30 de novembro de 2011
Pobre Amorim
750 mil euros de dívidas reclamadas pelo fisco, cintos de crocodilo, massagens e viagens dos netos nas contas da Amorim Holding 2... Homem mais rico de Portugal, 200º mais rico do mundo, o mesmo que diz "Eu não me considero rico; sou trabalhador": goza com os pobres, explora os trabalhadores e rouba o Estado.
29 de novembro de 2011
O novo carro oficial do Ministro Pedro Audi Soares equivale ao que um beneficiário do RSI receberia em 82 anos.
27 de novembro de 2011
"Batalhamos todos os dias no terminal da Bloomberg"
Depois da greve geral, a revelação. Carlos Moedas, o troikaman, mostra o verdadeiro campo de batalha.
26 de novembro de 2011
25 de novembro de 2011
Elemento do FERVE agredido por membro do PNR
Nesta noite, alguns elementos do FERVE colavam cartazes alusivos à Greve Geral quando constataram que os cartazes que haviam acabado de colar tinham sido ocultados por cartazes do PNR. Os elementos do FERVE decidiram desocultar alguns dos cartazes, tendo sido avistados por elementos do PNR que se dirigiram ao único elemento do sexo masculino do FERVE, desferindo um soco no estômago, antes de qualquer troca de palavras.
Esta foi uma agressão injustificada e inaceitável. Esta agressão não teve um carácter pessoal: foi dirigida contra um movimento na sua globalidade que decidiu não ceder à tirania de quem entende que pode impor as suas regras aos demais pela lei da força.
23 de novembro de 2011
21 de novembro de 2011
Violenta é a exploração
Egypt's "Orderly Transition"? International Aid and the Rush to Structural Adjustment
Capitalism and Class in the Gulf Arab States.
Resultados das Eleições Gerais Espanholas
A austeridade conservadora do PP venceu a social-austeridade do PSOE. Confirma-se a tendência de queda dos governos que praticam a austeridade, mas sempre a vitória inequívoca do partido da alternância, uma grande maré de "inevitabilidade".
A Esquerda Unida é a quarta em número de lugares e a terceira em número de votos, embora ultrapassada de longe pelos resultados das forças políticas da alternância sem alternativa. Ao mesmo tempo a esquerda patriótica basca também marca terreno.
Números: O PP teve o seu melhor resultado de sempre com 186 lugares (10.830.693 votos) e ganhando em todas as comunidades autonómicas menos no País Basco e na Catalunha. O PSOE com 110 lugares (6.973.880 votos) teve o seu pior resultado e não ganhou em nenhuma comunidade autonómica (dentro destas divisões administrativas, a nível de províncias, conseguiu mais votos que o PP apenas em Sevilha e Barcelona). A terceira força em número de lugares (16 lugares) foi a CiU (Convergència i Unió, convergência nacionalista catalã entre liberais e democratas cristãos) com 1.014.263 votos.
Terceira em número de votos e quarta em número de lugares, a Esquerda Unida (1.680.810 votos) passou de dois lugares (em 2008) para 11.
Amaiur, coligação da esquerda patriótica basca, foi a quinta força em número de lugares, obtendo 7 lugares, com os seus 333.628 votos é a força política basca com maior representação no Congresso e é uma nova entrada no poder legislativo do Estado Espanhol. Com 1.140.242 de votos, os centristas (sociais-liberais e patriotas constitucionais "espanholistas") da UPyD foram a sexta força política, obtendo 5 lugares (mais 4 que em 2008).
O PNV, direita nacionalista basca, obteve igualmente 5 lugares (menos 1 lugar que em 2008). A Esquerda Republicana Catalã conserva os seus 3 lugares e o Bloco Nacionalista Galego mantém os seus 2 lugares. A Coligação Canária aumenta a sua representação de 2 para 3 mandatos. A coligação de nacionalistas e verdes de Valência, Fórum dos Cidadãos (ex-membros do PP asturiano) e a coligação nacionalista de Navarra GEROA BAI conseguiram cada uma um lugar.
