29 de setembro de 2011

Os 10 anos de moralismo por Michael Seufert

É conhecido o moralismo do CDS e da JP sempre que se fala de Ensino em Portugal, abordado o tema fazem por o tornar sinônimo de disciplina, autoridade, rigor e mérito. Como não podia deixar de ser, bateram-se no passado pelas prescrições no Ensino Superior Público e no presente por um regulamento de Bolsas de Estudo que obriga os candidatos a um aproveitamento escolar de 60%.

Não deixa de ser curioso que o responsável pela pasta da bancada parlamentar do referido partido e Presidente da Juventude Popular Michael Seufert esteja matriculado há 10 anos no mesmo curso.

26 de setembro de 2011

Crueldade Institucionalizada


Os estudantes das Residências Universitárias dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (RU-SASUC) foram hoje surpreendidos com um email enviado pelos SASUC a solicitar o pagamento da renda referente ao mês de Setembro de 2011 no prazo de 23 a 30 deste mês, pagamento esse a ser efectuado mesmo por bolseiros ou candidatos a essa condição.


Há 5 anos que sou estudante e bolseiro da Universidade de Coimbra e nunca se tinha chegado tão longe na insensibilidade e crueldade social. Por culpa do atraso do governo na publicação do novo regulamento de bolsas e das respectivas normas técnicas, os estudantes bolseiros não só serão obrigados a sobreviver durante este mês sem a sua bolsa de estudo, como serão impelidos a pagar uma renda no valor de 72 Euros. Apetece perguntar: Com que dinheiro? Acresce que,ao tudo indica esta situação não se resolverá nos próximos meses, pelo que os estudantes das RU-SASUC pelo menos até meados do próximo ano, mesmo não recebendo a bolsa de estudo, nalguns casos fundamental para a sua vida académica, terão de pagar mês após mês 72 Euros da renda da sua Residência.


O aumento do preço do prato social (sem o correspectivo acréscimo da sua qualidade), da renda das Residências (sem que em alguns casos se procedam a melhoramentos essenciais nas infra-estruturas), da permanência do modelo persecutório de Caução e do seu aumento sistemático, configuram decisões graves na gestão dos SASUC, mas em nenhum momento pude imaginar que chegaríamos a esta situação.

Os estudantes, em particular os mais afectados, devem tomar uma posição rápida e de força que consiga forçar os SASUC a reconsiderar a sua posição. Os representantes estudantis devem provar se estão ou não à altura dos cargos que ocupam, ainda que muita da responsabilidade desta situação seja sua pelas constantes cedências em direitos fundamentais dos estudantes e em alguns casos pelo completo desconhecimento e impreparação que revelam nestas questões.


Os estudantes, por seu lado, deverão reflectir se neste momento lhes resta muito mais a perder e decidir se este é ou não o momento de tomar o seu destino nas suas mãos, defendendo intransigentemente os direitos que historicamente conquistaram…


A palavra é deles e o futuro também pode ser.

24 de setembro de 2011

E depois do adeus... ?



Como compositor, José Niza deu-nos umas das senhas do 25 de Abril. Como médico e militante de esquerda foi um importante activista da criação do Serviço Nacional de Saúde. Hoje, "depois do adeus", continua a luta pela defesa de todas as conquistas democráticas, nomeadamente do SNS como trincheira avançada do progresso social.


(também publicado aqui)

22 de setembro de 2011

A forma (ainda) mais fácil de despedir


A ordem neste momento é clara. Despedir.

O nosso belo Governo tem a tomada de posição que já todos sabíamos ir acontecer, toda e qualquer pessoa pode ser despedida de qualquer forma e com a justificação que o patrão achar mais adequada, mesmo não sendo verdadeira. A quebra na produtividade passa a ser um dos critérios através dos quais um patrão pode despedir, o que levanta a questão sobre o que é a produtividade. Poderá um trabalhador produzir o que lhe é exigido, se o exigido for mais do que ele conseguir? Estará já a quebrar a produtividade? Estará aquém dos objectivos?

Esta proposta traz no bico a tão esperada liberalização dos despedimentos e do trabalho, já vinha à muito a ser anunciada esta medida, mas só agora existe a tentativa de ela ser concretizada. Liberalização esta que prevê a existência de bancos de horas individuais e o pagamento pela metade das horas extraordinárias, não deveriam estas ser mais bem pagas por serem isso mesmo, extraordinárias? A liberalização já vai vai lá tão alto que agora se quer pagar menos por um trabalhador trabalhar mais, o ridículo da situação chega a ser tanto que até se pondera uma redução do subsidio de desemprego e o tempo de atribuição deste.

