Se a contracção do consumo privado é motor da espiral recessiva que tanto importa travar para uma saída sustentável desta crise (porque as quebras nos lucros que provoca obriga a cortes na produção e no emprego, conduzindo a novo emagrecimento dos níveis de consumo e por aí fora), então a protecção ao emprego assume importância inquestionável. Ela corresponde, para já e mais que não seja, à protecção de níveis de consumo capazes de conter tal sangria recessiva.
Qual então a racionalidade que justifica que, em casos como a Espanha, com uma taxa de desemprego de 20% (o dobro da média da União Europeia), estejam a ser propostas e aprovadas leis que reduzem os custos com despedimentos?
A cartilha é a do costume: diz que, diminuindo os custos associados aos despedimentos, serão melhoradas as condições de ajuste entre os níveis de produção das empresas e os custos com o trabalho que lhes estão associados, traduzindo-se isto numa diminuição do risco associado ao investimento em produção, o que seria incentivo à contratação.
Mas uma fase caracterizada pela contracção do consumo privado e pelas dificuldades de acesso ao crédito implica logicamente uma procura por trabalho deprimida.
É perante isto que a nossa perplexidade não pode deixar de aumentar: é que os países mais assediados pelos arautos da flexibilidade laboral são justamente os países mais castigados naqueles dois aspectos essenciais à determinação da procura de trabalho. Economias como a da Espanha, Portugal e Grécia, marcadas, por um lado, pela dificuldade de obtenção de financiamento junto dos mercados (e o encarecimento do crédito que isso significa) e, por outro, pela compressão do consumo interno acentuada por políticas de austeridade, são precisamente aquelas onde a procura de trabalho estará mais deprimida. São justamente aquelas onde a agilização dos despedimentos dará piores resultados. Num tal cenário, facilitar despedimentos muito mais depressa assegura o objectivo (solipsista e, como tal, macroeconomicamente míope) da manutenção de margens de lucro inconsequentes para o reanimar da economia real do que segue uma estratégia de protecção e incentivo de níveis e padrões de consumo privado.
Qual então a racionalidade que justifica que, em casos como a Espanha, com uma taxa de desemprego de 20% (o dobro da média da União Europeia), estejam a ser propostas e aprovadas leis que reduzem os custos com despedimentos?
A cartilha é a do costume: diz que, diminuindo os custos associados aos despedimentos, serão melhoradas as condições de ajuste entre os níveis de produção das empresas e os custos com o trabalho que lhes estão associados, traduzindo-se isto numa diminuição do risco associado ao investimento em produção, o que seria incentivo à contratação.
Mas uma fase caracterizada pela contracção do consumo privado e pelas dificuldades de acesso ao crédito implica logicamente uma procura por trabalho deprimida.
É perante isto que a nossa perplexidade não pode deixar de aumentar: é que os países mais assediados pelos arautos da flexibilidade laboral são justamente os países mais castigados naqueles dois aspectos essenciais à determinação da procura de trabalho. Economias como a da Espanha, Portugal e Grécia, marcadas, por um lado, pela dificuldade de obtenção de financiamento junto dos mercados (e o encarecimento do crédito que isso significa) e, por outro, pela compressão do consumo interno acentuada por políticas de austeridade, são precisamente aquelas onde a procura de trabalho estará mais deprimida. São justamente aquelas onde a agilização dos despedimentos dará piores resultados. Num tal cenário, facilitar despedimentos muito mais depressa assegura o objectivo (solipsista e, como tal, macroeconomicamente míope) da manutenção de margens de lucro inconsequentes para o reanimar da economia real do que segue uma estratégia de protecção e incentivo de níveis e padrões de consumo privado.
ó filha deves ser uma economista do CAVAQUISTâO
ResponderEliminarque o CAVACO só descobriu uma crise que começou há 20 anos e se agudizou há dois hoje....
logo têm similitudes
se calhar foste aquela aluna a que ele deu 17
se não fostes com uma análise destas o cavaco dava-te de certeza
eu é que não vejo muito senso
em falar de flexilibilidade de uma coisa
que vai ter salários em atraso
até chegares á riforma daqui a uns 40 e tal anus
Gostei do raciocínio, segue uma boa linha de argumentação. Muito boa estreia :)
ResponderEliminarDiria mais - ÓPTIMA estreia!
ResponderEliminarEspero que nos presenteies rapidamente com mais posts! Continua!
Um beijinho,
Ana