Nas últimas semanas, a discussão sobre o sistema educativo voltou ao centro do debate político. É verdade que essa discussão é necessária. Mas não é menos verdade que ela é inútil, quando limitada à ortodoxia do pensamento dominante.
Primeiro, foi o CDS a propor que os pais dos alunos que estejam envolvidos em casos de agressões a colegas se vejam privados de receber o Rendimento Social de Inserção (tamanha é a obsessão do CDS com a perseguição aos mais pobres dos pobres). Na mesma linha, o mesmo CDS propõe ainda que as agressões a professores passem a ser consideradas crime público. Se do CDS não seria de esperar outra coisa, é uma tremenda desilusão o apoio da FENPROF a esta vaga securitária.
A subordinação à lógica da “autoridade” e do “respeito pelo professor” fecha a discussão no campo da resposta fácil, do populismo e do facilitismo. No fundo, ela discute tudo; excepto as soluções para o problema. É pena.
Camaradas: Estou com muita curiosidade por saber a v. filiação ideológica central. Reclamam-se do anarquismo conselhista? Defendem a proposta de acção conjunta trabalhada, ao longo dos tempos, por M. Bakounine, A. Pankoeek e C. Castoriadis? Niet
ResponderEliminarEngraçado, penso que nenhum de nós tem qualquer tipo de curiosidade em saber a tua filiação ideológica central, Anónimo. Não queremos já desenhar as fronteiras que nos hão de dividir durante este longo caminho de postas, ao contrário de ti :) Podias tentar comentar o assunto do post em vez de especulares sobre os nossos rótulos :)
ResponderEliminarConcordo com o texto.
ResponderEliminarA actual situação pede uma discussão séria que não se fique apenas "pela rama".
Mas, dada a situação qual é a solução?
Não passará um pouco pelo restablecimento da imagem da escola, do ensino e do professor como um local, um meio e um agente fundamental no desenvolvimento de todos? Não será tanto apelar ao puro respeito pelo professor, mas a interiorização do quão fundamental é o ensino ... Penso que se a escola for valorizada o respeito virá por acrescimo.
Rodrigo Rivera: Eu já comentei o v. aparecimento no Vias de Facto e no Cinco Dias. Uso pseudónimo - porque calhou de início- mas utilizo um e-mail patenteado. Sobre o tema da Educação, vasto e intrincado, eu partilho deste parti-pris enunciado por Bakounine: " O desenvolvimento físico e psiquíco, a Educação e a Instrução de todas as crianças devem ser feitos por todos os implicados directos e indirectos na sua vinda à face da Terra. E tudo isso deve ser produto do investimento total da sociedade ". Niet
ResponderEliminarPedro,
ResponderEliminarAntes de mais, obrigado pelo teu comentário.
É exactamente do restabelecimento da imagem da escola que estamos a falar. A questão é saber em que moldes, com que objectivos e que opões estratégicas devem estar no base da construção dessa imagem. Na minha opinião, a imagem da escola tem, necessariamente, que se confundir com a imagem da democracia. O que interessa, então, são os mecanismos de inclusão e exclusão que a escola constrói. E, neste ponto, não há dúvida de que a escola é um espelho exacto da realidade social. Por exemplo: a praxe académica reproduz o sexismo, o ódio à diferença, o preconceito, a hierarquia. E o mesmo CDS que agora está tão "preocupado" com a escola "inclusiva", há cerca de um ano dizia no Parlamento que a praxe era o que de bom havia na "tradição nacional". Mudam-se as vontades, mantêm-se os tempos...
No meu entender o que precisa de aulas práticas não é a educação sexual é a democracia. A defesa da gestão democrática das escolas do Ensino Básico ao Sperior faz parte da luta por aulas práticas de cidadania. Responsabilizar as estudantes e os estudantes é o mesmo que libertá-las e libertá-los. Câmaras de vigilância, excesso de carga horária, falta de espaço para respirar, pressão sobre professoras e professores, pressão do desemprego e dos múltiplos trabalhos mal pagos sobre as famílias... Parte destes problemas podíamos resolvê-los amanhã, e a outra parte na próxima semana... Até logo!
ResponderEliminarHouve uma altura em que eu, gostava da escola. Quase sempre gostei de estudar, e também gosto de ensinar.
ResponderEliminarHouve uma altura em que gostava de andar por lá. Porque, sempre acreditei que se evolui pelo conhecimento. Pelo tanto que se pode aprender todos os dias.
Sempre achei que fazia sentido transmitir isso aos outros.
Sempre acreditei que uma grande parte das pessoas se calhar pensava como eu.
Agora, digamos que me sinto um pouquinho sozinha.
Na escola estão a instalar-se coisas estranhas. Guerrinhas tontas!
Uma delas é o desinteresse.
O desinteresse de todos. Nem sempre inocente.
Para alguns é uma seca. Perguntam a si mesmos o que fazem ali com tanta coisa para fazer lá fora.
Para outros é a competição pela nota, o amontoado de diferentes tarefas a realizar, a falta de tempo para ter um pouco de tempo, para nada. Só para ter tempo.
Houve uma altura em que gostava de andar na escola. Tinha tempo para trocar ideias com os colegas. Não se competia, trocavam-se ideias, partilhava-se.
Eu não quero andar nesta escola e não quero que o meu filho ande nesta escola! Nesta escola, mata-se, morre-se e elegem-se professores do ano e isso em termos globais é mais importante do que todas as coisas importantes que ainda se fazem.
Obrigado Carla, pelo teu depoimento. Estão a matar a escola, a transformá-la num meio terrível. Não é por acaso que muitos professores e muitas professoras pedem a reforma antecipada. Não deixam as professoras e os professores trabalhar. Não deixam respirar nem docentes nem discentes. O paradigma do produtivismo ignorante mata a escola e, com isso, mina o futuro. No Básico e no Secundário é isto, no Superior é o rolo compressor do comparável e da parceria universidade-empresa. Saberão acaso que é preciso estar de vez em quando à sobra de uma macieira para descobrir a gravidade? ou que epistemologia tem a ver com comunicação? Não sabem, nem sonham nem querem saber…
ResponderEliminarObrigado Carla, A Democracia há-de resgatar a Escola para que a Escola a resgate.