O Senado teve resultados semelhantes aos da Câmara dos Deputados, com maioria absoluta para o PP.
20 de novembro de 2011
19 de novembro de 2011
É por estas e por outras que não devem ser só as moscas a mudar
Parece que o Ministro sem Pasta do 1º Governo Provisório do 5 Dias decidiu comentar as eleições deste ano da AAC. É certo, lembra o humorista a recibo verde nas horas vagas, há uma relativa distância entre a comodidade do seu sofá de cabedal (onde escreve não só as Teses de Abril, mas também a dos restantes meses do ano) e o activismo concreto de Coimbra... Mas o rigor da análise pressupõe sempre, em último caso, que tomemos partido pela nossa tribo. Talvez o que se viva hoje na esquerda estudantil coimbrã seja ainda reflexo de algum "Teixeirismo" moribundo que ainda vai minando muitas cabeças. Uma coisa é, em todo o caso, certa: ontem como hoje, os tinteiros da sede são sempre insuficientes para tanta impressão made in LIT.
18 de novembro de 2011
17 de novembro de 2011
A censura do Vaticano continua
Numa campanha de publicidade realizada pela United Colors of Benetton, aparece uma montagem fotográfica do papa Bento XVI a beijar o Imã do Cairo Zafwad Hagazi. Esta campanha visava sensibilizar contra o ódio, promovendo a tolerância, inclui várias outras figuras, mas não é delas que é importante falar. É importante falar da posição do Vaticano que sempre defendeu, supostamente, a paz e a tolerância entre os povos, as raças, as culturas.
16 de novembro de 2011
Marxismo e as Revoluções Científicas
O problema da falta de paradigma universalmente aceite não é de falta de maturidade das ciências sociais, como propõe T. Kuhn, mas antes da própria natureza do objecto de estudo: a vida social. "A vida social é essencialmente prática”. Ver mais
15 de novembro de 2011
13 de novembro de 2011
The Marxist Critique of International Political Economy
No "One Nation Underdog", Mark Harvey (Senior Faculty Facilitator, Baker University)tem este vídeo curioso em que dá umas luzes sobre a perspectiva marxista da Economia Política Internacional. Trata-se de um vídeo recente, 3Nov2011, que neste momento tem apenas 25 visualizações, mas penso que virá a ter muitas mais pois a olhadela que nos oferece em 12min.42segs. pode ser útil a muita gente como aperitivo para uma aprendizagem mais profunda da questão.
11 de novembro de 2011
Precário? Está Preso!
A justificativa são as dívidas de 50 mil trabalhadores à Segurança Social. O processo de cobrança destas dívidas arrasta-se há 3 anos e entre avanços, recuos e penhoras o anterior e o actual governo recusaram a suspensão da cobrança para averiguar as condições de criação da dívida. Porque é necessário averiguar? Por uma questão de justiça: a maioria destes trabalhadores são tratados como trabalhadores independentes, pagos a recibos verdes, mas tem um horário, um salário, um local de trabalho e cumprem uma hierarquia, ou seja, são “falsos recibos verdes”. E não fosse já o facto de estarem numa situação de precariedade que lhes retira qualquer estabilidade e os direitos mais básicos têm de assumir uma dívida que não é sua. Repito, não é sua. A maior parte desta dívida pertence à entidade patronal, a quem os contratou de forma ilegal, a quem lhes negou um contrato de trabalho e dessa forma ficou dispensado de qualquer contribuição. Se estes trabalhadores tivessem o contrato que a lei impõe veriam a sua contribuição reduzida a 11%, cabendo à entidade patronal os outros 23,75%. É toda a diferença num país com salários de miséria e é essa diferença que os trabalhadores querem ver respeitada com a suspensão do pagamento.
