10 de dezembro de 2011

Luto político





"Sob a influência da traição e da degenerescência das organizações do proletariado nascem ou se regeneram, na periferia da IV Internacional, grupos e posições sectárias de diferentes géneros. Possuem em comum a recusa de lutar por reivindicações parciais ou transitórias, isto é, pelos interesses e necessidades elementares das massas tais como são. Preparar-se para a revolução significa, para os sectários, convencerem-se a si mesmos das vantagens do socialismo. Propõem voltar as costas aos "velhos sindicatos", isto é, às dezenas de milhões de operários organizados, como se as massas pudessem viver fora das condições da luta de classes real! Permanecem indiferentes à luta que se desenvolve no seio das organizações reformistas, como se pudéssemos conquistar as massas sem intervir nesta luta! Recusam-se a distinguir, na prática, a democracia burguesa do fascismo, como se as massas pudessem deixar de sentir essa diferença a cada passo.


Os sectários só são capazes de distinguir duas cores: o branco e o preto. Para não se exporem à tentação, simplificam a realidade. Recusam-se a estabelecer uma diferença entre os campos em luta em Espanha pela razão de que os dois campos têm um carácter burguês. Pensam, pela mesma razão, que é necessário ficar neutro na guerra entre o Japão e a China. Negam a diferença de princípio entre a URSS e os países burgueses e recusam-se, tendo em vista a política reaccionária da burocracia soviética, a defender contra o imperialismo as formas de propriedade criadas pela Revolução de Outubro.


Incapazes de encontrar acesso às massas, estão sempre dispostos a acusá-las de serem incapazes de se elevar até as ideias revolucionárias.

Uma ponte, sob a forma de reivindicações transitórias, não é absolutamente necessária a esses profetas estéreis, pois não se dispõem a passar para o outro lado do rio. Não saem do lugar, contentando-se em repetir as mesmas abstracções vazias. Os acontecimentos políticos são para eles ocasião de tecer comentários, mas não de agir. Como sectários, os confusionistas e os fazedores de milagres de toda espécie recebem a cada momento chicotadas da realidade, vivem em estado de continua irritação, queixando-se sem cessar, do "regime" e dos "métodos" e entregando-se a intrigazinhas. Nos seus próprios meios exercem um regime de despotismo. A prostração política do sectarismo apenas completa, como a sua sombra, a prostração do oportunismo, sem abrir perspectivas revolucionárias. Na política prática, os sectários unem-se a todo o instante aos oportunistas para lutar contra o marxismo.


A maioria dos grupos e grupelhos sectários desse gênero, que se alimentam das migalhas caídas da mesa da IV Internacional, levam uma existência organizativa "independente", com grandes pretensões, mas sem a menor hipótese de sucesso, Os bolcheviques-leninistas podem, sem perder seu tempo, abandonar tranquilamente estes grupos à sua própria sorte.


Entretanto, as tendências sectárias encontram-se também nas nossas próprias fileiras e exercem uma funesta influência sobre o trabalho de certa secções. É uma coisa que é impossível suportar mais um só dia. Uma política justa quanto aos sindicatos é uma questão fundamental para pertencer à IV Internacional. Aquele que não procura nem encontra o caminho do movimento de massas não é um combatente, mas um peso morto para o Partido. Um programa não é criado para uma redacção, uma sala de leitura ou um clube de discussão, mas para a acção revolucionária de milhões de homens. "


in: Programa de Transição, 1938


Até amanhã, camaradas!

2 comentários:

  1. "Sobre Portugal, também se abordou o caráter da situação política e, a partir dessa definição, como ordenar as consignas dentro do programa a propor às massas. Neste sentido, deu-se outra discussão sobre que localização (na agitação ou na propaganda) deve ter as consignas de poder. Isto é, que papel teriam palavras de ordem como: Por um governo operário e popular. Definiu-se que a situação é pré-revolucionária e que as consignas de poder ainda estão no terreno da propaganda, ainda que sejam muito importantes para ir disputando a vanguarda."

    X Congresso da LIT-QI.

    Assim anunciava a FER no congresso da sua internacional, há 1 mês atrás, a sua táctica para Portugal. È tudo progranda camaradas, tudo propaganda!

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  2. Atão não morreu ninguém?

    primeiro parecia que os políticos estavam extintos

    afinal tavam só escondidos desde 1938....

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