31 de julho de 2011

ele diz que não há jobs for the boys

Às vezes, alguns excertos valem mais que mil comentários

“A nossa preocupação não é levar para o Governo amigos, colegas ou parentes, mas sim os mais competentes. Isto não é desconfiança sobre o partido, mas sim a confiança que o partido pode dar à sociedade” Passos Coelho. (Fonte)

Caixa Geral de Depósitos

Nogueira Leite (conselheiro nacional do PSD) e Fernandes Thomaz (conselheiro nacional do CDS) terão funções executivas no banco, enquanto que Rebelo de Sousa é não executivo. Rui Machete (ex-presidente do PSD) será vice-Presidente da Mesa da Assembleia-Geral. (Fonte)

Um exemplo Distrital

O deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, denuncia a «partidarização de cargos públicos no distrito de Aveiro» com base em informações que «dão conta da intenção de distribuir os lugares por elementos dos partidos que sustentam o Governo».

Exemplificando, na Administração do Hospital Infante D. Pedro, «a divisão de cargos será entre Miguel Capão Filipe (CDS) e Olinto Ravara (PSD), para a Administração do Porto de Aveiro a intenção será nomear Ulisses Pereira (PSD) e António Pinho (CDS) e para a Direcção do Centro Distrital da Segurança Social o cargo pertencerá ao CDS, para Emília Carvalho.» (Fonte)

30 de julho de 2011

A água é do povo!



Isto numa assembleia municipal extraordinária convocada a partir de uma petição popular.

ao sabor da burguesia..



Cavaco Silva confuso com a mutabilidade tonta dos banqueiros não sabe mesmo o que achar sobre as agências de raiting. Questionado pelo Expresso, e sempre com um bonito ar de resposta, diz ter muita razão quanto à sua mudança de opinião. Quando perguntado Cavaco esclarece: antes devíamos ter em atenção a opiniões das agências de raiting e usá-las como medidores da eficácia das políticas orçamentais e do estado das finanças públicas, agora não devemos, porque a situação é diferente e a Moodys foi injusta com Portugal e com o novo governo. Coerente, até aqui. Contudo, questionado sobre a necessidade de uma agência europeia, Cavaco esclarece, desta vez, que pode ser mais que isso, que estão a ser estudadas possibilidades de não serem tidas em conta as opiniões das agências de raiting, porque os Estados Europeus não podem estar dependentes de três agências Americanas.
O que não se percebe nesta tonto raciocínio é que se a Europa não pode estar dependente de três agência de raiting Americanas, e tem que estudar outras possibilidades, porque é que antes as devíamos ter como vacas sagradas de notação dos Estados?

A conclusão parece-me clara: Cavaco Silva anda com pouco tempo para jantar com os banqueiros Portugueses e não sabe muito bem como se justificar. Nisso a Esquerda é clara: agência de raiting Europeia, pública e independente. Bem diferente do que aí circula: agência de raiting Europeia, privada, dependente dos interesses financeiros.

Défice Colossal

29 de julho de 2011

Moita Flores, Moita Festas ... Moita Fome!!!


Há quem passe fome a 250 euros, outros a 500 euros outros a 2700 euros, é MOITA ...FOME, http://www.ionline.pt/conteudo​/139033-francisco-moita-flores​-ja-estou-tratar-dos-papeis-re​forma (clicar na imagem para aumentar).

China: microblogging revolution

“In the last year, microbloggers, especially Sina and Tencent, have played more and more a major role in coverage, especially breaking news.” Zhan Jiang, professor jornalismo internacional e comunicação



Não, ainda não começou nunhuma revolução que recupere a China para o socialismo. A colossal extorção da mais-valia à sombra da bandeira vermelha e da mão de ferro dos militares-empresários está para continuar, até o impossível voltar a acontecer. Quanto à expressão "microblogging revolution", ela é da autoria do supracitado Zhan Jiang.

Tudo isto vem a propósito da forma como o microblogging fura a censura chinesa, de como factos importantes sobre o acidente com um comboio de alta-velocidade na passada semana foram trazidos a público através desses meios, contra a vontade das autoridades e para seu embaraço.

Não é difícil adivinhar impacto social de posts como estes no microblogging chinês: “I just watched the news on the train crash in Wenzhou, but I feel like I still don’t even know what happened. Nothing is reliable anymore. I feel like I can’t even believe the weather forecast. Is there anything that we can still trust?” (blogger da província de Hubei)


Nada menos que 26 milhões de mensagen davam detalhes do acidente através dos weibos, expressão chinesa usada para nomear os microblogs. Sina Weibo é o mais popular mas conta com um importante rival: Tencent (sobre esta rivalidade no mercado ver: Weibo Wars – Tencent vs.Sina).


Rivalidades do microblogging à parte, este meio está a revelar-se fundamental na luta contra a censura na China. As fugas da livre expressão vai dando frutos: uma ordem dada pelos burocratas do regime aos advogados locais para não aceitarem queixas das famílias das vítimas veio a ser retirada, depois da massiva divulgação dos (assim tornados) indesmentiveis casos (ver mais aqui).

