31 de março de 2012
Pobreza e outras troikas
O desemprego oficial está a 14% e há 35,4% de desemprego jovem... E depois admiram-se de uma queda de 7,9% na receita fiscal.
A austeridade só serve para destruir a economia e a vida de milhões de pessoas com o objectivo de acumulação por parte de uma minoria de exploradores.
É neste contexto que podemos contar com o PS para ora se abster violentamente ora violentamente se abster. Estando além disso o voto favorável prometido a todas as medidas que decorram do memorando da Troika.
E apesar das divisões na bancada é assim que reza a declaração de voto feita pela direção de bancada do PS e subscrita por 55 deputados:“O PS votará favoravelmente as soluções normativas que integram a Proposta de Lei (…) e que objetivamente concorrem para o cabal cumprimento dos compromissos assumidos no Memorando de Entendimento ou que, afastando-se deste, conduzam a um reforço dos direitos e garantias dos trabalhadores".
Praxe Académica em Coimbra suspensa por tempo indeterminado II
Praxe Académica em Coimbra suspensa por tempo indeterminado
29 de março de 2012
Vénus Negra, violência de género e black is beautiful
Venus Noire (Kechiche, 2009), um filme marcante. Fica a dica que não é um filme para "encontros". Não apenas pelos seus 166 minutos mas também pelo tema, pela sua violência de envergonhar muitos filmes de guerra e de combate. "Horror" foi a palavra que mais ouvi em nos comentários à saída do filme. E é uma palavra bem aplicada pois aqui a violência é encarada numa vida concreta: a vida de Saartjes Baartman, a Vénus Negra (papel desempenhado por Yahima Torres). O autor presta-se a liberdades artísticas que não ferem, antes potenciam, uma aproximação ao que foi a vida desta mulher e ao espírito da sua época.
Sinopse: Chegada à Europa, depois de viajar por toda a Inglaterra em espectáculos de aberrações, é estudada por alguns dos mais conceituados naturalistas e anatomistas da época, que usaram as suas investigações para justificarem a inferioridade dos negros, num esforço claro de legitimação do racismo e escravatura. A 29 de Dezembro de 1815, Saartjie Baartman morreu alcoólica e na miséria. O seu corpo foi doado ao Musée de l’Homme de Paris, onde o seu esqueleto, órgãos genitais e cérebro foram conservados em formol e exibidos até 1974. Em 2002, a pedido do então Presidente sul-africano Nelson Mandela, os seus restos mortais regressaram ao seu país, onde foi feita uma cerimónia fúnebre. (cito Cineclube de Santarém)
Apesar de toda a violência, da degradação e das humilhações, houve momentos em que o ideologicamente dissonante "Black is beautiful" surge com toda a evidência, embora por outras palavras e gestos. A ambiguidade da forma com é tratada também é outro aspecto marcante, sempre entre a "selvagem" e "a dama civilizada".
Ficaram-me na memória as cenas em que a música tocada e cantada por Saartjie causa grande espanto aos espectadores. Cantar e tocar melodiosamente causa um choque, uma quebra com a imagem de "selvagem" que lhe é atribuída. Causará culpa/arrependimento ouvir a música de Saartjie?
A crueza do "racismo científico" é bem retratada nas cenas dos cálculos antropomórficos e das recusas de Saartjie em mostrar os seus logos lábios da genitália (característica física de algumas Khoisan).
O problema da mulher, particularmente da mulher negra, e do direito ao seu corpo forma uma trave fundamental deste filme. Várias formas de violência de género são retratadas. A não perder, mas respirem fundo.
Ver críticas de Vasco Câmara, Luís Miguel Oliveira e Jorge Mourinha (Ípsilon)
trailer oficial legendado
28 de março de 2012
Vitalino, Vieira da Silva e o PS Santarém
Como diz "e militantes do PS" há ainda a possibilidade de Vitalino Canas, provedor do trabalho temporário ir lá também dizer qualquer coisa, por exemplo admitir, como acaba de admitir, que trabalhadores temporários são os primeiros a ser despedidos. Podiam ainda convidar o ex-ministro Vieira da Silva. E para terem alguém que defenda uma posição à esquerda do pai do código de trabalho do PS nem precisam convidar ninguém do Bloco de Esquerda, basta convidarem o "CDS" Bagão Félix, dado que fizeram um código mais "precário" que o dele.
