonha no Terreiro do Paço da repressão da manifestação dos Polícias que exigiam o direito de poder associar-se.
Sem dúvida que Cavaco é que ficou associado aos polícias desde então.

Falemos do seu mérito como economista:

Não foi o mesmo Cavaco que qual Victor Constâncio fechou os olhos aos negócios de Dias Loureiro, Oliveira e Costa e o resto do seu gang?

Não foi este o Cavaco que foi conivente com o escarro que é o contracto da Lusoponte com o Estado em que o Estado terá que pagar a esta por cada veículo que não passe na ponte Vasco da Gama caso se construa uma terceira travessia?
Este mesmo contrato que foi negociado por Ferreira do Amaral que após deixar o governo foi para presidente da Lusoponte?

Esperem...terá sido este o Cavaco que permitiu a utilização dos fundos de coesão europeus para comprar mercedes, porsches e ferraris, quintas no Douro e montes no Alentejo pelos seus correlegionários?

De certeza que foi este o Cavaco que destruiu a nossa frota de pesca e a nossa agricultura, deixando tudo ao abandono e milhares de pessoas na miséria.
É que pelo menos diz-se que foi este quem contribuiu de forma definitiva para a actual situação da indústria...

Deixa-me ver: Não foi este que quando primeiro ministro saneou meia dúzia de jornalistas?
Exactamente o mesmo que ficou fulo quando um porteiro do Hospital de Faro lhe pediu o BI e acabou despedido passado uma semana?

Como é que ainda assim pessoal de Esquerda em campanha por este Cavaco?
Pessoal que vai votar neste Cavaco?
Não acham que está na altura de dizer basta, de devolver um pouco da pancada que Cavaco nos deu?

Claro que não fica tudo resolvido como por magia se Alegre for eleito, seria desejável que assim fosse mas mágico só o Deco.
É preciso que cada um de nós se empenhe, se comprometa para conseguirmos mudar a situação a que chegou o País.
Com Alegre presidente, obviamente será mais fácil tentar pôr um travão aos governos que aí vêem sejam eles de Sócrates ou de Passos Coelho.

Vamos eleger Alegre e mandar o Cavaco à viola.



PS: Votar em branco é votar Cavaco caro Renato Teixeira.