28 de julho de 2011

parem lá um bocadinho de dizer que o ministério da cultura é fixe

sou uma criança muito dada à cultura e, nestes dias de verão, não sei se gosto mais de me estender ao sol a ler a fenomenologia do ser (sartre) ou de ouvir, enquanto bebo uma limonadazinha, os concertos de violino do chopin (ai que não arranjo um link).

no meio da minha indecisão, resta-me agraciar todas as pessoas que votaram no psd e nos concederam tão maravilhoso governo que, apesar de desgostar de forma soberana de cultura, encerra em si mesmo uma meta-cultura digna de fazer corar vasco pulido valente (aquele gajo que chama ignorante a toda a gente). eu não reclamo com quem dá estas ideias e deixo a coisa para quem sabe. certamente, não serei eu (apesar de já ter lido a fenomenologia do ser do sartre e de me deleitar com os concertos de violino do chopin), que nem sequer li a écloga que o aristóteles escreveu sobre o carvalho centenário de pevidém, que jamais pus a vista no epitalâmio que o horácio escreveu sobre o casamento dos meus pais e que sou uma ignorante no que concerne aos motes e às glosas escrit@s pelo antónio lobo antunes no natal de 1947, tinha o rapaz 5 anos, a dizer se precisamos ou não de um ministério da cultura.

deixem a cultura para quem sabe.

27 de julho de 2011

crónica de uma rotina liberalizada


pus as moedas na máquina de bilhetes da cp. tirei o bilhete. olhei à volta enquanto esperava pelo troco. vi a capa do jornal do café do lado. o sedutor semblante de pedro passos coelho iluminou-me a razão. percebi que não havia troco e fui embora com o bolso mais leve. algures no mundo, a gui entendia os meus mais profundos e complexos sentimentos. e isso acalentou-me a alma calejada.

“Capitão Rússia, o Primeiro Governante”

Medvedev e Putin na corrida para candidato a presidência da Federação Russa geram cartazes criativos de autoria anónima.
No referido cartaz, Medvedev surge como uma versão russa do Capitão América (inspirado no filme “Capitão América: o Primeiro Vingador”, que estreia brevemente) e segurando um dos seus objectos preferidos, o iPad. O mesmo artista, anónimo, já elaborou outras campanhas semelhantes. Segundo ele, o cartaz é uma resposta a um outro em que Putin aparecia como o espião James Bond.
Apesar das autoridades se preocuparem em remover rapidamente os seus cartazes, o artista deixa a sua marca. Em http://www.monolog.tv/ (monolog é a assinatura que surge nos cartazes) podem ser vistas outras obras do artista, nomeadamente aquela em que num cartaz com o rosto de Kadafi aparece a inscrição "Proura apartamento".
De facto, se eu tivesse dotes para o desenho, fazia um cartoon com a dança das cadeiras entre os dois. Essa dança recordaria a passagem de Putin de Presidente da Federação, em 2008, para Primeiro-ministro do seu sucessor Medved, contornando o limite de mandatos presidenciais. Situação que não demorou a gerar um bicefalia não somente heráldica (que já existia) mas também política.
Agora que foi superada a limitação constitucional (que apenas fala em mandatos consecutivos), andam nesta disputa da cadeira. Curiosas são as comparações, James Bond, Capitão América... Um destes dias escrevo sobre o Capitão América.

26 de julho de 2011

O segredo é a alma...



A informação é um importante factor de poder - quando esta é secreta, mais ainda. A crescente governamentalização dos serviços secretos é um perigo para a democracia. As recentes notícias que envolvem as secretas, o governo e, até, uma alegada "guerra" entre a Ongoing e o Expresso, são sinal desse perigo. O controlo parlamentar é necessário. (frase do dia, aqui)


Entretanto, secretas à parte, vale a pena ler de um só golpe e do princípio ao fim o artigo do sindicalista e funcionário da RTP Paulo Mendes do qual aqui apenas divulgo uma parte:

O que você deveria saber sobre a RTP, mas a Ongoing não lhe conta:


1º Sabia que todos os países da Europa comunitária e inclusive os Estados Unidos tem serviços públicos de televisão, e que o modelo misto de mercado que existe em Portugal é a regra e não a exeção?

2º - Sabia que o serviço público de televisão prestado pela RTP é não só um dos mais baratos da Europa, é também um dos mais baratos do mundo? Custa cerca de 15 centimos por dia, não por pessoa, mas por contador de luz.

3º Sabia que por esses 15 centimos são emitidos diariamente 8 canais de televisão com programação diferenciada (RTP1, RTP2, RTPN, RTP Memória, RTP África, RTP Internacional, RTP Madeira, RTP Açores) 5 antenas de rádio (Antena 1, Antena 2, Antena 3, RDP África e RDP Internacional), com uma audiência potencial de cerca de 150 milhões de pessoas?

4º Sabia que a RTP possui o maior e melhor arquivo audiovisual do país e um dos melhores do seu género em todo o mundo?

5º Sabia que os trabalhadores da RTP são dos mais produtivos do sector televisivo europeu, recebendo menos salário liquido do que os seus congéneres no privado e que auferindo em média 50% do que os seus colegas europeus?

6º - Sabia que os trabalhadores da RTP não têm aumentos salariais reais desde 2003, sendo os trabalhadores do sector estado os que mais percentual de poder de compra perderam numa década?

7º Sabia que a publicidade da RTP não entra para os seus cofres mas está sim indexada ao pagamento de um empréstimo bancário a um sindicato bancário alemão e holandês, que assumiram o passivo?