Pedro Mota Soares sabe disto, foi ele o porta-bandeira da bancada do CDS-PP no tema do código contributivo e na “defesa” dos trabalhadores independentes. Quem não se lembra? Acontece que esta semana o mesmo Pedro Mota Soares resolveu dar a esses mesmos trabalhadores uma notícia amarga: ou pagamento ou prisão. É isso que se pode ler numa carta enviada aos trabalhadores que os intima a regularizar as dívidas, quem não o fizer incorre em crime “punível com pena de prisão até três ou cinco anos e pena de multa”. A guita ou o chilindró. Os patrões, os responsáveis pela dívida, esses não receberam carta alguma, não conhecem nem o crime nem o castigo, a redenção está garantida.
À pergunta do porquê de tanta desfaçatez e sordidez neste ataque só há uma resposta. Porque eles têm a força para isso. Para negar os direitos do trabalho e fazer pagar por esse incumprimento. Para cobrar a 50 mil precários mas deixar descansados os 5.000 milhões de Euros de dívidas mal paradas à Segurança Social, quantia essa, na sua maioria, devida por patrões, empresários e empresas à margem da lei. Para nomear um zelador chamado Pedro Mota Soares que não descuida dos seus.
E essa força imensa, que move vidas, só recuará pela organização da nossa indignação. A Greve Geral de dia 24 é para isso mesmo, para juntar forças.
10 de novembro de 2011
Ficção científico-económica
"Imaginemos então que emerge uma nova força política, um partido com características de movimento social." O que defenderia esse partido é mais-ou-menos o que nos diz Bateira nos seus sonhos entre o distópico e o utópico mundo em que existirá um euro-marco e um euro-sul, os arqui-inimigos numa luta cósmica.
Nada de mal em sonhar, pode dar bons livros de ficção científico-económica, pode até ter a utilidade dos cenários plausíveis (1). Porém, não reconhecer a luta de resistência travada pelo povo nas várias posições do avanço social; Acreditar estar ao ataque quando se está à defesa... pode ser útil para muita coisa (va-se la saber pr'a quê); Mas não é inútil para a luta popular e socialista.
Isto pode ser defeito de quem jogou andebol, mas a defesa é o ponto de partida para o contra-ataque. Podes fingir que tens a bola e continuar à frente da baliza do adversário, mas enquanto isso a outra equipa agradece-te o golo que meteu na tua baliza indefesa.
9 de novembro de 2011
Zizek e a indignação
Video "Slavoj Zizek en Occupy Wall Street". Texto roubado ao Esquerda.net
Tom Ackerman: Começamos por perguntar-lhe sobre os violentos tumultos do Verão, em Londres. Aqueles manifestantes tinham uma agenda política?
Zizek: Os manifestantes na rua, o modo como agiram na rua, e falei com manifestantes na rua... Não havia reivindicações, eles não eram sequer capazes de formular reivindicações. Foi pura violência. Não formularam uma ‘causa’, chame como quiser, “somos comunistas utópicos”, ou “somos religiosos”... A única agenda, ali, era pura violência, nas ruas, a agenda era imitar o consumismo. É muito triste...
TA: E aqui nos EUA? Você esteve lá. Viu alguma posição ideológica coerente?
8 de novembro de 2011
A luta permanente
A grande maioria dos estudantes do tempo presente, faz parte de uma geração educada a viver em crise e a ser-lhe submisso. Crise económica, crise política, crise de valores, crise permanente e sem fim anunciado. Mas a crise a que me refiro supera o conceito de instabilidade e de dificuldades económicas em que vivemos. A narrativa da crise permanente é ideológica, porque assenta no preconceito segundo a qual não somos irreversivelmente capazes, enquanto colectividade, de gerar riqueza e valor suficiente para prosseguir a nossa vida."Vivemos acima das nossas possibilidades e por isso todos temos culpas no cartório! Não foi isso que nos ensinaram?".