Sabemos que o FMI "aterrou na Portela", sabemos qual foi o governo demissionário que o chamou, e não esquecemos muitos anos de ataque aos direitos do trabalho em que o PS foi protagonista.
27 de março de 2012
26 de março de 2012
Continua a publicidade criminosa
Mais um golpe publicitário insultuoso e criminoso, tanto mais que na publicidade a imagem de Hitler é usada para promover um dito "shampoo 100% masculino" colocando na boca deste ditador racista e homofóbico as simpáticas palavras "Se você não usa um vestido de mulher, você não deveria usar o seu shampoo."
Várias organizações anti-racistas e a comunidade judaica da Turquia já protestaram, enquanto o publicitário tem a lata de dizer que o importante é que se fale do produto. No meu entender, não há profissões que possam ser desprovidas de ética, há sempre limites.
Mesmo quando as intenções são boas há que medir as consequências do uso da imagem de criminosos como Hitler e Salazar na publicidade. Um caso lamentável, embora possa ter um bom objectivo, proteger a saúde das pessoas e o combate à SIDA, é este vídeo que se segue, onde se supõe que o objetivo é comparar o vírus a Hitler, mas a imagem fica associada aos portadores. Como diz ironicamente um dos comentários no youtube: "donc tant que je couche pas avec hitler, je risque rien ? chouette !".
Voltando ao senhor de Santa Comba, ler o artigo do Ricardo Araújo Pereira na Visão desta semana, está delicioso.
O que faz falta...
«Porque os responsáveis do PSD não podem ter dúvidas acerca disso, além de abusiva no plano legal, a utilização de versos seus na entronização do chefe deste partido e primeiro-ministro é também manipuladora e insultuosa. A memória de José Afonso não deve e não pode ser assim desvirtuada para efeitos de propaganda»
25 de março de 2012
aceitamos apostas: fascismo ou atraso mental?
eu não costumo ser ingénua nestas coisas nem costumo achar que a direita faz asneira com a melhor das intenções. no entanto, este cartaz é tão mau, tão execrável, tão repugnante, tão nojento, tão asqueroso, tão baixo, tão torpe, tão vil, tão abominável (agradeço mais sinónimos, que não me lembro de mais nenhum), que me custou a acreditar que não fosse montagem. para mal não só dos meus pecados mas também d@s inocentes deste país, temos estes macacos selvagens à espera de se apoderarem do trono da selva. é a perversão da política no seu estado mais puro, uma distorção tal do papel do povo e dxs governantes que quem perde com isso é a falta de vergonha, que perde assim direito à vida.
guerra de gerações declarada, guerra ideológica declarada. lutar contra é preciso, é verdade. lutar contra estxs bárbaros insensíveis ignorantes umbiguistas. lutar contra elxs, mas só porque só nós temos algo válido por que lutar.
nota: a imagem é capa de uma moção apresentada pela comissão política da jsd (23, 24 e 24 de maio).
JSD no seu melhor
Racismo social e guerra de gerações é o caldo ideológico destes estranhos "jovens sociais-democratas".
(Con)Fusos Horários etc.
Quanto às perturbações no calendário, meses que têm dias a mais em relação ao salário, feriados que desaparecem, datas que mudam ao contrário (exemplo com tendência a passar de 25 para 24 de Abril) ... só a luta e a alegria:
"La chant des partisans"
24 de março de 2012
A Paixão de Joana D’Arc
Participam no filme Renée Jeanne Falconetti, Eugene Silvain e Maurice Schutz. Renée Jeanne Falconetti (1892-1946) marcou o seu lugar na história do cinema com a interpretação de Joana D'Arc, este que foi o seu terceiro e último papel no cinema - depois de "La comtesse de Somerive" (1917)e "Le clown" (1917).
O filme "A Paixão de Joana D’Arc" esteve banido no Reino Unido por mostrar cenas em que soldados ingleses torturavam Joana D'Arc, sugerindo cenas semelhantes de tortura dos romanos a Cristo. Vítima das cenas censuradas e de um incêndio, esta obra só pode ser recuperada na sua versão original em 1981, quando foi encontrada uma fita duplicada do primeiro negativo. Essa fita foi encontrada num sanatório para doentes mentais em Oslo (Noruega) e permitiu o conhecimento da obra no original e não com base em cópias duvidosas. "A Paixão de Joana D’Arc" foi considerada pela revista Sight and Sound um dos dez melhores filmes de todos os tempos, de acordo com as listas que publicou em 1952, 1972 e 1992.