8 – Sabia que essa dívida ronda os 600 milhões de euros a um spread baixíssimo, e que este sindicato deseja renegociar o empréstimo à anos?

9 – Sabia que no caso da RTP ficar sem publicidade o accionista Estado teria que assumir o pagamento da dívida, mais juros por inteiro e de imediato?

10 – Sabe que pagará a dádiva de um canal à Ongoing pelo governo de Passos Coelho? Você e vai custar-lhe 600 milhões de euros.

A Justiça é lésbica ... e casou com a Liberdade



No passado dia 24, Nova Iorque tornou-se o sexto Estado norte-americano a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O primeiro casamento no Estado de Nova Iorque, foi entre Kitty Lambert (54 anos) e Cheryl Rudd (53 anos). Foi o primeiro de muitos pois as solicitações já provocaram filas de espera. Havia um número colossal de pessoas à espera desta justa decisão, algumas delas desde há decadas.

A votação não foi esmagadora, longe disso: 33 votos a favor e 29 contra. E a homofobia já está a fazer das suas: os positores à nova lei querem revogá-la por via judicial, com base em argumentos processuais.


Os outros cinco Estados onde o casamento livre é legal são: Connecticut, Iowa, Massachusetts, New Hampshire, Vermont e Washington, D.C.. Na California, a legalização só durou entre 16 de junho e 4 de novembro de 2008, quando em referendo foi aprovada a proibição.


Há ainda o caso peculiar da Tribo Coquille, uma das "domestic dependent nations" reconhecida pelo Governo Federal. Esta tribo decidiu, em 2008, reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo - a votação, neste caso, foi 5 contra 2 no Conselho Tribal. Apesar de a Constituição do Oregon proibir, desde um referendo em 2004, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, Jeni Branting pode escolher casar com Kitzen Branting. Kitzen faz parte do povo Coquille e, por isso, tem direito a casar segundo a sua lei, dado que o estatuto da Tribo é independente do Estado do Oregon.

A nível federal o que vigora é o Defense of Marriage Act, proibição aprovada em 1996 de acordo com a qual nem a lei federal nem nenhum Estado federado pode ser chamado a reconhecer uma união entre pessoas do mesmo sexo celebrada noutro Estado, ou em qualquer outra subdivisão dos Estados Unidos. Desde 2009, decorre o processo que visa revogar o Defense of Marriage Act, substiuindo-o pelo Respect for Marriage Act, o qual não obriga os estados a permitir o casamento livre mas permite que a lei federal reconheça para todos o efeitos legais os casamentos já reconhecidos noutro Estado, tribo ou noutro país.

25 de julho de 2011

Diz que é dos videojogos... e a "nova" xenofobia razoável.






A xenofobia soft já está a criar o seu argumento para o "filme" do autor confesso dos atentados de Oslo: «His rage, fed by video games, may also have been caused by the lack of real debate on the radical changes caused by a multiculturalism.»

Entre outros elementos desse discurso, considero que entrar em contabilidades sobre quem matou mais é vergonhoso: «The thousands and thousands of people murdered by (radical) Islam should weigh heavier than these 92 deaths.» Como se matar uma pessoa não fosse de mais. Justificam-se os crimes com contabilidade de cadaveres? A existência de crimes de fascistas islâmicos justifica que se feche os olhos ao crecimento de uma extrema-direita anti-islâmica na Europa?

Mas neste momento, preocupa-me principalmente a teoria da "xenofobia razoável". É disso que trata a primeira citação, que é aliás uma amostra desse discurso. Uma forma do método polícia-bom/polícia-mau: para evitar a violência subjectiva e sangrenta dos "anti-muçulmanos hard core", há que aplicar uma política anti-muçulmana soft, ou seja, há que aplicar uma violência objectiva/estrutural de barreiras legais à cultura e às pessoas muçulmanas: desde pribições de minaretes na Suiça (rever aqui) às leis anti-imigração selectivas.

Temos de estar atentos e politicamente atuantes, pois ressurge perigosamente uma política da "xenofobia razoável", da mesma linhagem do "anti-semismo razoável" de Robert Brasillach proclamado em 1938:

“Nós nos permitimos aplaudir Charlie Chaplin, um meio judeu, nos cinemas; admirar Proust, outro meio judeu; aplaudir Yehudi Menuhin, um judeu; e a voz de Hitler é carregada por ondas de rádio que receberam seu nome do judeu Hertz (…) Nós não queremos matar ninguém, nem queremos organizar nenhum pogrom. Mas também pensamos que a melhor maneira de conter as sempre imprevisíveis ações do anti-semitismo instintivo é organizar um anti-semitismo razoável.”





23 de julho de 2011

Atentados em Oslo ou o que fazer contra a extrema direita?






O duplo atentado na Noruega chegou a ser atribuído (por impulso do discurso dominante sobre o terrorismo) aos fundamentalistas islâmicos.

Entretanto, os pelo menos 92 mortos (mais de 80 mortos no acampamento de jovens do Partido Trabalhista na ilha de Utoeya e os 7 mortos e 2 feridos do atentado à bomba em Oslo com que a tragédia começou) são atribuídos ao suspeito membro da extrema-direita norueguesa chamado Anders Behring Breivik. Trata-se de um europeu nórdico de 32 anos, fundamentalista cristão, anti-islâmico.