E se o cenário é este que alternativa nos resta? Os ideólogos da crise permanente num ápice acenam com a resposta: só será possível criar riqueza suficiente se aqueles que a gerarem abdicarem de parte da sua dignidade, quer dizer, se aceitarem que se reduzam directamente os seus salários e pensões ou que o Estado Social, a parte dos salários que é paga ao Estado para que este nos devolva em serviços sociais, seja destruído. Em suma: o caminho para o nosso desenvolvimento colectivo é nas palavras de Passos Coelho o empobrecimento. "Se os ricos ficarem mais ricos à custa do trabalho dos mais pobres, este também acabarão por ganhar com isso. Não foi isso que nos ensinaram?". Depois há a alternativa da capitulação absoluta dada pelo Secretário de Estado da Juventude: os que estão acomodados a esta situação, o melhor que fazem é emigrar.
Mas o efeito mais nocivo da ideologia da crise é que ela é a retórica legitimadora da inevitabilidades dos sacríficios, da austeridade selectiva a que o país está sujeito. Se apenas podemos escolher entre ser pobres porque o país não cresce ou ser pobres porque para crescer o país precisa da nossa pobreza, que mais nos resta se não num laivo patriótico preferir o bem do país ao nosso? "Não foi isso que nos ensinaram? A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né?" Mas terá mesmo de ser assim?
Não é possível obter as respostas correctas se as perguntas forem mal formuladas. Afinal que crise é esta? A austeridade selectiva é inevitável? Que papel podem desempenhar os estudantes e a juventude neste momento histórico que o mundo vive?
A crise, simplificando, nasce nos Estados Unidos e resulta do risco de implosão do sistema bancário norte-americano após inúmeros crimes económicos da autoria dessas entidades. O alarme soa na Europa e como medida de precaução são nacionalizados alguns bancos e outros recapitalizados, com graves prejuízos para os Estados, leia-se, os contribuintes. Os estados endividam-se e lançam as primeiras medidas de austeridade sobre as populações. Em consequência o crescimento económico abranda e muitos países entram em recessão. Recapitalizada a banca, eis que este sector decide investir em títulos da dívida, especulando com dívida dos estados, os mesmo que os salvaram da falência meses antes. O endividamento dos estados foi crescendo na exata proporção da especulação de que foram alvo. As medidas de austeridade vão sendo anunciadas todos os dias. As economias mais frágeis como a da Grécia, Irlanda e Portugal soçobram. Com o risco iminente de incumprimento da Grécia e temendo que um eventual efeito dominó atinja os restantes afectados, é acordado o perdão de parte da dívida da Grécia. Boa vontade dirão alguns, mas apenas se esquecerem que esse perdão terá de ser compensado pelos estados à Banca através de novas recapitalizações e medidas de austeridade. Desorientado o primeiro-ministro grego anuncia um referendo nacional ao novo plano de austeridade, mas depressa é coagido a desistir dele sob a chantagem de ver cortado o pagamento do empréstimo à Grécia, na eventualidade de a população grega recusar novas medidas de austeridade.
É esta a crise que vivemos e as respostas que lhe foram dadas. Dizer que elas são inevitáveis é ser cúmplice com esta espiral de empobrecimento generalizado, é assumir uma postura de submissão perante a injustiça e crueldade social e é desistir do ideal de progresso colectivo das sociedades. Mais grave do que tudo, e a história demonstra-o, é que nenhuma democracia resiste a tão longo ciclos de empobrecimento. A austeridade é hoje a face presente do autoritarismo futuro e o exemplo do referendo grego fala por si.
O exemplo grego é o equivalente para nós a um filme cujo final podemos conhecer e ainda temos oportunidade de o alterar. Portugal é o primeiro país desde o século XIX a impor aos seus trabalhadores o acréscimo da sua jornada de trabalho e ainda por cima trabalho gratuito. Os subsídios de férias e natal, justificados não por boa vontade das entidades empregadoras, mas por questões de produtividade e sobretudo pelas lutas seculares do movimento operário internacional não voltarão a ver a luz do dia no nosso país, por muito que nos digam que o corte é provisório. Em todas as conversas que vamos tendo, sentimos o desânimo das pessoas, em particular dos jovens, à espera da primeira oportunidade para sair do país. Como diria José Mário Branco, "não pode haver razão para tanto sofrimento".