Sinopse: A camponesa Joana D’Arc é julgada herege e condenada à morte por um tribunal católico, depois de ter liderado o povo francês na luta contra o Exército invasor inglês, dizendo-se inspirada por Jesus e São Miguel, em Maio de 1431. Para salvar a vida, Joana assina durante o processo, uma confissão de heresia, mas depois renega-a, preferindo salvar a alma. É então queimada viva em praça pública.
Do mesmo cineasta são as obras: "Abaixo as Armas" (1913, roteiro), "O presidente" (1919), "Leaves from Satans's Book" (1919), "Prästänkan" (1920), "Die Gezeichneten" (1922), "Mikael" (1924), "O amo da casa" (1925) e "Glomsdalsbruden" (1925); posteiores a "A paixão de Joana d'Arc" são "O Vampiro" (1932), "Dias de Ira" (1943); "A palavra" (1955) e "Gertrud" (1964).
O último filme de Carl Theodor Dreyer, "Gertrud", foi muito criticado porém é hoje considerado por muitos a sua obra maior: retrata a história de uma mulher, ex cantora famosa, obcecada com o "amor absoluto" que vive um casamento sem perspectivas. Gertrud acaba por fugir com o seu amante, contudo no dia seguinte descobre que este a trai. É assim que abandonando os dois Gertrud inicia uma vida solitária.
22 de março de 2012
O modelo de democracia plena do PSD
Quando as notícias falam por si
Greve Geral. Polícia justifica actos de violência como medidas de segurança
Agência Lusa apresenta queixa à PSP contra agressão a foto-jornalista
PSP agride jornalista da France Press em Lisboa
Jornalista da AFP relata incidentes com a polícia na baixa de Lisboa
Polícias à paisana responsabilizados por incidentes frente à reitoria do Porto
Sindicalista e capitalista à porta da fábrica
Capitalista: Por aqui?
Sindicalista: Pois é... vim sem avisar
Capitalista: Ora essa.
Sindicalista: Mas devem estar a chegar
Capitalista: Não tarda.
Sindicalista: E esse Benfica?
Capitalista: Glorioso, como sempre
Sindicalista: Como sempre
Capitalista: E desta vez, acha que passam?
Sindicalista: Vamos ver, o páreo é duro
Capitalista: Duríssimo
[silêncio]
Sindicalista: Não tarda estão aí
Capitalista: Pois é
Sindicalista: Nós aguentamos.
Capitalista: E não dói?
Sindicalista: No fundo da alma.
Capitalista: É tramado, esta crise…
Sindicalista: Tramadíssimo
Capitalista: Olhe, Já aí estão
Sindicalista: É… Se apeie que a coisa aquece sempre
Capitalista: É que…
Sindicalista: Diga?
Capitalista: Eu gosto de ver.
[novo silêncio; barulho de botas compassadas]
Sindicalista: Pois então…se acomode
Capitalista: Sabe como é...são as regras do jogo.
21 de março de 2012
20 de março de 2012
Ellen rima com néscia
Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria e galardoada com o Nobel da Paz em 2011, defendeu em entrevista ao diário britânico The Guardian a lei que prevê a criminalização dos actos homossexuais.
Num claro atentado homofóbico declarou que há certos valores na sociedade que quer ver preservados e acrescentou: "We like ourselves just the way we are.".
Palmas para a estupidez.
O efeito previsível é tramado
O primeiro-ministro, sublinhou, no âmbito da nova política de combustíveis , que assume um papel fundamental a criação de uma autoridade para a concorrência que, ao impedir «qualquer cartel», garantirá que o «efeito previsível seja a baixa do preço de combustíveis».
«No final do ano contamos ter uma entidade de regulação que possa garantir que essa liberalização não tenha efeitos perversos», afirmou, destacando as necessárias «precauções a tomar num sector relativamente concentrado» como o dos combustíveis.
De acordo com Durão Barroso, com esta nova política para o sector, as receitas do Estado «estão garantidas» já que «a liberalização dá um efeito muito positivo em termos de actividade económica».
«A concorrência traz normalmente um crescimento à economia e o que pode sustentar melhor as nossas receitas é o crescimento da economia», explicou assegurando que «é possível crescer acima do que se diz ou do que alguns esperam».