O relatório da polícia de segurança interna da Noruega PST para 2011 assinalava que “um aumento da actividade dos grupos anti-islâmicos pode conduzir a uma mais acentuada polarização e a convulsões, nomeadamente durante ou em ligação a comemorações e manifestações”. Por outro lado, o mesmo relatório sublinhava que a principal ameaça em 2011 para a Noruega “não vem do extremismo cristão, mas sim do muçulmano”. O documento não podia ser mais claro: “Certos extremistas islamistas surgem actualmente cada vez mais orientados a agir a nível internacional e é principalmente este grupo que poderá constituir uma ameaça directa à Noruega”.



Não podemos estar certos sobre as informações que circulam na internet sobre o perfil (de facebook) do referido militante da extrema-direita. Mas o mais relevante, desde já e antes de apurados os factos, é que o crescimento da extrema-direita de carácter nacionalista e anti-islamico é negligenciado e muitas vezes protegido à sombra de uma suposta "tolerância democrática" ao crescimento dos fascismos, ou pelo menos de certos fascismos.



Aos conservadores, liberais e a todos os outros que querem virar a identidade política europeia de anti-fascista para anti-comunista são acontecimentos como este que, infelizmente e com o custo de vidas humanas, vêm provar a necessidade de não esquecermos o legado anti-fascista da Europa. Da esquerda à direita, todas e todos os democratas europeus têm o dever de ser intransigentes na defesa da democracia e não permitir a organização política dos fascismos, independentemente das religiões e nacionalismos a que se associem.

21 de julho de 2011

Karl Marx idea of Alienation



Um modo interessante de apresentar a questão. Falta a parte do para além do diagnóstico... Mas é um bom começo!!

19 de julho de 2011

«Sá Carneiro visto pelos outros» (Hoje, 19h)

Centro de Congressos da Alfândega Porto 19h

"Os outros" somos nós. Neste caso, um dos adeusleninistas, este que vos escreve, vai participar em conjunto com outros blogers num debate organizado pelo Instituto Sá Carneiro. Sim, leram bem. E não, ninguém alaranjou. A ideia é apresentar um olhar diferente, no meu caso concreto, o olhar de um marxista sobre Sá Carneiro.


[transmissão às 19h - caso de falha usar link]

Por ocasião da celebração do aniversário do nascimento de Sá Carneiro, o Instituto Francisco Sá Carneiro organiza uma tertúlia – debate sob o tema «Sá Carneiro visto pelos outros», que irá ter lugar no Centro de Congressos da Alfândega, no Porto, pelas 19 horas do dia 19 de Julho.

Qual a importância do legado pessoal e político de Francisco Sá Carneiro? Como o vêem hoje os que não pertencem à sua familia ideológica? Ou será que a dimensão de estadista e homem ultrapassa as fonteiras da ideologia?

Para conversar sobre este assunto estarão presentes no Centro de Congressos alguns representantes de conhecidos blogues de esquerda: Ricardo Santos Pinto (5 Dias), António José Maria Teixeira (Aventar). Bruno Góis (Adeus Lenine), Tiago Barbosa Ribeiro (Kontratempos, Metapolítica, Blog De Esquerda, Simplex) e Tomás Vasques (Hoje Há Conquilhas).A moderação estará a cargo de Filipe Caetano (do programa Combate de Blogues, TVI24).

A entrada é livre, embora por confirmação através do número 963116001 (Alexandra Stilwell).

17 de julho de 2011

muda-se o governo, ficam as maldades

O programa do Governo para a educação vem apresentar objectivos que nos irão remeter para uma castração completa concernente à qualidade da escola pública. Sob a capa falaciosa da mudança, o Governo vem perpetuar o que já de tão inconcebível começou a ser feito por Maria de Lurdes Rodrigues e que foi seguido por Isabel Alçada (a avaliação do desempenho das escolas é só um dos tristes exemplos).

O memorando da troika prevê um corte de cerca de 400 milhões de euros, que se irá traduzir:

- em mais agrupamentos que terão a sua direcção estratosférica e afastada da comunicada escolar:

- numa redução drástica de pessoal, o que irá também significar que o perene desejo de que as turmas sejam mais pequenas e de que cada docente tenha menos alun@s continuará a não ser mais do que um desejo.

Esta poupança vem, por isso, sobrecarregar docentes e distanciar @s estudantes de um ensino mais eficaz, ainda que uma retórica razoável tente fazer com que acreditemos que tudo irá correr às mil maravilhas. Quanto a mim, ainda estou para perceber o que será exactamente a "garantia de oportunidades, baseada no mérito, no acesso ao ensino superior".

A ideia da examocracia aparece-nos, mais uma vez, como ideia salvadora e de exigência, fechando os olhos ao facilitismo que é “examinar para excluir” (MES), aumentando as explicações privadas e transformando as escolas em campos de treino para os exames, o que significa deixar à margem uma parte da matéria que devia ser transmitida decentemente. Como se não bastasse, as notas d@s alun@s continuarão a pesar na avaliação d@s docentes.

O programa do Governo fala-nos ainda "do aumento da produtividade do sistema, através duma gestão mais eficiente". Algo me diz que isto nos remete para as ledas histórias de regimes fundacionais sobre as quais, não me querendo repetir, deixo os links para isto e isto.

