De forma genérica a economia portuguesa tem duas grandes características, é uma enorme fábrica de pobres, precários e desempregados e um excelente biótopo de grandes negócios.
Mas vamos por partes na análise.
Os últimos governos pouco se têm distinguido nas estratégias económicas estruturais, o favorecimento aos setores monopolistas tem vindo aliado a uma crescente deslaboralização do trabalho, colocando-lhe o ónus da competitividade. Favorecem-se os donos de Portugal, entregando-lhes os sectores estratégicos da economia nacional, geralmente isentos de risco, necessidade de investimentos arrojados e concorrência, concomitantemente reduzem-se os custos do trabalho, os direitos laborais e sociais e as obrigações do Estado no campo dos serviços públicos.
Não é por obra do acaso que Portugal tem lugar no pódio europeu das assimetrias sociais e a burguesia mais lúmpen e rentista do velho continente. Se os grupos Sonae, Mello, Jerónimo Martins e Amorim projetam os seus proprietários para as listagens da Forbes, não foi de longe pela sua capacidade visionária ou pela mais-valia gerada através dos inovadores bens transacionáveis que produzem. Caso contrário, não seriam recetáculos de monopólios estatais privatizados, promotores de subemprego e os mais beneficiados com as sucessivas reformas do código do trabalho e com a impunidade fiscal. Os sucessivos governos de geometria variável ao centro têm sido os seus melhores procuradores, é preciso reconhecê-lo, era complicado demonstrar mais dedicação de classe.
Mas o que tem tudo isto a ver com a RTP?
Tudo. A privatização deste canal público é ilustrativa do funcionamento dos grandes negócios em Portugal. Tudo aponta para que a rifa da lotaria certa vá sair ao novo parceiro de eleição: o capital angolano. Mas, independentemente do comprador é já certo que usufruirá de todos os benefícios e garantias de sempre, foi isso que António Borges fez questão de frisar na sua entrevista à TVI.
Vejamos, o governo pretende concessionar o canal público por um período entre 15 a 20 anos, abdica de qualquer encaixe financeiro e ainda lhe entrega a taxa de televisão – que todos nós pagamos mensalmente através da fatura de eletricidade – estimada em 140 milhões de euros ano. O consultor justifica a proposta por ela ser “uma hipótese muito atraente” e por permitir melhores condições de gestão da empresa. Borges tem razão, a proposta é olimpicamente atraente: a transferência de posse é gratuita, o adquirente recebe um imposto por inteiro e a garantia de lucros certos. É o sonho húmido de qualquer empresário.
Ao mesmo tempo encerra a RTP2, acabando com cultura e a diversificação informativa e programática em canal aberto, Portugal passa a ser o único país europeu sem um serviço público de televisão, mas podemos ficar descansados, provavelmente continuaremos a ter direito ao “Preço Certo em Euros”.
A economia pode estar em coma, o desemprego galopante, a precariedade como norma no mercado de trabalho, o saldo migratório próximo da realidade dos anos sessenta, mas o país continua a ser um éden para negociatas.
se os taes RTP's de precários e os 2000 do quadro
ResponderEliminardessem 1% dos 100 milhões de salário e 1% dos 30 milhões extra para os 20 mil desempregados no RSI ou sem ele que aqui pululam
é claro que 1 milhão e 300 mil para 20 mil não dá muito
56 euros por ano para pagar IVA e ovos e pão a 50% de desconto em cartão
mas olha que o tio Jerónimo e o tio Loução adeviam ver que esses 56 dão bué aos gaijos que têm a água da empresa púbica cortada
e que se vão mudando lentamente para as fábricas abandonadas e abarracadas há 20 anos atrás
é que ali antes de meterem o bairro social em cima
havia fontes de água engarrafável
agora há poços e furos ilegaes
já há 30 o que para 300 pessoas (e trinta romenos) é pouco
ódespois os romenos mordem quando nã têm iágua
ontem mais dois tropeçaram e cairam
até os 300 mil do cabeleireiro davam jeito
o pessoal aqui tamém lê o correio da manhã
TELEVISÃO nem todos cas barracas nem todas têm Tdt
e as puxadas de electricidade que a EDP não corta
são levadas pelos artistas do cobre (vulgo Cu)