E a juventude? E os estudantes que palavra têm a dizer neste contexto? Resignam-se com o "pão e vinho sobre a mesa" enterram a cabeça na areia como a avestruz e fingem que estes problemas não são deles, ou tornam-se sujeitos de transformação desta realidade? E a austeridade terá alguma coisa a ver connosco enquanto estudantes?
Há mais de duas décadas que as discussões sobre o Ensino Superior tem andado à volta dos cortes efectuados pelos sucessivos governos na Universidade Pública. De um princípio ideal de apoio às famílias mais carenciadas, como forma de corrigir as desigualdades económicas no acesso à Universidade, passamos neste período de tempo, a um modelo que é ele próprio a raiz dessa desigualdade.
Primeiro vieram as propinas, ainda com um preço simbólico, retoricamente legitimadas pela necessidade de uma pequena contribuição dos estudantes para o aumento dos índices de qualidade das Universidades. A verdade, porém, é que essa acréscimo de qualidade a existir vive clandestinamente nos corredores das faculdades sem que ninguém sinta a sua presença e o preço das propinas dos 6 euros iniciais fixa-se hoje nos 999,17E, tendo subido relativamente ao ano anterior 12.83 cêntimos. Neste ano lectivo, a receita global das propinas pagas pelos estudantes do ensino superior deverá subir 65 milhões de euros. De acordo com as contas que o Governo inscreveu na proposta de Orçamento do Estado para 2012, o total das contribuições pagas pelos alunos deverá chegar aos 317 milhões de euros, o que representa um crescimento inédito de cerca de 26% face a 2010 e que mais do que triplica o valor atingido em 2003 (101 milhões de euros), ano em que a nova Lei de Financiamento do Ensino Superior actualizou as propinas e entregou às universidades a responsabilidade de fixar anualmente o seu valor. De 5% do PIB em 2010, as despesas do Estado com a educação passarão a representar apenas 3,8%. Na UE, a média é de 5,5%. Por outro lado, nos últimos dois anos têm sido efectuados cortes brutais no financiamento das Universidades, colocando o valor das dotações orçamentais em níveis próximos aos de à 15 anos. Por isso, risco de encerramento das Universidades deve ser encarado como uma realidade cada vez mais próxima.
E acção social escolar que é feito dela? Há um ano produziam-se discursos inflamados pelos nossos dirigentes associativos contras o Decreto-Lei 70/2010, insurgindo-se mesmo contra a possibilidade de poderem ser cumplices do abandono de um só estudantes da Universidade por razões económicas. Só o ano passado foram cerca de 30 mil a perder a sua bolsa ou vê-la diminuída. Uns passarão longos calvários de dificuldades, com consequências no seu rendimento académico. Outros, pura e simplesmente, abandoram a universidade. Este ano persperctiva-se que mais 10 mil estudantes perderão a sua bolsa de estudo de acordo com as novas regras. Em dois anos os custos de frequência na Universidade subiram drasticamente e em contrapartida 40 mil estudantes perderam a sua bolsa ou viram-na diminuir. Em consequência, este foi o primeiro ano da história da nossa democracia em que o número de candidatos ao Ensino Superior diminui. "Não nos chega para o material escolar? Antes nos livros do que na renda da casa? Não te chega para a renda da casa? Antes na renda da casa do que nas propinas? Não te chega para as propinas? Antes nas propinas do que nas cantinas? Não foi isto que nos ensinaram?" Queremos mesmo ser o suporte passivo deste modelo de desenvolvimento?