No meio disto tudo, importa salientar os dois caminhos possíveis: o da falácia ou o da construção de uma escola pública de qualidade. O novo Governo já escolheu o seu caminho facilitista, embriagado em falsas lógicas de competitividade e exigência. Resta-nos a alternativa.

15 de julho de 2011

Cristãos novos


Agora que a "pimenta chegou ao nariz da banca" é que vai ser "malhar" nas agências de rating. Não tenho os dons do professor Bambo, mas tenho para mim que a SICN, RTPN e TVI24 não vão perder a vergonha e vão convidar para comentar o estado "modo entulho" da banca portuguesa, o Medina Carreira, o Nicolau Santos e o Silva Lopes. Se assim for, é vigiar as casas deles... Os livros deste senhor vão passar a servir de acendalhas... Ou não.

14 de julho de 2011

O fim da democracia em cuecas?




"Jardim proíbe parlamento e governo regionais de receberem Comissão Nacional de Eleições: A Assembleia Legislativa da Madeira o governo regional o PSD M e o Jornal da Madeira estão proibidos de receber a Comissão Nacional de Eleições que se desloca ao Funchal na próxima semana para como em anteriores escrutínios fazer contactos preparativos para as eleições re
gionais de Outubro" (diz o Público de hoje na sua edição impressa).

Será isto o fim da democracia em cuecas? Ou será que a democracia ainda está por começar, na Madeira?

Moody´s

12 de julho de 2011

AAA-merican dream




A dívida americAAAna já vai nos 14,294 biliões de dólares e o défice caminha para 1,6 biliões. Como se não bastassem as guerras cambiais e as outras, o governo do Nobel da Paz Barack Obama é acusado pela Human Rights Watch de não investigar "atos de tortura e outros maus-tratos dos detidos".

Para além deste dream e do pesadelo chinês, venha OUTRA Europa e escolha.

(foto tirada no Largo do Rato)





11 de julho de 2011

o espírito dos tempos


Cavaco manda as agências de rating estudar, Passos Coelho menospreza-as e o Presidente do Conselho Europeu reúne "gabinete de guerra" com medo do risco de incumprimento de Espanha e Itália.

Os deuses devem estar loucos grita-se por aí.

As relações burguesas de produção e de intercâmbio, as relações de propriedade burguesas, a sociedade burguesa moderna que desencadeou meios tão poderosos de produção e de intercâmbio, assemelha-se ao feiticeiro que já não consegue dominar as forças subterrâneas que invocara.
Marx, Karl

10 de julho de 2011

Antes pelo contrário


Ouvi dizer que há por aí uma corrente do Bloco que se reuniu de propósito hoje para chegar à conclusão que já não faz sentido existir e deve, por isso, acabar. Mais: dizem que a bem da democracia interna do Bloco, todas as restantes correntes deveriam seguir o mesmo caminho. Sobra-me a dúvida: será essa pretenção, tomada no seio de uma das correntes, democraticamente legítima em relação às restantes? Estará encontrada a corrente vanguarda das bases do Bloco de Esquerda?

7 de julho de 2011

Sobre o orgulho LGBT...




No próximo sábado, realiza-se a sexta marcha do orgulho LGBT do Porto, a terceira marcha do género este ano em Portugal. Ao mesmo tempo, há quem não considere que esta é uma manifestação oportuna e questione a legitimidade do termo “orgulho”. Sugiro a leitura do artigo da Érica Almeida Postiço sobre Orgulho LGBT.

6 de julho de 2011

Há que varrer o lixo



Somos explorados no trabalho, e não só
Também somos o lixo
Lixo na tê-vê, quem lá está e quem vê
Lixo no jornal, voz do seu capital
Estamos entregues aos bichos
E o lixo produz mais lixo
E o tempo a passar
E eu a cantar
Eu também faço parte do lixo

Há quem viva bem do nosso mal-viver
Nós somos lixo
Somos só lixo
Já não há gente, há só lixo
Dispensável, descartável, reciclável
E agora parem um minuto p'ra pensar

Há que humanizar a humanidade, e não só
Há que varrer o lixo
O do Capital, que é o lixo global
O lixo do Estado, que é o seu braço armado
O mundo é de quem manda
E o resto é propaganda

Tudo é publicidade
Mas a liberdade
É escolher entre ser ou estar

Tens a boca cheia de palavras lindas
P'ra ti sou lixo
Somos só lixo
Nós não somos gente, somos lixo
Dispensável, descartável, reciclável
Mas vou parar mais um minuto p'ra pensar

Vamos a casa
Ao fim do dia
Só p'ra regenerar a mais-valia
Ganhar forças, fazer filhos
Cada um no seu caixote
E amanhã tomar o bote
Para o paraíso dos cadilhos

Quem é o lixo
Eles são o lixo do corpo e da alma
Como é que se pode ter calma
P'ra varrer este monturo
Dos escombros do futuro

Lixo

Carlos Moedas, ao seu dispor.



Dedicado ao Fernando Pessa


Aos 42 anos ainda vai um burocrata na sua primeira juventude. Carlos Moedas é o mais jovem entre os juvenis homens de confiança de Passos Coelho. Um Secretário de Estado adjunto do Primeiro-Ministro na primeira e ascendente curva da vida política que vale a pena conhecer.

