Partilho convosco uma noticia do Jornal de Negócios de 2ª feira:
"Vender lixo está mais barato"
"Enquanto os países "periféricos" enfrentam custos de endividamento cada vez mais elevados para colocar dívida no mercado, os preços para emitir as chamadas "junk bonds" já caiu mais de metade face a 2009. A procura por activos com maiores rentabilidades tem levado os investidores a trocar divida dos Estados com maiores problemas financeiros pelas "junk bonds", obrigações de empresas classificadas como "lixo"."
Mais à frente ficamos ainda a saber que o custo de financiamento destas empresas que emitem "junk bonds" recuaram para menos de metade do registado no ano passado.
Antes de mais, clarificar conceitos. "junk bonds" são obrigações de empresas que foram classificadas como muito arriscadas, ou seja, com elevado risco de falência. Quando uma empresa emite obrigações está basicamente a pedir dinheiro emprestado aos investidores, em troca do pagamento de uma taxa de juro (funciona como os titulo de divida publica, mas para empresas privadas).
O que está a acontecer é: para ter mais lucro, os investidores privados estão a vender os títulos de divida pública dos países periféricos que têm em carteira, e a trocá-los por estes activos de alto risco ('junk bonds') que oferecem taxas de juro ligeiramente superiores (por quanto tempo?).
Como estamos num mercado, e porque há menos investidores interessados nos seus titulos, os países vao ter que pagar mais para conseguir vender divida pública, por outro lado, como há maior procura para as 'junk', o juro que as empresas vão ter que pagar para se financiar desce.
De cada vez que os nossos juros sobem, a divida futura também aumenta. E depois? Bom, depois aumentam-se impostos, corta-se nos subsídios de desemprego, nas bolsas de estudo, privatizam-se sectores estratégicos . . . um sem fim de medidas milagrosas para resolver o problema do aumento da dívida. Para compor o ramalhete ainda nos dizem que a culpa é do Estado Social, é demasiado generoso....os salários?! muito altos... E os desempregados? uns preguiçosos!
A prioridade não é combater a especulação ou libertar o financiamento dos países das lógicas perfeitamente irracionais de mercado. O objectivo é diminuir os custos de trabalho e o "Estado monstro". E os nosso impostos sobem por isso, não para financiar o Estado que é "monstro", não para financiar a saúde e a educação, mas para pagar o aumento dos juros no mercado. Quem é a besta afinal?
Demasiada Democracia é prejudicial aos mercados. Dificulta a apropriação dos rendimentos do trabalho, aumenta os custos e limita as taxas de lucro. Demasiado mercado, inversamente, é prejudicial à Democracia. Aumenta as desigualdades, reduz o espaço de debate politico, cria desemprego…
Existe tal coisa, “demasiada democracia”?! há que ache que sim!
"Vender lixo está mais barato"
"Enquanto os países "periféricos" enfrentam custos de endividamento cada vez mais elevados para colocar dívida no mercado, os preços para emitir as chamadas "junk bonds" já caiu mais de metade face a 2009. A procura por activos com maiores rentabilidades tem levado os investidores a trocar divida dos Estados com maiores problemas financeiros pelas "junk bonds", obrigações de empresas classificadas como "lixo"."
Mais à frente ficamos ainda a saber que o custo de financiamento destas empresas que emitem "junk bonds" recuaram para menos de metade do registado no ano passado.
Antes de mais, clarificar conceitos. "junk bonds" são obrigações de empresas que foram classificadas como muito arriscadas, ou seja, com elevado risco de falência. Quando uma empresa emite obrigações está basicamente a pedir dinheiro emprestado aos investidores, em troca do pagamento de uma taxa de juro (funciona como os titulo de divida publica, mas para empresas privadas).
O que está a acontecer é: para ter mais lucro, os investidores privados estão a vender os títulos de divida pública dos países periféricos que têm em carteira, e a trocá-los por estes activos de alto risco ('junk bonds') que oferecem taxas de juro ligeiramente superiores (por quanto tempo?).
Como estamos num mercado, e porque há menos investidores interessados nos seus titulos, os países vao ter que pagar mais para conseguir vender divida pública, por outro lado, como há maior procura para as 'junk', o juro que as empresas vão ter que pagar para se financiar desce.
De cada vez que os nossos juros sobem, a divida futura também aumenta. E depois? Bom, depois aumentam-se impostos, corta-se nos subsídios de desemprego, nas bolsas de estudo, privatizam-se sectores estratégicos . . . um sem fim de medidas milagrosas para resolver o problema do aumento da dívida. Para compor o ramalhete ainda nos dizem que a culpa é do Estado Social, é demasiado generoso....os salários?! muito altos... E os desempregados? uns preguiçosos!
A prioridade não é combater a especulação ou libertar o financiamento dos países das lógicas perfeitamente irracionais de mercado. O objectivo é diminuir os custos de trabalho e o "Estado monstro". E os nosso impostos sobem por isso, não para financiar o Estado que é "monstro", não para financiar a saúde e a educação, mas para pagar o aumento dos juros no mercado. Quem é a besta afinal?
Demasiada Democracia é prejudicial aos mercados. Dificulta a apropriação dos rendimentos do trabalho, aumenta os custos e limita as taxas de lucro. Demasiado mercado, inversamente, é prejudicial à Democracia. Aumenta as desigualdades, reduz o espaço de debate politico, cria desemprego…
Existe tal coisa, “demasiada democracia”?! há que ache que sim!
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