E eis que chegamos à pergunta fundamental: Que fazer? Sabemos desde já o que não fazer, ou seja, ser acriticamente submissos à ideologia da crise. Neste momento é imperioso que nos reeduquemos reivindicativamente. As ideologias da crise permanente e da inevitabilidade da austeridade selectiva deixaram feridas por cicratizar no movimento de resistência popular, enfraquecendo a legitimidade dos pólos habituais de representação cívica, gerando um vazio. Acontece que, em política o vazio é rapidamente preenchido e sem que muitos de nós se apercebesse, o espaço que deixamos pela nossa passividade reivindicativa foi aproveitado pelos sucessivos governos para imporem a sua agenda de neo-liberalização da sociedade e de delapidação da Universidade Pública. É assim a luta social. Quanto mais frágil a nossa resposta, mais brutal a resposta do nosso oponente.
A ideologia da crise permanente só pode ter como resposta a luta permantente. Mas o que é a luta? É o processo de contestação organizado, duradourp e consistente daqueles que "sentem uma força a crescer-lhe nos dedos e uma raiva a nascer-lhe nos dentes" à medida que vão presenciando a injustiça tornar-se regra na sua vida.
Mesmo ferido e fraco, o que não se submete ao autoritarismo da injustiça, luta. Junta forças em todos os sectores, organiza o seu, mas não exclui à partida ninguém. As vitórias históricas dos estudantes só o serão se conseguirem mobilizar para as suas causas toda a população e se não ignorarem que hoje, mais do que nunca, as causas da população também são suas. A conjugação de esforços é o caminho.
Assim, os estudantes devem ter um papel activo na próxima Greve Geral convocada pelas duas centrais sindicais, evidenciando a sua solidariedade com a população em geral, mas também com os trabalhadores das suas faculdades. Uma primeira grande vitória foi a adesão da Associação Académica de Coimbra a esta greve geral na última Assembleia Magna, rompendo inclusive com as posições que tomara no passado. "Que cem academias adiram e que cem austeridades caiam ".
Nota: intervenção na última Assembleia Magna da AAC, excepto a parte final a itálico.
7 de novembro de 2011
MIT ,REFER E EDP encontram a solução para acabar com os buracos financeiros nos transportes públicos
Está convidado a participar no nosso inquérito "Rail Bike Adaptor - RBA".
Neste questionário, sugerimos que complete questões gerais e específicas acerca do desenvolvimento de um veículo/protótipo a pedais para circular em linhas férreas abandonadas.
Este projecto insere-se no Programa de Doutoramento MIT-Portugal 2011, sendo desenvolvido em colaboração com a EDP e REFER.
4 de novembro de 2011
"Os signatários reconhecem a necessidade de medidas de austeridade, mas aquelas medidas são excessivas e iníquas"
3 de novembro de 2011
Isto não é neoliberalismo!
Atenas e os seus territórios circundantes são identificados como o berço da civilização como o concebemos na esfera ocidental. Não é por acaso, que o Império Romano quando invade Atenas é aculturado pelos ocupados.
Mas o que no passado longínquo serviu de ensaio inspirador para novas experiências democráticas e de progressos científico, cultural e intelectual é contemporaneamente um imenso laboratório político e económico.
Vamos por partes. A soberania popular, a democracia pluripartidária, as liberdades colectivas e individuais e o ideário do progresso e desenvolvimento constante formaram o grosso do espírito político dos Estados no período pós-guerra. O Ocidente adoptara esse modelo como o seu e atribuiu-lhe carácter normativo, todos os outros seriam embutidos de vícios e de comportamentos desviantes. O triunfo do neoliberalismo e consequentemente do neoconservadorismo, vieram alterar algumas peças a esse modelo, apesar das transformações (essencialmente na criação de novos espaços de acumulação e na desregulação total das relações sociais) o essencial como modelo para o imaginário colectivo manteve-se.