19 de março de 2012
eu tinha sete anos e era feliz
14 anos de autonomia administrativa do concelho vizelense. foi no dia 19 de março de 1998. dia do pai. cerca de 5 mil vizelenses em lisboa. o meu pai por lá andava e eu com a caixa de fósforos com raspas de sabonetes por lhe dar, a saber que a espera valeria a pena.
rainha das terras, rainha das termas, cidade de amores.
inimigo do meu inimigo meu amigo é?
Para quem insiste em fazer de Assad um líder na luta contra o imperialismo, valeria a pena ler algumas coisas mais sobre o que está em jogo no oriente médio:
18 de março de 2012
"o prestígio da ditadura"???
Antes de irmos a esses atributos, podemos sublinhar que o ponto a João Pereira Coutinho quer chegar é este: "Mas com um país em crise profunda, pergunto honestamente se a ressurreição destes dois anacronismos não será o sintoma de uma doença de regime bem maior".
Vejamos então os "atributos":
"...mas uma parte do país continua no dia 24 de Abril de 1974, explorando o prestígio da ditadura – ou, pelo contrário, defendendo métodos criminosos de subversão política que só em ditadura se compreendem"
Isto é fantástico! Diz João Pereira Coutinho que há por aí uns aproveitadores a servir-se do "prestígio da ditadura" e outros que defendem os "métodos criminosos" do tal 25 de Abril.
Enfim, lá diz que "em ditadura se compreendem" os tais "métodos criminosos". Podem ler o texto todo para contextualizar devidamente... Isto não é para acusar ninguém do que não disse, mas o que é de perguntar honestamente é se chamar anacrónico à luta pela democracia não será sintoma de qualquer coisa que: ou é ilusão pura de um desmentido "fim da história", ou [TEXTO SUPRIMIDO PELA PRESTIGIADA DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE CENSURA]
17 de março de 2012
ABC da Greve - Leo Hirszman
16 de março de 2012
mas que raio é a acção social, afinal?
Sim, acredite-se ou não, o CRUP "decidiu recomendar às instituições que apliquem a propina máxima no próximo ano letivo, com vista à criação de um fundo social que permita assegurar os estudos de alunos com dificuldades financeiras." Ou eu vivo num mundo muito à parte ou então o que para aí mais vemos é gente que anda na Universidade com sacrifícios financeiros. Tal como este pessoal das reitorias, eu estou muito longe de ser um génio. Estou, contudo, consideravelmente mais perto de atingir o estado de genialidade, já que já me apercebi de que o aumento das propinas representa mais exclusão e mais necessidade de ajuda. Esta ideia peregrina deixa no ar a ilusão de que a maior parte dxs estudantes vive cheia de dinheiro (apesar do desemprego, dos cortes nos subsídios, do aumento dos preços (supermercado, transportes, etc, etc)) e que nem é má ideia que este grupo abastado ajude, forçosamente, a meia dúzia de mal trajadxs que povoa o ensino superior. onerar famílias, já tão oneradas pela irresponsabilidade e pela crueza deste governo, é irresponsável, bacoco, cruel, insensível, ignorante e, não passa despercebido a ninguém, cúmplice do saque de um Estado que não está a cumprir o seu papel.
Impossíveis de olvidar, impossíveis de evitar, não sendo alguma de somenos, ficam duas perguntas:
- Que raio é a acção social, afinal?
- Caridadezinha ou solidariedade?
Nos meus sonhos mais profundos, a idiotia da direita consegue responder a isto com coerência e não se afunda (mas vira à esquerda).
15 de março de 2012
Goldman Sachs Is All About Making Money
Greg Smith é um homem como tantos outros, que junta a essa condição o facto de ter sido, até ontem, um dos vice-presidentes do Banco Goldman Saches. Depois de 12 anos de labor neste colosso da finança mundial, Greg Smith bateu com a porta, e fê-lo com estrondo. Numartigo publicado no New York Times este alto quadro denúncia o Goldman Saches como um lugar “tóxico e destrutivo”, onde se trata os clientes como “fantoches” e onde tudo gira em torno de um só objectivo: making money; o jornal publicou a carta com uma sugestiva imagem de abutres ao redor de uma carcaça.
