6 de maio de 2010

Raposas

Henrique Raposo, conhecido pela sua magnífica propaganda de direita, brinda-nos novamente com mais um presente no seu covil do Expresso.

Desta vez sobre os acontecimentos ontem na Grécia, na cidade de Atenas.
Ontem no meio de uma manifestação no centro de Atenas um grupo de anarcas lançou molotovs para um banco (Marfin Egnatia Bank) e morreram 3 funcionários.

Henrique Raposo utiliza como sempre, e é de esperar, um exercício simples e directo de generalização e de exposição de metade dos factos. Não houve aulas de integridade intelectual ontem.

Primeiro queixa-se dos media portugueses por não dizerem toda a verdade. Concordo com ele. O Público dizia 50.000 pessoas nas ruas de Atenas (notícia vinda da Reuters) e em Atenas, os relatos dos media locais, apontavam para entre 150.000 (rádio afecta à Neo Democratia) e 500.000 (rádio afecta a grupos de esquerda). Seja como for, não há muita exactidão por cá. Depois, utilizando o típico discurso redutor diz que os manifestantes eram comunistas e anarquistas. Bem, embora não inclua a BBC no mais imparcial meio de comunicação até eles acham estranho que tanta "gente comum" (desempregados, precários, reformados...) se junte aos protestos.

Em segundo e último fala sobre o incidente com o Marfin Egnatia Bank em que morreram 3 funcionários. Henrique Raposo atribui a responsabilidade às pessoas que o incendiaram. Eu não os desculpabilizo, mas tenho de pensar como é possível que num Banco, supostamente com segurança mínima, não existem mecanismos físicos para estas situações.
Portanto brindo o Henrique Raposo com um copo de ironia (poderá ser um pouco sádica) e um texto.

Como não podia deixar de ser, duvido, até confirmação, da fonte. Mas uma coisa já foi confirmada: as questões materiais do edifício e a ordem de trancar a porta de emergência que, por acaso, era a porta por onde os funcionários poderiam sair.
Para que não haja muita dúvida, quem confirmou foi o próprio responsável do Banco aos sindicalistas.

Gostava então de encenar uma à lá Henrique Borges e dizer que culpo três agentes: Quem atirou, quem deu a ordem de barrar a porta e a economia.
Quem atirou porque é quem despoleta a situação.
O responsável do Banco por directamente ter tido influência no descorrer da situação, barrando a saída de emergência que teria possibilitado a saída de todos os funcionários.
E esta economia, por amar tanto os seus lucros que é capaz de ter um Banco a funcionar com uma segurança parecida com a de minha casa e com a falta de direitos laborais que fizeram com que esses trabalhadores fossem impedidos de participar na greve geral marcada para o próprio dia sob o risco de despedimento.

1 comentário:

  1. Ai culpas 3 agentes? A economia acabou de assistir a um novo alargamento das suas já bastante largas costas.

    E que tal, uma generalização 'à la esquerdalho':

    "os anarquistas mataram 3 pessoas"

    Para perceber como a generalização é boa, basta substituir "anarquistas" por "polícias". Se calhar também se pode fazer um jogo semelhante, fazendo: "o anarquismo matou 3 pessoas", onde agora o mapa é anarquismo -> polícia.

    Este teu texto é de uma frieza confrangedora e desumana. Para além de estúpido - mas isto já se esperava.

    Coisas adicionais:
    a) Realmente achas que esses são os 3 agentes culpados pelas mortes?
    b) Por exemplo, se eu te matar, a culpa é de quem?
    c) E se eu for estúpido (tal como aparentemente esses gajos das anarquias) e atirar um foguete para dentro da tua casa, julgando que foste de férias porque estamos em momento disso? E se por acaso tu até tinhas tomado um sedativo para dormir melhor -- isto durante a tarde -- depois de uma noite de insónia e nem acordas com o estrondo -- portanto, morres intoxicado. Os sedativos são culpados? Qualquer coisa (consciente ou inconsciente, animada ou inanimada) directa ou indirectamente relacionada com a causa da insónia também é culpada?

    Meu deus, preciso de saber até onde vai essa distribuição de culpas! Meu deus!

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