3 de abril de 2012

E as Europeias aqui tão perto

Por estes dias um telespectador mais desavisado em pachorrenta tarde de domingo poder-se-ia espantar com a presença de um teórico anarquista sentado à cadeira de um programa tragicómico que é transmitido pela SIC notícias. Pelo que se deu a perceber a presença era por destacamento, em substituição do comentador habitual (o que já havia acontecido no passado). Mas mais do que a presença, importa referir a fala do teórico anarquista. Dizia ele que não existe alternativa à esquerda porque a esquerda não se leva a sério como alternativa, ela não expurga os seus pecados nem referenda internamente as suas diferenças – por esquerda entendia-se, atente-se bem, o PS, o PCP e o BE – pois, vejam só, passado quase um ano das eleições Seguro não firma os arreios do PS e o BE (gente imponderada) por e simplesmente não reflecte sobre a sua derrota. O PCP, pronto, não se fale mais nisso.

Ora, o mesmo telespectador que na segunda-feira de labuta se transmutou em leitor do Público teve uma segunda surpresa, lá está novamente o teórico anarquista. Desta vez o teor da fala é laudatório e dirigido a Ribeiro e Castro (político com P maiúsculo) e Isabel Moreira, que mostraram aos seus respectivos grupos parlamentares a quem pertence o voto do povo, votando contra a proposta de Código Laboral. Estes dois cavaleiros da esperança independentista marcharam contra aquilo que este anarquista e teórico chama de “feudalismo na política”, que atinge tudo e todos e ainda por cima, o Bloco de Esquerda, que mais uma vez não reflecte, por e simplesmente não reflecte (gente disparatada).

O teórico anarquista fecha o texto com um aviso sério: “trinta e oito anos de democracia ainda não chegaram para Portugal se convencer de uma coisa: quando as pessoas são propriedade dos partidos, somos nós que acabamos escravos.” Se somos nós o “Portugal” ou o “nós” que acabaremos escravos não se percebe, a única certeza é que as pessoas e partidos andam irremediavelmente desavindos. Um aviso sério. O telespectador, leitor e eleitor deve pensar nisto, pois não quer acabar “sendo um servo voluntário do baronete ou do tiranete de serviço” como diz o teórico anarquista, e deve pensar rápido pois veja só, as Europeias aqui tão perto.

1 comentário:

  1. Não pagamos...a europa que pague por nós

    é a bíblia maçónica segundo Sou Ares
    Pagar?
    Paguem vocês...

    Votar?
    Votem vocês....

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