3 de abril de 2010

Interpelação à mesa

Carlos Vidal disse...
É um pouco como diz o comentário acima: eh pá, enterrem lá todos, mas todos mesmo: Sain-Just, Danton, Marat, Robespierre, os comunnards, Louise Michel, Rosa, Liebknecht, Durruti, Castro, Guevara, Lenine, Estaline, Mao, Gramsci, Lukács, Pasionaria, a minha prima... Depois, riam-se do trabalhinho. Giro, o blogue. Repete tudo o que já existe, sem o perceber.
1 de Abril de 2010 13:46
http://adeuslenine.blogspot.com/2010/03/teste.html#comments

O estilo exótico-provocador de Carlos Vidal valeu-lhe um espaço na blogosfera portuguesa, e aprecio que tenha transportado a sua imagem de marca até aos pergaminhos electrónicos da nossa caixa de comentários. Se criasse mais-valia com o aumentar das visitas teriamos que lhe agradecer de outra forma, talvez robalos como está na moda.

Centrando-me no "debate" ao qual CV pratica mecenato: até que ponto é possível num quadro de referência ideológica ter de forma consistente Lenine e Estaline? É teoricamente simples basta ignorar isto:

Me refiro à estabilidade como garantia contra a ruptura em um futuro próximo, e tenho a proposta de colocar aqui várias considerações de índole puramente pessoal. Creio que o fundamental no problema da estabilidade, desde este ponto de vista, são tais membros do CC como Stálin e Trotsky. As relações entre eles, a meu modo de ver, encerram mais da metade do perigo desta divisão que se poderia evitar, e a cujo objetivo deveria servir entre outras coisas, segundo meu critério, a ampliação do CC a 50 ou até 100 membros.

O camarada Stálin, tendo chegado ao Secretariado Geral, tem concentrado em suas mãos um poder enorme, e não estou seguro que sempre irá utilizá-lo com suficiente prudência. Por outro lado, o camarada Trotsky, segundo demonstra sua luta contra o CC em razão do problema do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, não se distingue apenas por sua grande capacidade. Pessoalmente, embora seja o homem mais capaz do atual CC, está demasiado ensoberbecido e atraído pelo aspecto puramente administrativo dos assuntos.


in Carta ao Congresso, Lenine

O desfecho da história já todos conhecemos, e certamente que CV se lembra que a Carta ao Congresso se torna o único documento de Lenine proibido de ser difundido na URSS durante a era de Estaline.
Ainda sobre o tema de enterrar e desenterrar, saltando de Lenine para Rosa Luxemburgo e Karl Libknecht, o KPD a quem deram origem e pelo qual perderam a vida viu os seus militantes serem assassinados, torturados e a sua organização proibida pelo regime com quem Estaline faz um pacto - podendo-se ainda recuar um bocado e relembrar este excelente post de Miguel Serras Pereira no 5 dias:
Assim, os comunistas unir-se-iam aos nacionais-socialistas para combater o fascismo! Esta aproximação culminou na votação conjunta dos deputados comunistas e dos deputados nazis destinada a derrubar o governo de von Papen, na sessão parlamentar de 12 de Setembro de 1932. […] Não faltaram então, na esquerda internacionalista, vozes a prevenir que o Partido Comunista estava apenas a ajudar o nacional-socialismo, mas se os avisos de Rosa Luxemburg, de Paul Levi, de Pfemfert, de Clara Zetkin e de tantos outros haviam sido inúteis, estes foram-no também
Enfim e assim se podia continuar meses a descrever e a argumentar o porquê de fazer tão bem à esquerda revolucionária o enterro de algumas personagens.
Porém não resisto em colocar mais uma questão:
Já agora CV também podia ter acrescentado Slavoj Zizek, Alain Badiou, Ránciere, David Harvey, Eric Hobsbawn, Marx ... esses também não abandonamos.

14 comentários:

  1. Obrigado, Fabian, por teres sido tu o primeiro a escrever Zizek neste blog... Disso já não serei acusado. Acabas de abrir a caixa de Pandora ou, noutras palavras, deste a primeira trinca no fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal: seremos expulsos do paraíso do comunismo futuro ;)

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  2. ...de figuras regimentais-tipo do parlamentarismo burguês gostas tu.

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  3. Anónimo quando faltam argumentos recorres à parvoíce tudo bem terás sempre liberdade nestas caixas de comentários para a explanares.

    Carlos Vidal também não sei. mas há alguém do cinco dias que fala nele aqui: http://5dias.net/2010/04/03/a-democracia-e-uma-palavra-totalitaria-e-fascizante/ conheces?

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  4. justo. como tu tens para explanar a tua nas assembleias magnas.

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  5. eu tenho por hábito dar a cara, é uma questão de personalidade.

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  6. antes tivesses, antes tivesses...

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  7. Pois é caríssimo, pois é, só li essas três ou quatro ou cinco linhas do senhor, e desse livro. Escreveu mais coisas? Parece-me interessante.

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  8. Deve ser um gajo porreiro.
    Para vocês o apreciarem, gostarem dele.
    Também é dos que dizem "adeus Lenine"??

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  9. Carlos Vidal para um comunista olha as coisas (neste caso, neste blogue) com demasiada superficialidade. Depois surpreende-se.

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  10. Nada surpreendido, eu.
    Apenas perguntei, porque conheço mal, se o tal de Badiou também diz "adeus Lenine".
    E ninguém me esclareceu sobre isso aqui nesta casa.
    Acho mal, democracia também é partilhar saberes.
    E como eu gostava de os ter.
    (E o outro com o nome esquisito, Tsétsé não é?, tb diz adeus?)

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