É de lembrar em primeiro lugar que o subsidio de desemprego, e ao contrário do que muitos querem fazer parecer não é uma esmola, é direito que foi conquistado pelos trabalhadores. A jornada de trabalho em Portugal é, legalmente, de oito horas por dia, já não basta serem mal pagas na grande maioria dos casos como ainda querem reduzir os custos do trabalho nas horas a mais que os trabalhadores fazem.

É tempo de fazer contestação, de unir trabalhadores a recibos verdes, precários, desempregados e todos os que se queiram juntar para mostrar que no trabalho existem direitos e que é por esses direitos que devemos lutar.

Espelho, espelho meu, existe partido mais esquizofrénico do que o meu?


  • "Vamos preparar até ao final de Dezembro de 2011, uma proposta que visa introduzir ajustamentos aos casos de despedimento individual com justa causa."
Partido Socialista, carta à troika - 17 de Maio de 2011.

  • “O PS não aceitará fintas legislativas ao princípio do despedimento sem justa causa”
Partido Socialista - 22 de Setembro de 2011.


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  • "Uma taxação sobre a electricidade será introduzida a partir de Janeiro de 2012."

    Partido Socialista, carta à troika - 17 de Maio de 2011.


  • PS quer esclarecimentos sobre "aumento brutal" no gás e electricidade.
Público - 12 de Agosto de 2011.


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  • "De forma a promover reajustes salariais em linha com a produtividade a nível da empresa iremos: (i) permitir que os conselhos de trabalho negoceiem condições de mobilidade e do tempo de trabalho, (ii) redução do limite abaixo do qual as comissões de trabalhadores ou trabalhadores de outras organizações não pode celebrar acordos colectivos de trabalho para 250 empregados por empresa, e (iii) incluir nos acordos colectivos sectoriais as condições em que os conselhos podem independentemente concluir acordos colectivos de trabalho a nível de empresa."
Partido Socialista, carta à troika - 17 de Maio de 2011.

  • Melhoraremos a relação com o mundo laboral. Manteremos um diálogo constante comos sindicatos, respeitando a sua independência, e incentivaremos a dinamização do papel da Tendência Sindical Socialista. Queremos um partido próximo dos trabalhadores. Mais activo na sociedade e menos fechado nos gabinetes ou nas estruturas orgânicas e funcionais. O PS deve assumir o mundo do trabalho. Não pode ser só o partido da classe média.
Partido Socialista, moção aprovada no XVIII congresso - 10 de Setembro de 2011.

21 de setembro de 2011

Festa Concentração :: Lei Contra a Precariedade


Nos próximos dias 23 e 24 de Setembro os organizadores da Lei Contra a Precariedade (que já conta com 23 mil assinaturas) lançam um debate público inédito sobre este tema com debates com Carvalho da Silva (CGTP), Elísio Estanque (CES), Guadalupe Simões (Sind. Enfermeiros) e membros do M12M, Precários Inflexíveis, FERVE e Intermitentes do Espectáculo e Audiovisual.


Será uma grande iniciativa de cultura, debate, concertos, festa e... combate para acabar com a precariedade

Dia 23/09: (Sede dos Precários Inflexíveis)
19h - Exposição sobre a Lei Contra a Precariedade
20h - Jantar convívio
21h - Debate: "Lei Contra a Precariedade: Uma solução concreta" - Com a presença de representantes dos movimentos organizadores
23h - Concerto com "Loucos da Lisboa"

Dia 24/09: (Largo Camões)
16.30h - Concerto "El Sayed"
17h - Debate: "Austeridade, desemprego, precariedade: fazer o combate" com Carvalho da Silva, Elísio Estanque e Guadalupe Simões
19.30h - Concerto com "Caldas Handsaw Massacre"
20h - Jantar e DJ
22h - Mega-recolha de assinaturas pelo Bairro Alto

19 de setembro de 2011

Eu sou livre e tu?


