A injecção de capitais públicos na industria financeira irlandesa ascende a 46 mil milhões - para quem não tem noção da ordem de grandeza, é MUITO DINHEIRO, equivale a 1/4 do PIB português.
A Irlanda foi um bom aluno - cumpriu as ordens do défice, reduziu salários e seguiu a receita FMI deste o inicio - mas os juros no mercado secundário não pararam de subir, e o PIB não parou de encolher. A situação nos mercados financeiros está longe de estar resolvida e deve-se em parte à excessiva liberalização do sistema financeiro existente antes da crise.
A Islândia contornou o FMI. Recusou as condições impostas e implementou as suas. Fez um referendo e decidiu não pagar as dividas do sector financeiro ao exterior, tendo reestruturado as restantes.
Se o FMI não resolve o problema da divida, aumenta o desemprego e a pobreza. Se não resolve o problema dos juros, que continuam a aumentar na Irlanda, nem do crescimento, então para que serve? Na mesma lógica, para que servem as imposições da Comissão Europeia através do fundo de estabilização que, em coligação com o FMI deverá intervir em Portugal?
A consolidação orçamental é um instrumento, um factor a ter em consideração. Quando se torna o objectivo último de toda a política económica, vai acabar a exigir que sacrifiquemos a economia em seu nome.
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