A explosão da bolha imobiliária, as crises financeira e das dívidas soberanas, deram o mote para a procura de um novo modelo social e económico capitalista, é arriscado totalizá-lo mas podemos perfeitamente identificar os rumos que pretende tomar e defini-lo como austeritário – austeridade e autoridade permanente no campo social e económico. Se o capitalismo de pacto capital/trabalho do pós-guerra foi sucedido pelo neoliberalismo (e demais derivações), este último está de todo em fase de mutação para ganhar forma no supracitado. E se o anterior foi testado no Chile, podemos afirmar que o posterior tem como sua primeira grande experiência a Grécia.
O país encontra-se há dois anos sob um apertado plano de austeridade, o erário público foi completamente esventrado, os direitos sociais aniquilados, o tecido produtivo destruído e o desemprego encontra-se nos 16%. O panorama geral é de total regressão civilizacional e de descrença global nas orientações económicas impostas pelo governo grego e pelas instâncias internacionais e europeias. Diversas sondagens demonstram que larga maioria do povo rejeita as receitas aplicadas enquanto a popularidade do executivo nunca esteve tão baixa. Ao que se somam imensas greves gerais, protestos, tumultos e uma luta popular constante.
No calor desta conjuntura Georgios Papandreu, anunciou a realização de um referendo sobre a nova “ajuda” financeira. Os mercados, o eixo franco-alemão, partes do próprio governo e do PASOK não gostaram. O primeiro-ministro retirou a proposta e anunciou negociações para a criação de um governo de unidade nacional (em princípio constituído pelo PASOK – no governo - e pela Nova Democracia – oposição de direita).
Regressemos ao modelo. A Grécia assemelha-se a uma província colonial, comandada pela metrópole Berlim-Paris, mercados financeiros e instituições estrangeiras, as suas decisões políticas autónomas nada valem se não condizerem com as orientações exteriores. A soberania popular é meramente fictícia. Os direitos sociais e económicos são puramente formais e o mais relevante de tudo, o desenvolvimento progressivo e a promessa de um futuro melhor foi substituído pelo empobrecimento necessário e sacrifício geracional, o que não se coaduna a longo prazo com a convivência democrática. É a sua completa antítese e a demarcação mais clarividente da ideologia neoliberal - que sempre prometeu futuros gloriosos, baseados nas leis do mercado, na iniciativa privada, desde conjugada com esforço e mérito.
Apenas regimes ditatoriais conseguem governar a longo prazo, com este grau de agressividade e brutalidade, contra o seu povo, sustendo o descontentamento com repressão, perseguição, medo e terror, a história assim o demonstra cruelmente.
Quer isto dizer que regressaremos aos inícios do séc.XX? A história não se repete e o determinismo puro como grelha analítica não ajuda. No entanto, os rumores de movimentações de generais, aliados a avisos passados da CIA sobre tentativas de golpe de estado, não auguram nada de bom. Mas se o muscular institucional é inevitável para manter este programa de extorsão social - os governos de unidade nacional em situações de crise são uma manifestação clara disso – a redacção do futuro às massas pertence.
Uma coisa é certa, isto não é neoliberalismo!
Publicado na comuna.net
2 de novembro de 2011
Obviamente demita-se!
Durão Barroso é a imagem acabada da política europeia nos dias que passam. A sua palavra é repetição, a sua acção é mimica e a sua legitimidade é uma ficção. Ao nosso Manel restava a nobreza de pôr no papel aquilo que Merkel e Sarkozy lhe fizeram há mais de um ano, demitir-se. Mas como diz o ditado albanês: quem nasceu para mordomo…
1 de novembro de 2011
A água é de todos
Em todo o mundo, a luta pelos direitos à fruição da água, contra a privatização, tem conseguido inúmeras vitórias reconquistando os serviços públicos. Também em Portugal é possível travar a ofensiva privatizadora alertando e mobilizando as populações.
Defendamos a água que é de todos, recuperemos a que nos foi roubada!
Pela água de todos e para todos, juntos venceremos!