3 de julho de 2010

quem sabe mais que Sócrates?!




"O desemprego vai continuar a crescer no próximo ano. A previsão foi ontem divulgada pelo Governo que espera que a taxa de desemprego sofra um agravamento e atinja os 10,1 por cento em 2011. Estas previsões colidem com as declarações do primeiro-ministro, que ontem se manifestou optimista quanto ao comportamento do desemprego nos próximos meses." diz o Publico de hoje.

Para Sócrates, o facto de haver menos pessoas a recorrer aos centros de emprego é um sinal de diminuição dos níveis de desemprego.

Noutra altura talvez fosse esse o caso, mas não agora. O nosso caro primeiro mostra ter, muito raramente, momentos de contacto com a realidade, mas nunca quando a questão é debater desemprego e crise (aliás, qual crise?! há meses que dizem que saímos dela, logo a seguir a terem afirmado que nunca iríamos entrar)

Alguma alma de lucidez deveria explicar a Sócrates que o numero de inscritos nos centros de emprego diminui porque as pessoas desistiram de procurar de trabalho, e não porque o encontraram! Há várias razões para isto, escolhe a sua favorita e vê os resultados no final:

a)os portugueses são todos um bando de preguiçosos que preferem estar no desemprego a trabalhar;
b) uma parte considerável dos desempregados são os chamados "de longa duração", presos há anos na armadilha do desemprego e da exclusão social;
c) uma outra parte, mesmo na situação há menos tempo, já percebeu que simplesmente não há trabalho, que não vale a pena enfrentar o estigma do "trabalho socialmente necessário", trabalhar de graça, como se estivessem a cumprir pena por estar no desemprego, obrigados a aceitar "ofertas" cada vez mais abaixo do salário mínimo;

Se escolheste a opção a): podes ir para o CDS. Não existe essa tal coisa de "querer estar no desemprego" e desafio qualquer pessoa a perguntá-lo a quem de facto esteja. Relembro ainda, embora não ache que seja o mais relevante dos argumentos, que quem recebe o subsidio de desemprego é porque descontou para o ter.

Se escolheste a opção b), c) ou ambas: sim, estas são razões que explicam parte do fenómeno. Para além destas há outras que agravam o problema:

- o subsidio de desemprego está muito longe de abranger a totalidade dos desempregados, deixando os restantes à sua própria sorte;
- a própria taxa de desemprego não contabiliza muitas situações que nela deveriam ser incluídas: as pessoas que não fizeram um esforço activo para procurar emprego nas ultimas semanas são exluidas tal como aquelas que, por umas horas de trabalho, recebem uns trocos ou mesmo um prato de comida. Até quando sobre, a taxa de desemprego está subvalorizada.


Podemos falar de défice e de divida até ficarmos cansados, mas nunca será possível resolver o problema do endividamento e da economia enquanto 1/10 dos portugueses não tiverem direito ao trabalho.

1 comentário:

  1. E o povo, pá? E o povo, pá?

    O povo quer viver e ser feliz.

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