“A Separação”, de Asghar Farhadi não é apenas um magnífico filme. É a prova que a arte de fazer cinema é possível até nos tempos mais perigosos. Rodado num Irão pleno de contradições, este filme capta a história de duas famílias e um conflito, um casal em separação que se vê confrontado com uma acusação de assassinato do filho ainda no ventre da sua empregada doméstica. A histórica corre a seu ritmo, sem pressas, sem o frenesim do entretenimento fácil, deixando a quem vê a tarefa de descobrir as personagens na vastidão das suas incoerências e dilemas. A visão de uma justiça que nunca é capaz de tratar de forma igual quem é diferente, a figura do passado silencioso e ausente presente num avô doente, a revolta de quem já perdeu tudo e se agarra à ideia da reparação como o último reduto do respeito por si próprio, a distância entre um casal que cresce com o conflito, todas estes elementos numa trama retratada de forma magistral por Asghar Farhadi.
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