9 de junho de 2010

"Praticamente Genético"??


Não vejo nenhuma incoerência, antes pelo contrário, em ser neto de uma africana branca e desprezar até à última a estupidez do racismo. E é partindo dessa ideia que vos afirmo que estou preocupado com os caminhos que a excitação nacionalista do momento estão a tomar. Gosto tanto que ganhe a equipa de pesca do meu bairro como a selecção nacional de futebol. Não há mal nenhum nisso e o problema é outro.... O problema é o impacto, não grande mas significativo, da leitura que o "Jornalista luso assaltado" no Mundial da África do Sul e os seus colegas de profissão fazem do acontecido:


"Estava a dormir. Acordei com um barulho e deparo-me com dois africanos negros dentro do quarto. Um deles aponta-me logo a arma à cabeça. Manda-me estar calado. Pressiona a arma e manda-me encostar para trás. Foi terrível”

Aliás, o que me despertou a atenção nem foi este relato da vítima sobre o "terror" (atenção ao numero de vezes que se tem falado em terrorismo no mundial 2010 na África do Sul) e sobre o pormenor epidérmico dos "dois africanos negros"...

As palavras do jornalista da TVI sobre o assunto (ainda que no contexto do ataque a um membro da sua classe profissional) essas é que me causaram indignação, num primeiro momento. São palavras algo preocupantes, disse e repetiu que este tipo de casos de violência em África é "praticamente GENÉTICO".

Creio que não foi com intenção e que o jornalista disse aquilo no calor do momento (e não, e não vou falar de Rousseau) mas essas palavras não deixam de revelar (e propagar) uma leitura de hegemonia conservadora e até reacionária sobre o problema da violência em África.

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