19 de janeiro de 2011

Faz-se o que se pode, quando não se quer fazer por mais

Quando o argumentário chega a este ponto e se estende por este caminho , é necessário levar-se uma lanterna para o debate para se-o poder acompanhar, tal é a baixeza da latitude retórica.

Não procuro colocar ninguém neste blogue, num pedestal ou numa torre de marfim, no que toca à sua forma de discussão e como se entende por estas bandas expor ideias.

Grande parte do que ainda se pode ter a dizer sobre este debate, versará sempre em torno do que muitos disseram na caixa de comentários do primeiro post supracitado, pelo que me ficarei por algumas questões.

"E o Bloco de Esquerda que papel cumpre no actual panorama político? Conseguirá dormir sabendo que apoia o mesmo candidato que uma parte dos coveiros da classe trabalhadora? Dos que lançaram a polícia contra os que lutam?"(1)

Quem apoiou o PCP definitivamente em 1980 e em 1991?

Que Partido/Governo reprimiu estes trabalhadores ? E qual é o partido irmão português?

Se aplicarmos o quadro de referência de Bruno Carvalho, este será culpado pela repressão de cada trabalhador em cada país em que um partido "irmão" do PCP esteja no poder. Da África do Sul à China, sem nunca esquecer Angola e o Laos.

E já agora, também pode ser responsabilizado pelos funerais da classe trabalhadora portuguesa, porque o PCP e Francisco Lopes estiveram na primeira volta com Ramalho Eanes e com Jorge Sampaio. E o que dizer dos trabalhadores lisboetas e das coligações PS/PCP para a Câmara. Sem falar nessas imensas coligações pós-eleitorais com o PSD nas autarquias. E o que dizer da carga policial do dia 20 de Outubro de 2004 no Pólo II da Universidade de Coimbra? Curiosamente o Reitor Seabra Santos é militante do PCP, e já agora, o então Vice-Reitor Avelãs Nunes , foi mandatário da CDU nas Europeias de 2009.

E assim é o debate quando ele não salta fora do simplismo.

Mesmo assim, deixo aqui isto:

"o que se passou ontem foi abuso de poder por parte da polícia"

Manuel Alegre critica confrontos entre polícia e manifestantes junto à residência oficial do PM

9 comentários:

  1. BE e PCP são essenciais na democracia portuguesa. São os únicos que, cada um à sua maneira, defendem na AR a voz dos oprimidos. Bem, justiça seja feita também aos Verdes.

    É uma tolice, na minha opinião, haver críticas sectárias e ferozes reciprocamente. O verdadeiro inimigo é a direita.

    A bem da verdade, e na minha opinião, o BE errou ao apoiar o Alegre. Em eleições anteriores provou que dispõe de excelentes candidatos (Fernando Rosas e Francisco Louçã foram bons exemplos), e outros há nos seus quadros de elevado nível. O BE não precisava de apoiar o mesmo candidato que recebe o apoio do governo e que, convenhamos, é bastante mais ambíguo do que as posições correctas que o BE normalmente assume ao lado do povo.

    Ao apoiar um candidato ambíguo, não totalmente voltado à esquerda, o BE tornou-se ele próprio ambíguo. Porém, quero crer que é uma situação conjuntural, não estrutural.

    De resto, as esquerdas devem manter-se unidas, porque são muito mais as razões que as unem do que as que as dividem. Em particular no caso do BE e da CDU.

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  2. Um título vale por mil palavras e este dava um análise freudiana de grande fôlego e maior profundidade. Terás noção que o escreveste?

    Renato Teixeira

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  3. Gostei do rebate de memória sobre o PCP, muito assertivo, mas para quem prega debates à esquerda a mesma crueldade se esperaria face ao PS, seus governos e candidatos.

    Apenas um retoque na questão de Coimbra, a bem da roupa toda lavada, o candidato a reitor apoiado pelo BE defendia a aplicação das propinas, e no debate eleitoral deixou claro que não teria problemas em chamar a polícia para fazer cumprir a lei do governo. Além disso, para que não esqueçamos mesmo de nada, vários foram os professores do BE a tentar furar greves de estudantes e a defender o fim das invasões do senado, que no parlamento e depois do incidente que falas deixou o PS antecipar o voto de protesto contra a carga policial.

    Renato T.

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  4. Fabian Figueiredo, escusa de pôr murais do PCP a embelezar o seu cardápio demagógico. Nunca o PCP esteve a favor das posições que tomou o reitor de Coimbra aquando das propinas e da repressão policial.