Eis mais um ano volvido e os vampiros vestidos de negro apoderam-se de novo das faculdades, das cantinas, dos espaços públicos em geral, para sugar o sangue fresco que agora chega. É a Universidade transformada numa garraiada humana gigante. É a Universidade em estado de sítio, decretado por um poder oculto, incontrolável e a sem mínima legitimidade. Mesmo a história não pode legitimar atropelos de conquistas civilizacionais que ela própria testemunhou.

"É a tradição, colega!".

Aqueles que só conhecem duas cores, o preto e o branco, gostam de simplificar escolha entre ser contra ou a favor da praxe. Mas a verdadeira questão é: queremos uma democracia plena, com respeito pelas liberdade fundamentais em todos os momentos e para todas as pessoas, ou resignamos-nos com os resquícios de opressão e segregação que a Idade Média ainda deixou nas nossas Universidades?

Tu que entras hoje na faculdade, vais fazer o quê?

15 de setembro de 2011

tod@s contra o desemprego, a precariedade e a instabilidade

Professores e educadores protestam no próximo dia 16, sexta feira, contra o desemprego, a precariedade e a instabilidade que, de forma cada vez mais violenta, se abatem sobre os profissionais, devido a medidas tomadas deliberadamente nesse sentido.

Após as colocações ontem efetuadas pelo MEC, constata-se que, até este momento, o número de docentes atingidos pelo desemprego, este ano, aumenta mais de 8.000 em relação ao ano passado. Nas colocações feitas em 31 de agosto houve uma redução de cerca de 5.000 docentes; no dia 12 de setembro (colocações da designada “primeira bolsa”) foram colocados menos cerca de 3.500 docentes!

Para além do desemprego, continua a verificar-se um processo de precarização da profissão, com os lugares de quadro de milhares de docentes que se aposentaram nos últimos anos a serem preenchidos por docentes a contrato. Assim, mesmo tendo em conta as regras restritivas, impostas para este ano, para a elaboração dos horários dos docentes, cerca de 10.000 lugares preenchidos pela via da contratação, correspondem a necessidades permanentes (e não transitórias) das escolas, pelo que deveriam ter permitido o ingresso de outros tantos docentes nos quadros.

Também os professores dos quadros têm razões de preocupação. Este ano dispararam, como nunca, os “horários zero” nas escolas e a tendência é para que a situação se agrave, pois as imposições dos estrangeiros da troika e as intenções do governo, escritas no documento sobre Estratégia Orçamental 2011-2015, vão nesse sentido. Esta situação de incerteza em relação ao futuro gera um sentimento de grande instabilidade que todos os professores e educadores vivem.

Para protestar contra esta situação e exigir que as escolas se organizem e funcionem adequadamente, podendo contar, nesse sentido, com os docentes que necessitam, a FENPROF promove, no dia 16, sexta feira, protestos descentralizados, nas diversas regiões do país, de acordo com os horários e locais que a seguir se indicam. O Secretário-geral da FENPROF participará na iniciativa prevista para Coimbra.

Horários e locais dos protestos:


NORTE

PORTO: 14.30H Concentração na Av. dos Aliados. “ESCALADA PELO EMPREGO. Vem tomar café connosco e... (re)AGE!”. Reflexão e ação!


REGIÃO CENTRO

COIMBRA: 15.00HConcentração no Largo D. Dinis, desfile para a DREC/MEC. Ação “Os professores não são lixo! Não aceitam ser tratados como tal!”. Desenvolvimento da iniciativa:

15h00 – Concentração no Largo D. Dinis – Universidade de Coimbra

16h00 – Desfile para a DREC/Ministério da Educação e Ciência

16h30 – Plenário junto à DREC/MEC

17h00 – Ação “Os professores não são lixo! Não aceitam ser tratados como tal!”

17h30 – Aprovação e entrega de Moção na DREC/MEC


GRANDE LISBOA

Ação integrando a iniciativa da Interjovem/CGTP-IN na capital: LUTAR CONTRA A PRECARIEDADE E O DESEMPREGO; LUTAR POR TRABALHO DIGNO.

15h00 – Largo Camões, Lisboa.


ZONA SUL

PORTALEGRE: 10.30H – Concentração no Rossio de Portalegre: Tribuna Pública. Convergência com a União de Sindicatos de Portalegre e a Interjovem/CGTP-IN.

ÉVORA: 17.00H – Concentração de Professores e Educadores na sede do SPZS: Tribuna Pública no Largo Luís de Camões. Convergência com a União de Sindicatos de Évora e a Interjovem/CGTP-IN.