O escândalo já obrigou o banco a desdobrar-se em desmentidos e até o JP Morgan, outro gigante da especulação financeira, preveniu por e-mail os seus funcionários a não se aproveitarem do escândalo: "Que fique claro que não quero ninguém tirando proveito dos supostos problemas do concorrente ou de quem quer que seja. Esse não é o jeito de trabalharmos".
A Blomberg, meca do neoliberalismo e centro nevrálgico do sistema financeiro correu também em auxilio do seu parceiro, num editorial virulento a agência ataca Smith e deixa-lhe um conselho, a ele e todos os estudantes que todos os anos se candidatam a trabalhar no banco, “Se quer dedicar a sua vida a servir a humanidade não vá trabalhar para o Goldman Sachs. Vá trabalhar para o Goldman Sachs se quiser trabalhar duro e ganhar mais do que merece”, resumindo no título aquilo que todos já deveriam saber: “Yes, Mr. Smith, Goldman Sachs Is All About Making Money”
É claro que Greg Smith é apenas um das centenas de quadros deste “polvo” financeiro, que tem na nova nomenklatura da União Europeia os seus boys mais acarinhados, de Mário Draghi a Papademos. E aqui? Até quando vamos admitir que sejam estes gajos a decidir a nossa vida:
António Borges
Vice-Presidente do Goldman Sachs entre 2000 e 2008
Actual responsável pela aplicação do pl
ano de privatizações da troika
Carlos Moedas
Quadro do Goldman Sachs entre 2000 e 2004
Secretário de Estado da Troika
responsável pela ESAME ( Estrutura de Acompanhamento de Memorandos)
Miguel Artiaga Barbosa
Director executivo do Goldman Sachs entre 2000 e 2005
Especialista no mercado das dívidas soberanas
Contratado para funções públicas na ESAME por Carlos Moedas
Mafalda
A personagem de BD Mafalda faz hoje 50 anos. A primeira vez que foi desenhada, embora seja obra inédita, foi a 15 de março de 1962. Esta personagem criada pelo humorista argentino conhecido como "Quino" deu voz a muitas frases famosas, uma verdadeira filósofa.
Como hoje é notícia que os salários caíram 1,7% e que Portugal é o segundo país da UE onde se destoem mais postos de trabalho, vale a pena recordar uma das famosas frases da Mafalda: "O País todo tá la fora esperando! O que é que eu digo? Mando sentar?"
O PS/Coimbra é o meu PS de eleição
Precariedade no seio do Partido Socialista?
Eventual tráfico de droga: Funcionária do PS e outros três arguidos no banco dos réus
14 de março de 2012
Aumento das propinas: uma questão de bom português
O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) propõe o aumento das propinas em 30 euros. António Rendas, presidente do CRUP, fez as seguintes declarações.
Declaração 1.
“(...) não queremos que esses estudantes deixem de estudar,
porque, de repente,(...) os pais não tenham capacidade para pagar propinas”
Contradição número um. Aumentar as propinas não é compatível com a continuidade dos estudos para muit@s estudantes.
Declaração 2.
“(...) há aqui uma perspectiva futura e de alguma generosidade colectiva”
Contradição número dois. Perspectiva futura e aumento de propinas também não são sinónimos nem tão pouco possíveis de se relacionarem entre si. Contradição dois ponto um; por generosidade colectiva entenda-se sacrifícios d@s estudantes.
Declaração 3.
“As Universidades portuguesas têm uma tradição muito séria de um grande investimento no apoio aos Estudantes (...)”
Uma piada para aliviar a tensão do comentário.
Declaração 4.
“(...)vamos fazer aquilo que se deve fazer em Portugal que é avaliá-lo [ao compromisso] ao fim de um ano''
Quando já milhares tiverem deixado o Ensino Superior, portanto.
