Já nos bastam as dificuldades que as políticas governamentais nos colocam no dia-a-dia, o desemprego que enfrentamos, a vida precária que levamos, a dificuldade que temos em suportar os custos do ensino a todos os níveis.
Já nos basta a dor que sentimos sempre que vemos um dos nossos a partir para o estrangeiro porque o país, por vossa vontade, não o acolhe, não lhe dá emprego, não lhe dá oportunidades para prosseguir os estudos, quando transforma o ensino público em escola de elites e o mercado laboral em comércio de escravos.
Já nos basta ver o esforço incomensurável que os nossos pais, os nossos avós, os nossos tios, os nossos vizinhos, os nossos amigos, fazem para pagar as prestações das casas, para pagar a luz, o gás, a água, a alimentação, para manter os postos de trabalho, para manter osseus filhos a estudar, para sobreviver com o salário ou a pensão miserável que recebem.
Já nos basta viver numa precariedade impiedosa, ver os nossos projectos traídos e ter de adiar o futuro.
Por todas as razões enunciadas, por termos um “choque de realidade” (como disse o senhor) todos os dias, quando nos levantamos para trabalhar, quando procuramos emprego, quando lutamos quotidianamente para que as nossas vidas precárias não nos desanimem, quando vemos o desânimo na cara dos nossos pais, dos nossos avós, dos nossos vizinhos, dos nossos amigos, pedimos-lhe que emigre, porque não precisamos de que ninguém na casa da nossa democracia nos humilhe, desonre o esforço de todos os nossos antepassados e parentes e nos tente virar contra as gerações às quais tanto devemos, às gerações que enfrentaram a ditadura e a pobreza e construíram a democracia e os serviços públicos. Às gerações às quais também o senhor muito deve.
Reforçamos, com toda a nossa honestidade: emigre, demonstre o seu mérito no mercado laboral estrangeiro. Será poupado das atrocidades que as alterações laborais nos provocarão, que o senhor diz serem tão benéficas para nós.
Votos de uma boa viagem.
Sem mais,
Os melhores cumprimentos,
Todas as pessoas que querem ter oportunidades neste país sem terem de ouvir os seus familiares a serem humilhados.
Ana Bárbara Pedrosa, Escritora
Ana Beatriz Rodrigues, Jornalista
Catarina Rodrigues Doutoranda (emigrante)
Cláudio Gaspar, Biólogo
Fabian Figueiredo, Sociólogo
Hugo Ferreira, Jurista
Inês Santos, Estudante
João Manso, Químico
Joaquim Rodrigues Administrativo
Laura Diogo, Estudante
Luís Miguel, Estudante
Mª Hermínia Dias Professora aposentada,
Maria Helena Dias Loureiro, Professora
Miguel Pacheco, Técnico de Digitalização
Paula Santos, Estudante
Raquel Misarela Conservadora Restauradora
Rita Andrade, Estudante
Rita Morgada Lemos, Psicóloga
Sandra Camilo, Estudante
As verdades que eles não aceitam e com que nos bombardeiam sem piedade, num gozo de impiedade e de um cinismo atroz.
ResponderEliminarDeviam pô-los a todos a pão e água até morrerem ressequidos...........
E já agora, já que esteve tão mal no que disse, podia fazer um pedido de desculpa a todos nós. Acho que não é uma ideia muito descabida depois de ter desrespeitado a maioria da população do país que governa.
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