BEJA: 10.30H – Concentração junto às Portas de Mértola. Iniciativa conjunta com a União de Sindicatos de Beja e a Interjovem/CGTP-IN.

FARO: 14.30H – Tribuna Pública frente ao Centro de Emprego de Faro. Iniciativa conjunta com a Interjovem/CGTP-IN.


REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

FUNCHAL: 11.00h – Conferência de imprensa na sede do SPM.


O Secretariado Nacional da FENPROF

14/09/2011

12 de setembro de 2011

Salvador Allende, 11 de Setembro

Um documentário:


e o último discurso de Allende, 11 de Setembro de 1973

Seguramente ésta será la última oportunidad en que pueda dirigirme a ustedes.

Lúcidos do mundo, uni-vos.



Rebater os escritos do Daniel Oliveira vai se tornando um exercício um pouco batido, mas uma parte deste seu texto torna apetecível arriscar a empreitada mais uma vez. Diz o DO:
"Qualquer alternativa que tenha na criação de emprego, no crescimento económico e na defesa do Estado Social os seus principais objetivos terá de acontecer à esquerda. E acontecendo à esquerda terá, pelo menos no cenário político previsível para os próximos anos, de contar com Partido Socialista. Querer fazer, à esquerda do PS, a fronteira dessa alternativa pode parecer lógico para muitos que, legitimamente, se cansaram de tantas vezes se sentirem desiludidos pelas guinadas ieológicas dos socialistas quando estão no poder e na oposição, mas é uma opção derrotada à partida. Pelo contrário, só a exigência que o PS cumpra aquele que deveria ser o seu papel histórico é uma atitude lúcida."

Portanto, aos desiludidos das guinadas do PS (já agora quais são? de Sampaio?Guterres? Ferro Rodrigues?) ao longo de 35 anos devemos contrapor a união dos clarividentes, dos lúcidos que percebem que a missão histórica do PS é a criação de emprego, do crescimento económico e da defesa do Estado social. O PS anda esquecido e a esquerda pulula de confusos (pelo que sabemos, o contrário de lúcidos). Estes últimos, chegam ao ponto de achar que o PS assinar uma acordo com a troika faz, vejam lá, parte da missão histórica do PS, a de assegurar que quem manda continue a mandar. Que desordem nestas mentes desconsoladas.

Mas o DO esclarece, "Não, não espero que o PS seja outra coisa que não o PS. Bastava-me, como social-democrata (provavelmente à esquerda da esmagadora maioria dos militantes socialistas), que o PS fosse moderadamente de esquerda." Lá está, bastava que o PS fosse aquilo que é, não fosse esta chatice dos dirigentes do PS insistirem em fazer do PS aquilo que o PS não é. Mas mesmo assim o DO talvez, atenção, talvez não votasse no PS, mas estaria sim na linha da frente dos lúcidos, dos que sabem o que o PS é e o que deve fazer.


O que fazemos então até o PS perceber que deve ser aquilo que é ou que está fadado a ser? É simples. Marcamos a "fronteira da alternativa" pelo emprego, e pelo Estado social à direita do PS, nunca à sua esquerda. E, entretanto, esperamos este "intervalo" chamado António José Seguro que, pasmo geral, cumprirá o que o PS assinou em carta à troika. O PS vota as alterações do código de trabalho mas a fronteira é à direita, o PS vota a privatização dos CTT, dos seguros da caixa, da TAP, da REN mas a fronteira é à direita, o PS comprometeu-se com o aumento do gás e da electricidade mas a fronteira é à direita, o PS impõe um fundo aos trabalhadores para pagar o despedimento do colega do lado mas a fronteira é à direita. Um dia o PS será o PS, e então tudo será bom.

E ainda diz o DO que "não fala por ninguém". Desengane-se, este seu texto é quase um manifesto: "Lúcidos do mundo, uni-vos".

11 de setembro de 2011

uma pílula mais cara por um lobby gay mais forte!

“A pílula é um luxo?”, pergunta a Helena Pinto, respondendo de seguida. Vou abster-me de comentar a necessidade ou a falta dela na comparticipação monetária do Estado aquando da compra de contraceptivos.