É tudo uma questão de português. De boas intenções estão os Reitores cheios.
o expresso e a estupidez: uma história de amor
desenho de um cartoonista idiota do expresso
(sobre a legenda, mordaz, neste caso, é como quem diz energúmeno, baixo, vil, descerebrado, torpe, etc, etc)
mau jornalismo, falta de piada, crueldade ou estupidez pura? é a pergunta que fica, enquanto vemos o expresso, mais uma vez, a desculpabilizar os carrascos e a criminalizar as vítimas. tanto o director como o compincha henrique raposo devem sentir o agradável calor da alegria, daquela alegria intensa que costuma caracterizar as famílias muito unidas. se alguém duvidava que o hr pudesse estar fora do baralho, aqui fica a prova de que encaixa como uma luva neste espaço de maus profissionais amantes de salazar.
ainda vou vivendo bem com opiniões discordantes. a total ausência de sensibilidade é que já me chateia um bocado. a ausência de vergonha também não faz os meus deleites. tivesse o director deste jornal vergonha do seu jornal vergonhoso e lá ia o dito rodrigo, que não tem vergonha, graças ao seu desenho vergonhoso, engrossar o número de abelhas e, agora com vergonha, ver que o subsídio de desemprego é coisa para, volta e meia, definir se se tem ou não água na mesa. esta apatia aos problemas sociais, por virtude da sugestão de que quem não tem emprego é preguiços@, revela só uma cumplicidade cobarde com o poder político, um cúmplice fechar de olhos ao (des)emprego de portugal, uma declaração de guerra conivente com as auto-vantagens do sistema capitalista.
generalizações perigosas, falaciosas, execráveis, estúpidas. assim ganha corpo a direita portuguesa. eu, que até acho que a liberdade de expressão é fixe, acho que só ficava bem ao expresso que escondesse a sua execrável e verdadeira ideologia.
A estupidez devia ter Nobel
Consta que duas semanas depois dos 14 deputados do PCP votaram contra a adopção de crianças por casais do mesmo sexo...
Vai um copo?
Acham de mau gosto o nome deste licor? Já a mim o nome "Vinho Memórias de Salazar" é que me parece insultuoso. Este é só uma piada inocente. O outro é nome que suja o vinho a que dá nome. (ver a notícia sobre o vinho Memórias de Salazar)
Identidade de género
É um progresso, mas há muito ainda a caminhar. Recordo-me, aliás, de já aqui ter escrito sobre A saia da Carolina...
Entretanto aproveito para lembrar também um apelo facebookeano (clica!):
13 de março de 2012
BRUNO CORREIA é o novo candidato presidencial, vai apresentar a sua candidatura na Fnac do Vasco da Gama... ahhh, espera, é só mais um músico, ainda não é desta! Só nos saem monárquicos e artistas...
Diz que o Mui Nobre professor doutor Marcelo Rebelo de Sousa vai dirigir vitaliciamente a Mui Nobre Fundação Casa Bragança, o que impossibilitará a sua candidatura presidencial. Onde estão os não menos Mui Nobres argonautas políticos do 5 dias que anunciaram o lançamento da sua candidatura no Café Fnac do Chiago? ...
Querem tirar-nos (d)a Escola
O Ministério da Educação apresentou a terceira versão do Regime de Autonomia, Administração e Gestão das Escolas onde propõe que pais, alunos e funcionários não tenham assento no Conselho Pedagógico, mantendo apenas professores. Além desta alteração, o Ministério da Educação continua a sugerir que a presidência do Conselho Pedagógico seja assegurada, sem qualquer processo eleitoral, pelo director da escola, e que o coordenador de cada departamento (que irá integrar o Conselho Pedagógico) passe a ser eleito pelos docentes de entre uma lista de três nomes propostos também pelo director.
O Conselho Pedagógico é um órgão central da escola onde todas as questões ligadas à pedagogia são deliberadas. A sua existência não faz sentido se não houver representação de todas as partes integrantes de uma instituição de ensino.
Sendo os alunos os destinatários da pedagogia discutida neste órgão, não faz sentido excluí-los, retirando-lhes o direito conquistado de serem ouvidos no que toca ao sistema de avaliação e à monitorização e avaliação da qualidade de ensino.
Também a exclusão dos Encarregados de Educação (EE) do Conselho Pedagógico é polémica; a importância do acompanhamento dos alunos por parte dos EE é fulcral para o sucesso escolar e, assim sendo, torna-se claro que estes devem ser agentes activos nas tomadas de decisão no que respeita às condições em que o ensino é ministrado.
Por fim, também os funcionários têm direito a manter a sua representação neste órgão, dado o seu papel fundamental e indispensável no funcionamento dos estabelecimentos de ensino.
O Conselho Pedagógico deve promover a democracia dentro da escola e, assim sendo, todos os membros que o constituem devem ser eleitos, incluindo o presidente. As medidas apresentadas pelo Ministério da Educação representam um assalto à democratização dos espaços que pertencem e interessam a todos: professores, funcionários, alunos e encarregados de educação.