Diz que os melhores anos da sua vida foram passados na Harvard Business School, o ninho dos gestores de elite da economia mundial, para onde foi depois de uma passagem pela gigante francesa Suez-Lyonnaise des Eaux, empresa que abocanhou boa parte das privatizações de águas públicas na Europa, sudeste asiático e América latina. A passagem por Boston rendeu-lhe as boas graças da Goldman Sachs, sim a mesma Goldman Sachs que já nessa altura emitia lixo financeiro a partir da especulação imobiliária, contribuindo com a sua parcela da crise financeira de 2007/2008, Carlos Moedas rumou a Londres para trabalhar em… “aquisições e fusões na área imobiliária”, António Borges foi seu conselheiro e companheiro de jornada. O bom trabalho valeu-lhe a transferência para o Eurohypo Investment Bank (Grupo Deutsche Bank), onde contribuiu com o seu saber na aquisição da imobiliária sueca Tornet pelo Grupo Lehman Brothers, sim esse mesmo.

Um fôlego para recuperar e continuemos a jornada do Moedas. Em 2004 volta a Portugal e aqui ocupa o cargo de director geral da Aguirre Newman, empresa de consultoria imobiliária que determina boa parte do mercado português. O futuro Secretário de Estado aprende rápido e o seu conhecimento da mecânica imobiliária vale-lhe nada mais que um padrinho chamado Grupo Carlyle, o império do armamento e petróleo (o mesmo grupo a quem Durão Barroso ofereceu 45% da Galp em 2004), que fez a Moedas uma proposta que ele não pôde recusar. Sai da Aguirre Newman e lança, em Novembro de 2008, o Crimson Investment Management, com a ajuda e participação dos seus amigos Miguel Pais do Amaral, João Brion Sanches (Norfin), Filipe de Button (Logoplaste) e o agora Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas. Segundo o próprio Moedas a aventura começou quando o Grupo Carlyle “decidiu assinar connosco um contrato de exclusividade para procedermos à procura e á gestão dos activos que eles futuramente irão deter em Portugal através do seu fundo número 3”. E o Grupo Carlyle confirma, lembrando que já possui parte do Freeport em Alcochete.

Depois desta odisseia pelos mares do capital mundial, Carlos Moedas julgou que era altura de dispor o seu saber ao serviço do país. Filiou-se no PSD assim que soou a derrota de Manuela Ferreira Leite e se ouviu o afiar das facas, apostou num cavalo errado chamado Paulo Rangel mas rapidamente percebeu que o Passos é que era.

Passado pouco mais de um ano, Carlos Moedas decide, sentado a uma mesa com a Troika, a nossa vida. E esta heim?

5 de julho de 2011

Lei contra a precariedade:: 10 mil assinaturas

Porque a precariedade não é inevitável, lutamos por uma solução concreta. Com o contacto na rua, em vários pontos do país, chegámos já às 10 mil assinaturas! Estamos mais perto das 35 mil assinaturas necessárias para que esta Iniciativa Legislativa de Cidadãos possa ser entregue na Assembleia da República. Contamos contigo: assina, divulga, recolhe!

Os adoráveis critérios do Prós e Contras



O prós e contras sempre nos habitou a peculiares critérios de selecção de oradores, fosse qual fosse o tema, mas acho que hoje bateram de longe os recordes.

O programa apresenta-se como sendo "tão abrangente quanto é permitido em televisão" e acho que foi à luz desse critério que convidaram Fernando Santos (sim é mesmo o treinador de futebol) para falar à esquerda sobre o tema "Questão da Dívida".

Bem sei que exerce a profissão na Grécia e que deu uma entrevista do DE mas por amor de deus e sem qualquer desprimor pela pessoa em questão, não havia mais ninguém? Nem um estudante de Erasmus?

Escusado será dizer que o mesmo critério não foi seguido na bancada de palestrantes de direita.

A pluralidade opinativa nos media dominantes já é um significativo eucaliptal, a televisão pública deveria reger-se por outros critérios ou pelo menos tentar não dar nas vistas desta maneira.

4 de julho de 2011

MANIFESTO MOP 2011

Há 42 anos que se assiste por todo mundo a manifestações de pessoas que, inseridas numa comunidade ou sociedade, se vêem constantemente colocadas em segundo plano como se não pertencessem à mesma e para ela não contribuíssem.

Em pleno séc. XXI, é tempo de dizer basta! Não queremos isto para nós, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgéneros, interssexuais e heterossexuais. Não queremos uma sociedade opressora, não queremos olhar para o lado.

A Marcha do Orgulho LGBT no Porto está pela 6ª vez na rua para dar voz a quem não a tem, para mostrar o que alguns não querem ver.

Já era altura da Marcha ser sobretudo de celebração da igualdade.

Não aceitamos uma lei que, apesar de nos permitir apresentar a nossa verdadeira identidade num documento, simultaneamente nos cataloga como doentes.

Não aceitamos que uma desejada cirurgia de reassignação de sexo continue dependente do aval feudal da Ordem dos Médicos.

Exigimos que os diversos núcleos familiares não sejam restringidos por políticas governamentais claramente desadequadas e desajustadas.

Exigimos a abolição de preconceitos no que concerne ao acesso à parentalidade por familias não heteronormativas.