Vou só referir-me ao mais curioso:

Sem empregos, sem dinheiro, sem pílula: mais crianças. Mas sem empregos, sem dinheiro, ninguém conseguirá manter as crianças. Mas, meus amigos, minhas amigas, ninguém deixará o sexo. Óbvio será, por isso, que esta é uma tentativa de espraiar a homossexualidade, ou seja, o temeroso lobby gay. Engraçado, não é? Num dia falam de tumultos, noutro tentam abichanar-nos. Claro que assim nem eu teria medo.

8 de setembro de 2011

Estação terminal: Abismo!



Saúde, para quê?




Estão a dar-nos cabo da saúde, em nome da poupança. O Estado vai deixar de comparticipar as pílulas anticoncepcionais e três vacinas, entre elas a vacina que previne o cancro do colo do útero.

A pílula que actualmente custa 5,57€, passa para 18€ a partir do mês de Outubro. O utente passa a pagar mais 12,42€. A vacina que previne o cancro do colo do útero, cervarix, passa de 80€ para 127€. O utente passa a pagar mais 47€. Se os salários subissem assim, isso é que era.

Mas se fores asmático, não penses que te safas, visto que as comparticipações para asmáticos vai sofrer um corte de 69% para 36%.

Estão a dar-nos cabo da saúde, mas é em nome da poupança. É o que dá um banqueiro ser o Ministro da Saúde.

6 de setembro de 2011

O que diz o governo alemão


Mais precisamente o seu Ministro das finanças, Wolfgang Schäuble. No artigo que este assina no Financial Times, “Why austerity is only cure for the eurozone”, fica claro a estratégia de propaganda alemã para os próximos tempos. Vejamos.


1. “Whatever role the markets may have played in catalysing the sovereign debt crisis in the eurozone, it is an undisputable fact that excessive state spending has led to unsustainable levels of debt and deficits that now threaten our economic welfare.”

Traduzindo: os mercados erraram, não se fale mais nisso. O problema são os Estados, gastaram demasiado, porrada neles.

2. “The recipe is as simple as it is hard to implement in practice: western democracies and other countries faced with high levels of debt and deficits need to cut expenditures, increase revenues and remove the structural hindrances in their economies, however politically painful. Some progress has already been achieved in this respect, but more needs to be done. Only this course of action can lead to sustainable growth as opposed to short-term volatile bursts or long-term economic decline.”


Como podemos ler, a receita é simples, doa a quem doer. Cortar despesa (Estado social), aumentar receitas (impostos), remover os obstáculos estruturais da economia (privatizações), numa palavra: austeridade. E já, que se faz tarde.


3. "There is some concern that fiscal consolidation, a smaller public sector and more flexible labour markets could undermine demand in these countries in the short term. I am not convinced that this is a foregone conclusion, but even if it were, there is a trade-off between short-term pain and long-term gain. An increase in consumer and investor confidence and a shortening of unemployment lines will in the medium term cancel out any short-term dip in consumption."


Há uns tipos, que ganharam um Nobel, que dizem que este caminho de precariedade laboral e retirada do sector público só leva a um destino: o abismo. Nada disso. Tudo isto, um dia, daqui a muito tempo, vai dar frutos. Como? Schäuble explica: com o “aumento da confiança.” Um dia ela voltará e tudo será bom. Os 16 milhões de desempregados da zona euro deviam repetir esta frase todas as manhãs.

4. “One central lesson of the financial crisis was that markets could only function properly if risk-taking were not divorced from liability. The loosening of this bond was a central factor of the crisis. Likewise, the eurozone crisis unfolded after a decade during which economies with markedly different and, indeed, diverging fiscal profiles and competitiveness were all able to borrow at close to benchmark rates.


Hence my unease when some politicians and economists call on the eurozone to take a sudden leap into fiscal union and joint liability. Not only would such a step fail to durably solve the crisis by addressing only its most superficial symptoms, but it could make it worse in the medium term by removing a key incentive for the weaker members to forge ahead with much-needed reforms. It would also go against the very nature of European integration.”


Eurobonds? Vade retro. Uma união fiscal implica uma responsabilização europeia das dívidas, permitindo que os estados mais endividados respirem e assumam escolhas de crescimento que respeitem os salários e os serviços públicos, ou seja, que a austeridade seja recusada por uma via da repartição da riqueza e responsabilização dos donos dos mercados. Esta é a ultima coisa que Merkel e Schäuble querem ouvir. Como o último lembra acima, isso seria atirar janela fora o chicote e a cenoura, os Estados não estariam mais atados aos programas de destruição do emprego e dos serviços públicos. A austeridade deixaria de ser a única cura e o vírus liberal estaria em perigo.