É difícil conceber a ideia de uma escola para todos se quem tem interesse em melhorar este espaço e fazer dele, mais do que uma infraestrutura, um espaço de partilha de conhecimento e experiências, fica impotente perante os órgãos de gestão.
12 de março de 2012
12 de Março - 1 ano
Artigo de Joana Mortágua no 12 de Março de 2011:
«Há dias em que vale a pena voltar a Brecht. Dizia ele no seu Diário de Trabalho de 1940 que “nos países democráticos não é revelado o carácter de violência que a economia tem; Nos países autoritários acontece o mesmo com o carácter económico da violência”.Das revoltas a que temos assistido no Norte de África e que tanto nos têm entusiasmado, qual...quer que seja o seu desfecho, podemos desde já retirar uma lição: a História não está do lado dos cínicos . As ditaduras que todos os cínicos dizem que são para sempre também caem, quando o povo ganha consciência e luta para as derrubar.
Compreender que as classes e os povos podem ter a História nas mãos, quando às condições objectivas da sua exploração juntam a subjectividade de uma consciência determinada, compreender isto é estar munido de um olhar transformador, instrumento fundamental para a conquista do futuro.
A actual geração de precários, a primeira condenada a viver pior do que a dos seus pais, dá hoje um passo determinado para a conquista do futuro, rebelando-se contra a violência da economia capitalista. Fá-lo em nome próprio mas também em nome de uma solidariedade mais ampla.
Esta não é uma luta entre gerações. Jovens precários, pensionistas pobres, desempregados de longa duração, trabalhadores rejeitados pelo mercado, todos sofrem da estrutura de humilhação sucessiva que começa nos mercados financeiros e termina na casa de cada um.
Hoje é dia de sair de casa. Há dias em que a humilhação se transforma em revolta e a censura popular contra uma economia traficante de escravos desce as avenidas da Liberdade.
Os cínicos bem podem querer condenar-nos a um mundo sem esperança. Roubam-nos a vida todos os dias e querem-nos consolados com a “sorte” de que “há alguém bem pior do que eu na TV”. Contra esse presente sem futuro, afirmamos que a História é nossa. Contra os cínicos e os exploradores, tomemos a História na mãos.»
9 de março de 2012
A nova ciência política
«António José Seguro é aquilo que os cientistas políticos mais argutos têm definido como "um totó". Bem sei que certos filósofos resistem a esta categorização e preferem incluir Seguro no grupo dos choninhas.»
«Seguro já tinha cunhado o conceito de "abstenção violenta", que é uma forma de, brusca e malevolamente, não fazer rigorosamente nada.»
Ricardo Araújo Pereira, A abstenção violenta da oposição favorável
Nada melhor que um bom humorista para escrutinar os conceitos e os actores políticos por aí circulam tragicomicamente.
Quem não gostar deste exemplo de literatura pode visitar outro estilo, também fantástico, o da nossa camarada adeusleninista Joana Mortágua:
"Em nome dessa memória activa e do que ela nos ensina para as rupturas do presente recusamos os humpty dumptys da Historia que ao tentar o precário equilíbrio no muro têm sempre o mesmo destino: [ver o destino]".
8 de março de 2012
A flor rubra
... Mas não podem ter filhos!
Um artigo de Fabíola Cardoso e Bruno Góis, aqui.
1 de março de 2012
A Separação, de Asghar Farhadi
“A Separação”, de Asghar Farhadi não é apenas um magnífico filme. É a prova que a arte de fazer cinema é possível até nos tempos mais perigosos. Rodado num Irão pleno de contradições, este filme capta a história de duas famílias e um conflito, um casal em separação que se vê confrontado com uma acusação de assassinato do filho ainda no ventre da sua empregada doméstica. A histórica corre a seu ritmo, sem pressas, sem o frenesim do entretenimento fácil, deixando a quem vê a tarefa de descobrir as personagens na vastidão das suas incoerências e dilemas. A visão de uma justiça que nunca é capaz de tratar de forma igual quem é diferente, a figura do passado silencioso e ausente presente num avô doente, a revolta de quem já perdeu tudo e se agarra à ideia da reparação como o último reduto do respeito por si próprio, a distância entre um casal que cresce com o conflito, todas estes elementos numa trama retratada de forma magistral por Asghar Farhadi.