Apesar do fim da discriminação na doação de sangue por parte dos homens que têm sexo com outros homens; apesar do fim do impedimento ao casamento entre pessoas do mesmo sexo; apesar de finalmente existir um esboço de uma lei de Identidade de Género, ainda há um longo caminho a percorrer na defesa de direitos essenciais, no combate ao estigma, ao preconceito e à exclusão.

Rejeitamos que arbitrariedades com base no racismo, na xenofobia, na desigualdade de géneros, na LGBTfobia continuem a ser socialmente toleradas.

Abraçamos uma educação sexual que aborde diferentes sexualidades, capaz de mostrar aos nossos filhos e filhas a diversidade de emoções e afectos.

Abraçamos uma sociedade verdadeiramente inclusiva de todos os seus cidadãos e cidadãs, sem lhes impôr um prazo de validade de relacionamentos, emoções e afectos.

Não podemos deixar de vir à rua manifestar o nosso orgulho, exigindo nada menos que o reconhecimento dos nossos direitos, independente da NOSSA orientação sexual, da NOSSA Identidade de Género, do NOSSO sexo, da Nossa Idade, da NOSSA etnia, das NOSSAS convicções religiosas e da NOSSA condição social.

REJEITAMOS a hipocrisia e a tacanhez. REJEITAMOS o preconceito e a violência. REJEITAMOS a austeridade.

ABRAÇAMOS a igualdade!

contagem decrescente

adeus, fernando!

já só faltam 104 do PSD e 24 do CDS.

estamos perto. já faltou mais.

Classe Média

Já vem com algum atraso mas não podia deixar de partilhar uma magistral resposta ao inacreditável artigo de José António Saraiva no Sol.

CLASSE MÉDIA

Camarada Van Zeller, apesar dos meus 485€ de base, estou numa de classe média à la Saraiva. Esta opção acarreta uma clara intenção filantrópica. Quero ajudar a pagar a factura da crise. A minha postura, neste momento, é a do guerreiro samurai contra ventos e tempestades. Sangue, suor e lágrimas, caro Van Zeller. É isso que sinto nos meus concidadãos, e é esse sentimento que pretendo trazer ao meu coração. Se for para pagar a factura da crise, até um patrão gordo e ignóbil eu aguento. Que remédio! Aceite-me ele a mim, explorado ou não. O que importa é ajudar o país, pois mais importante que a felicidade dos indivíduos é a alegria da nação. Não só deixarei de viajar em executiva como deixarei de viajar "tout court", que é uma forma de viajar muito mais económica e igualmente espiritual. Tal como o bom mestre Saraiva, também eu julgo que os patrões de hoje «são quase sempre pessoas que subiram a pulso, que trabalharam no duro, que tiveram a coragem de arriscar e investir, que criam emprego, que sofrem quando se aproxima o dia de pagar aos trabalhadores e aos fornecedores». Não sei se o Rui Pedro Soares, o Jorge Coelho, o Armando Vara, o Valentim Loureiro, a Fátima Felgueiras, o Dias Loureiro, o Ângelo Correia, o Santana, o Pereira Coelho, o próprio Saraiva, o Abel Pinheiro, o sucateiro, o Diogo Vaz Guedes, o Ferreira do Amaral, o Pina Moura, o Júdice das advocacias, o Teixeira Pinto, o Oliveira do BPN, enfim, todo esse rol de goodfellas, são patrões ou não, mas encaixam no perfil como o parafuso na porca. É tudo gente que cria riqueza, diria mesmo gente que gera a riqueza que serve para pagar aos inúteis energúmenos dos juízes, polícias e militares. De resto, estou convencido de que um governo só poderá ser levado a sério quando começar a pensar a sério na privatização da justiça. Entregue-se a justiça a quem gera riqueza, ilibem-se os bons criminosos, os bons vigaristas, os bons aldrabões em prol da saúde económica da nação. Por mim, estou preparado para aguentar todos os esforços. Se for preciso, torturem-me. O que eu quero, o que eu desejo, aquilo porque anseio é apenas uma só coisa: a estabilidade dos mercados, a pacificação da especulação financeira, a boa saúde da economia. Que se esfolem, torturem, matem, que se escravizem, que trabalhe até ao último pingo de suor essa canalha, esse gado a que alguns, por clara ingenuidade, insistem em classificar de povo. Essa gente mais não é do que o vírus da nação enquanto a frugalidade não os tornar na aspirina dos mercados. Já eu, no meu palanque de classe média, estou disposto a não desperdiçar nem mais uma espinha quando for comer a restaurantes, ainda que já muito raramente o faça. O bom Saraiva diz tudo quando revela a tragédia dos números: «numa empresa como o SOL, por cada empregado que leva para casa 1.390 euros, a empresa tem de desembolsar 2.300». A pergunta é simples: sendo assim, como sobrevive o Sol? Eis a resposta: tem ao volante um Saraiva que ao beber café não desperdiça o açúcar branco, o açúcar escuro, o adoçante e o pau de canela. Mistura tudo numa perfeita simbiose de cafeína, emborca a mistela e arrota para o ar a prosa da semana. Só gostávamos de saber onde vai o bom homem beber café? E não necessariamente para aí desperdiçarmos parte dos nossos 485€ de base, mas para sacar do lixo, mais que não fosse, o pauzito de canela. Mas eu vou mais longe, não me limito a substituir a água Vittel pela do Luso. Recorro directamente a boa água del Cano. Entre Heineken e Sagres, há sempre uma Cergal a sorrir para mim. Quanto a vinhos, o Chandon do Cartaxo é a mais justa das opções. Em nome da crise e das suas facturas. Tabaquinho, só de enrolar. Ou barba de milho. Fatos não visto, mas já substituí toda a indumentária. Limito-me à farda fornecida pelo bom patrão. Aos domingos, lá ponho uma camisita comprada nos ciganos e a boa ganga do mercado de Santana. Tenho um par de sapatos para o ano inteiro. Compro-os sempre no Inverno. Chegados ao verão, têm buracos. Mas não importa, faz de conta que é ar condicionado. Os pés respiram melhor. Há muito que optei por férias cá dentro. Tão dentro, tão dentro, tão dentro, que raramente saio de casa. Os aeroportos são, sem dúvida, um risco desnecessário e um incómodo evitável. Sobretudo para quem lhes pode sentir o cheiro. Nunca tive, nem sei o que é, um Mercedes E, um Mercedes C, Audi 6 ou um Audi 4, mas desde 1999 que tenho o mesmo e bom velho Ibiza. Não me incomodam os seus soluços nem a falta de ar condicionado. É para isso que servem os vidros e, em nome da crise, não há cá calores que justifiquem luxos. Aos hotéis, prefiro a tenda de campismo. Enfim, sigo, na linha do bom Saraiva, os meus próprios princípios de frugalidade. Diga-se também que só uma vez na vida comprei o Sol. Seria um desperdício inconcebível gastar dinheiro com as merdas que o Saraiva escreve.