3 de setembro de 2011

DOC: Cuba, uma odisseia africana



Se há documentários incontornáveis este é um deles. A documentarista Jihan El-Tahri apresenta-nos uma história muito esquecida nos dias que passam: do papel da ONU no assassinato de Patrice Lumumba à influência cubana pela libertação de Nelson Mandela, do dia em que Che Guevara atravessou o lago Tanganica em 1965, para uma missão que seria um fracasso, até ao dia em que mais de quarenta mil cubanos retiraram militarmente de Angola em 1991 (levando 10 mil cubanos mortos em combate), muita coisa se passou.

A ajuda de Cuba aos movimentos de libertação africana é, como documentário nos mostra, inestimável, assim como foi inexcedível o apoio sul-africano e norte-americano ao FNLA e a UNITA durante a guerra civil de Angola. Os depoimentos de Larry Devlin (Chefe da CIA no Congo), Victor Dreke (comandante da missão de Guevara no Congo), Jorge Risquet (Chefe militar da missão cubana em Angola), Karen Brutens (Politburo do PCUS), Chester Crocker (Secretário de Estado norte-americano para os assuntos africanos) entre muitos outros, dão uma perspectiva de um valor histórico considerável que devemos valorizar, não fosse o nosso 25 de Abril parte integrante desta odisseia.


Eles agora tudo podem


A partir de hoje, quando ouvir dizer que os plebiscitos são coisa do passado ou dos países da América latina, democraticamente imaturos, poderei sempre dizer que na Europa e em Portugal se quer fazer um"referendo popular" que aprove uma nova Constituição "após um debate que envolva toda a sociedade"... Se esse debate se fizer directamente dos estúdios da SICN, das redacções do Expresso ou do Público, estou certo que mais uma vez (aliás, como nas últimas eleições legislativas) teremos um debate plural e cheio de contraditório. Coloquem a coordenar o projecto Nogueira Leite, Medina Carreira e Vasco Pulido Valente e "num tirinho" atingimos a modernidade prometida.

Portugal em Saldos.


1 de setembro de 2011

NÃO AO MAIOR DESPEDIMENTO DA HISTÓRIA DO ENSINO

Sem professores não há escola pública de qualidade. Dezenas de milhares de docentes vão ser afastados em Setembro devido aos cortes irresponsáveis impostos às escolas. As consequências serão turmas maiores e menos apoios educativos.

A redução radical do crédito de horas destinadas a projectos escolares e os cortes orçamentais ameaçam a qualidade da escola pública. Os professores que ficarem terão ainda mais trabalho e menos salário. Muitos de nós, contratados, que toda uma vida profissional saltámos de escola em escola, sempre deixados de fora da carreira, seremos empurrados da precariedade para o desemprego (http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1849014). Este mega-despedimento ataca os nossos direitos mas também a escola pública como parte da democracia.

Dizem-nos que a culpa é da dívida. Mas não fomos nós - professores precários que se sacrificaram anos a fio – que fizemos essa dívida. Cabe a quem brincou com a economia do país e engordou com a crise assumir as suas responsabilidades. Nem os professores, nem a escola, nem os alunos devem pagar essa conta. Em vez de nos lançar na crise, é preciso investir na Escola para o país superar a crise.

Somos professores, somos precários. Em nome dos alunos e do seu sucesso, não baixamos os braços. Em Setembro, varridos das escolas, iremos para a rua. Aqui, solidários com cada escola amputada, estaremos em protesto.

RECUSAMOS O DESEMPREGO
SOMOS INDISPENSÁVEIS
VAMOS SALVAR A ESCOLA PÚBLICA

Professores indignados


Hora
sábado, 10 de setembro · 15:00 - 18:00

Localização
Praça D.Pedro IV (Rossio), Lisboa

Confirma o Governo a existência de um crédito, por liquidar, da Amorim Energia ao BPN? Em caso afirmativo, qual o seu valor?

Quem pergunta quer saber. E neste caso, queremos todos saber se Américo Amorim deve 1600 milhões ao banco que comprou por umas coroas.