Há 42 anos que se assiste por todo mundo a manifestações de pessoas que, inseridas numa comunidade ou sociedade, se vêem constantemente colocadas em segundo plano como se não pertencessem à mesma e para ela não contribuíssem.
Em pleno séc. XXI, é tempo de dizer basta! Não queremos isto para nós, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgéneros, interssexuais e heterossexuais. Não queremos uma sociedade opressora, não queremos olhar para o lado.
A Marcha do Orgulho LGBT no Porto está pela 6ª vez na rua para dar voz a quem não a tem, para mostrar o que alguns não querem ver.
Já era altura da Marcha ser sobretudo de celebração da igualdade.
Não aceitamos uma lei que, apesar de nos permitir apresentar a nossa verdadeira identidade num documento, simultaneamente nos cataloga como doentes.
Não aceitamos que uma desejada cirurgia de reassignação de sexo continue dependente do aval feudal da Ordem dos Médicos.
Exigimos que os diversos núcleos familiares não sejam restringidos por políticas governamentais claramente desadequadas e desajustadas.
Exigimos a abolição de preconceitos no que concerne ao acesso à parentalidade por familias não heteronormativas.
Apesar do fim da discriminação na doação de sangue por parte dos homens que têm sexo com outros homens; apesar do fim do impedimento ao casamento entre pessoas do mesmo sexo; apesar de finalmente existir um esboço de uma lei de Identidade de Género, ainda há um longo caminho a percorrer na defesa de direitos essenciais, no combate ao estigma, ao preconceito e à exclusão.
Rejeitamos que arbitrariedades com base no racismo, na xenofobia, na desigualdade de géneros, na LGBTfobia continuem a ser socialmente toleradas.
Abraçamos uma educação sexual que aborde diferentes sexualidades, capaz de mostrar aos nossos filhos e filhas a diversidade de emoções e afectos.
Abraçamos uma sociedade verdadeiramente inclusiva de todos os seus cidadãos e cidadãs, sem lhes impôr um prazo de validade de relacionamentos, emoções e afectos.
Não podemos deixar de vir à rua manifestar o nosso orgulho, exigindo nada menos que o reconhecimento dos nossos direitos, independente da NOSSA orientação sexual, da NOSSA Identidade de Género, do NOSSO sexo, da Nossa Idade, da NOSSA etnia, das NOSSAS convicções religiosas e da NOSSA condição social.
REJEITAMOS a hipocrisia e a tacanhez. REJEITAMOS o preconceito e a violência. REJEITAMOS a austeridade.
ABRAÇAMOS a igualdade!