aqui
http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2011/07/classe-media.html

Fernando Nobre

2 de julho de 2011

Filosofia à riba Tejo





"(...) Tenho por isso, Zé, de te dedicar em bom francês este trecho de crónica: Je ne croi pas du tout, mom petit rien, que tu sois capable d'entendre l'acceptable minimum d'un Althusser, d'un Greimas, d'un Foucault, d'un Camus, d'un Kierkegaard, d'un Shopenhauer, d'un Nietzsche, d'un Marx, ou même d'un Tony Carreira version camembert tipo serra-da-estrela. Sais-tu pouquoi, pá?

Parce que, la-haut, à Paris, on n'achève jamais des cours au dimanche, que é como que diz ao domingo."

Daniel Abrunheiro, "Dito com os nervos", Rosário breve, O Ribatejo, 30 de junho de 2011


Dedicado a um Zé da Rosa que fugiu cá da aldeia. Sobre este mesmo assunto, que não é novo mas não podemos esquecer, teve razão também RAP em idagnar-se: "Era o que faltava. Obriguem-no a aguentar as medidas da troika até ao fim. Só pode sair do País quando o memorando estiver cumprido."

Cenas do Socialismo Real! A flor do parlamento.







1 de julho de 2011

A primavera da maioria de direita

A primavera de entusiasmo da nova maioria de direita durou até ao dia de ontem, o programa de governo ainda não tinha sido sufragado já a desilusão marchava entre os groupies do governo, exemplo disso são estes dois belos textos do Insurgente e do Blasfémias.

Bem sabemos que o imposto extraordinário sobre o subsídio natal é um acto patriótico e de suprema necessidade para o saneamento das contas públicas, fruto dos dados da execução orçamental revelados pelo INE na quarta-feira transacta. Não podia ser de outra forma, ou não fosse o guarda-chuva da pátria o eterno abrigo da violação dos contratos eleitor-eleito, ou a capa do semanário SOL revelar que este corte já estava previsto e pensado por Passos Coelho.

E como é óbvio, a feroz oposição aos PEC's por parte do CDS/PP, o chumbo ao PEC 4 por parte do PSD e a promessa de Pedro Passos Coelho no dia 1 de Abril em não aumentar os impostos, já andam por mares nunca antes navegados.

De traição à tradição a direita portuguesa não pode ser acusada, cumpre o dia das mentiras à risca e contradiz os preceitos do seu programa eleitoral logo nos primeiros dias em frente ao executivo.

Ficámos igualmente a saber que a retenção do subsídio de Natal será superior para os que auferem menos:

Sub Natal Imposto Tx anual Var tx anual
500 7,5 0,11
1000 257,5 1,84 1,73
2000 757,5 2,71 0,87Link
3000 1257,5 2,99 0,29
4000 1757,5 3,14 0,14
5000 2257,5 3,23 0,09
6000 2757,5 3,28 0,05

Quem desenhou isto? O imposto mais regressivo da época. Bem sei que O IVA também é, e que conta muito como o dinheiro é (foi) gasto. Mas, mesmo assim.

Explico: a primeira coluna é o subsídio; a segunda é o imposto em euros; a terceira é imposto em percentagem do salário anual (i.e. imposto a dividir por subsídio de natal - com n pequeno - x 14); a quarta é a variação dessa taxa, que se aproxima de zero à medida que o rendimento sobe...

(via Pedro Lains)

Bem podem Rui Machete e Paulo Portas apelar ao acordo social e fazer guerra preventiva à contestação, mas quem fez a transferência de Atenas para Lisboa foram os assinantes do acordo da troika.