Obama está preocupado com os gastos militares dos seus parceiros europeus. Está preocupado em saber com quem vai fazer este e futuros afeganistões. Sozinho sai muito caro. Os gastos militares nos EUA são uma espécie de investimento público na economia, empregam largos milhares de pessoas e alimentam sectores essenciais do capitalismo americano. No entanto, há cada vez mais desempregados a interrogarem-se o porquê destes fundos públicos não serem aplicados com outros propósitos. A juntar a isto, há cada vez mais gente que não percebe o que é que os americanos continuam a fazer no Afeganistão. Obama perdeu apoio popular, perdeu a guerra na sociedade americana. O Iraque já lhes chegou, o povo americano está a ficar saturado.
Estes são os custos financeiros e políticos da guerra, e a razão pela qual Obama precisa de parceiros para o festival bélico. À Administração norte-americana parece-lhe que os europeus estão com o pé demasiado fora, que lhes falta empenho na aliança atlântica e no Afeganistão. Ora, os americanos tendem a avaliar a qualidade dos seus aliados de acordo com o empenho que estes demonstram ter nos interesses que consideram ser primários. E os europeus estão muito pouco interessados no Afeganistão, muito menos os europeus ricos.
Para o Presidente americano, o investimento europeu na defesa significa maior empenho na NATO, mais reconhecimento político e mais recursos para a Aliança.
Por outro lado, soubemos agora que a França está preocupada em que a Europa se esteja a transformar numa “jarra” na política mundial (muito importante para a fotografia mas que na verdade não manda nada). E tem razões para isso. A crise caiu na Europa como uma bomba e a recuperação está adiada para as calendas gregas. Uma Europa fragilizada economicamente perde peso no xadrez mundial face a uma China poderosa ou um Brasil em ascensão.
Para a França, uma Europa-Potência significa dar cartas na política mundial através da força militar, ou seja, reforçar o peso da Europa na Nato. É preciso gastar mais. E com isso Obama está de acordo (para partilhar custos).
Não quer perceber o governo francês que a Europa é menos potência hoje, não porque gasta menos em armas para guerras inúteis, mas porque não sabe ir à guerra pelos seus vizinhos contra os especuladores e a alta finança em nome da solidariedade europeia. Porque não quer ir à guerra pelos seus povos, defendendo o Estado Social e uma verdadeira democracia europeia.
Os submarinos não nos tornam mais potência nem mais seguros, tornam-nos apenas mais pobres. O povo europeu sabe bem fazer esta conta. E se os governos europeus, cada vez mais à direita, insistirem neste combate ao lado da alta finança e dos senhores das armas contra os seus povos, a guerra será outra.
Publicado no esquerda.net
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