    De qualquer forma, como já expliquei, em determinado contexto político fez sentido apoiar candidatos do PS. Contudo, na primeira volta, julgo que só uma vez não apresentámos candidato próprio.

    Quanto à Câmara Municipal, havia uma coligação na qual o PCP tinha uma grande influência que lhe permitia condicionar a política autárquica. Foi precisamente por termos perdido essa influência que recusámos apoiar novamente o PS, para o qual correu o candidato do BE.

    E deixe-se de tretas. Os inimigos do PCP são ridículos quando se põem a argumentar com o que se passa noutros países.

    Mas acima de tudo agrada-me que use as palavras de Alegre sobre a repressão policial.

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  5. Bruno Carvalho,
    Não diga mais nada caralho. Finja que vai à casa de banho e desapareça por uns tempos. Você é um fascista e representa tudo aquilo de que os trabalhadores se têm de ver livres no seu seio. Quem faz um post porco como vc fez não merece qualquer tipo de discussão civilizada, nem sequer merece as respostas políticas que alguns bem intencionados ainda concedem em dar-lhe. E insiste: "Nunca o PCP esteve a favor das posições que tomou o reitor de Coimbra aquando das propinas e da repressão policial." O que o leva então a supor que a esquerda que apoia o Manuel Alegre está completamente de acordo com declarações do candidato? O que o leva a insinuar (os cobardes insinuam, não dizem), que os militantes do Bloco não iriam dormir bem com o que se passou na carga policial?
    Não desconverse mais com apoios à Grécia e explicações estapafúrdias sobre o apoio político ao regime chinês dados pelo PCP. Nem a Grécia precisa de defensores como vc, nem o PCP merece "apoiantes" assim.

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  6. LAM, não se enerve. Relaxe e tome um rennie. Sei que sou um social-fascista, já antes de si outros o disseram. Os mesmos que agora estão ao seu lado a apoiar Manuel Alegre.

    E agora vamos argumentar com factos. Que o PCP nunca esteve a favor das posições que a reitoria de Coimbra tomou é um facto. É bem conhecida a posição e as acções que o PCP tomou e toma contra as propinas. A diferença é que estamos a falar de um militante ou ex-militante do PCP que no decorrer da sua profissão fez algo que não corresponde à linha política do Partido e que, naturalmente, não tinha a sua concordância. Outra coisa é o Manuel Alegre, político, ser apoiado pelo Bloco de Esquerda, enquanto político, e, naturalmente, ter a sua concordância quanto à sua acção política. Portanto, não misture alhos com bugalhos. Se o Bloco de Esquerda apoia o Alegre tem mais é de apoiar o seu discurso.

    E não insinuei, caro amigo, sobre se os membros do Bloco de Esquerda iriam ou não dormir bem na noite após a carga policial. Eu lancei a pergunta de forma bem clara. Provavelmente, os mesmos que se têm desfiliado do Bloco de Esquerda nas últimas semanas não se têm sentido bem com a estratégia desse partido e com as alianças com o PS e com tudo o que isso representa.

    Quanto à Grécia, não há desconversa. Há denúncia frontal e combativa a todos os partidos oportunistas que se aliam às posições para salvar a burguesia da crise. A Grécia não precisa de defensores como eu porque tem um partido comunista à altura da bravura da classe trabalhadora grega. Já o Bloco de Esquerda fica-se com o seu irmão grego Synapismos que joga tão bem com a burguesia como vocês.

    Sempre seu,

    Bruno Carvalho

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  7. Bruno Carvalho,
    Não desconverse. Não queira tomar como suas as dores dos que "se têm desfiliado do Bloco de Esquerda nas últimas semanas". Certeiros e críticos como se mostraram não creio que, por maioria de razão, se tornem susceptíveis da sua pescaria.

    p.s. Não me trate por "caro amigo" que não nos conhecemos de lado nenhum e muito menos eu sou seu amigo, entendido?

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  8. LAM, não fique assim. Era um "caro amigo" condescendente mas também irónico. Não me preocupa se os que têm abandonado o BE estão ou não susceptíveis para o que o meu caro amigo diz ser a minha pescaria. Basta-me que se apercebam do engodo que é o Bloco de Esquerda.

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  9. Menos do que em 2005 e menos de metade daquilo que PS e BE (por enquanto) valem juntos. Valeu a pena que se tenham vendido tão despudoradamente? Espero que tenham aprendido a lição.

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