15 de agosto de 2011

O que é que os monárquicos andam a fumar?




"Tenho uma opinião que talvez possa ser considerada polémica. Há uma lei que nunca ninguém conseguiu mudar. É a lei da oferta e da procura. Enquanto houver procura, vai sempre haver oferta e enquanto houver pessoas que queiram consumir droga, haverá sempre quem a venda. Por isso, o problema terá de ser resolvido a nível do consumidor. Um adulto que queira consumir drogas leves — e isso não influencie de modo nenhum os adolescentes a consumi-las —, não vejo como se possa proibir. Não faz sentido proibir adultos de fumarem marijuana, acho eu. No entanto, admito o outro lado do problema, ou seja, se hoje quase é proibido o uso do tabaco é porque o tabaco faz mal aos mais jovens. Será que com a legalização do consumo de marijuana é possível evitar que ela seja consumida por adolescentes, a quem efectivamente faz muito mal? O mesmo problema põe-se para o álcool. Penso que mais cedo ou mais tarde vai ser autorizado o consumo controlado de marijuana." Duarte Pio de Bragança

Recebi esta informação (não via 31 da Armada mas) via Rodrigo Rivera - agradeço-te, Rodrigo, esta pérola ;)

Parece que temos aqui um aliado para uma luta unitária pela legalização das drogas leves. Mas como em qualquer luta social, os aliados de uma luta são os adversários de outra e uma coisa não invalida a outra (ver um apontamento sobre partidos e movimentos).

Vejamos o que pensa sobre o casamento livre: "A instituição casamento existe especificamente para proteger os filhos. Esse é o verdadeiro casamento. Como essas uniões não têm por objectivo a procriação, acho que não se deviam chamar casamento." Pois, é isso mesmo, já era esperar de mais do pretendente...

Já agora.. ainda sobre a monarquia:

A questão principal que destrói a ideia de monarquia do ponto de vista socialista nem é a hereditariedade (há monarquias electivas) ou mesmo o tradicionalismo pois a questão principal é a rejeição da ideia da neutralidade e do imaculado-suprapartidarismo na chefia de Estado.

Duarte Pio de Bragança até pode deixar mais ou menos claro o que pensa: "moralmente, sou conservador, mas política, económica e socialmente sou mais reformador. Existem aspectos em que me revejo mais no pensamento socialista". É uma posição política discursivamente centrista que independente da sua sinceridade ou não é uma posição política. O que não é é uma não-posição-política, é que a própria neutralidade e o silêncio (especialmente em quem está na chefia de Estado) influenciam sempre a luta política, a favor de uma parte ou de outra. ~


A posição política que se visse mais defendida na "neutralidade" ou na "actividade" do/a monarca teria garantida a chefia de Estado em permanência e com uma suposta superioridade. Por que razão? É um problema de raíz e que marca bem a fronteira da esquerda, é a nossa "genética" radical, já marcada na topografia da Assembleia Nacional francesa, de facto há partes que disputam o poder e ninguém está a cima das partes.

Um monárquico e crítico da "visão geométrica da política", com quem muito aprendi, ensinou-me nas aulas de Ciência Política que: "Cabe à França ter caracterizado as opiniões políticas a partir da topografia da Assembleia Constituinte. De um lado a direita, dita dos aristocratas ou dos noirs; do outro, a esquerda dita dos patriotes; não tarda que se distingam os reacteurs ou reactionnaires dos progressistes; e depois virá o termo conservateur para qualificar todo e qualquer adversário do changement."

Baron de Gauville disse, pelo menos conforme a versão inglesa da wikkipédia (em francês não encontrei, mas é plausível pois o tal Barão era dos tais que estava naquela primeira direita, que defendia o direito de veto do rei, com oposição da esquerda): "We began to recognize each other: those who were loyal to religion and the king took up positions to the right of the chair so as to avoid the shouts, oaths, and indecencies that enjoyed free rein in the opposing camp".

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