Graças à crueldade crua de gestos hediondos, o nome de Anders Brevik será recordado muito para lá dos limites fronteiriços da Escandinávia e a frieza da violência que exerceu terá de acordar, finalmente, a consciência colectiva. Convém, no entanto, que a monstruosidade dos seus actos desumanos não iluda nem abafe a capacidade intelectual humana que alicerçou politicamente cada vida desperdiçada. Planos meticulosos não são obras de doidos, chacinas não são passatempos de monstros animados. Mil e quinhentas páginas mostram-nos que, escondida pela monstruosidade humana, está a extrema-direita a espreitar. Brevik não foi só um maluco que se lembrou de andar aos tiros sem saber o que fazia. Brevik foi movido por ideias políticas repugnantes e foi isso que fez dele um monstro.
Um monstro, sim, mas que a monstruosidade não se esconda na loucura, que a monstruosidade não se iluda na loucura. Que esta hediondez escancare portas e janelas para a percepção mais pura do que é o terrorismo e de como ele se alicerça e não existe só nos barbudos encapuçados do Médio Oriente. Andreas Brevik é loiro, tem olhos azuis e é do mais execrável que a espécie humana alguma vez produziu. Como, aliás, qualquer asqueroso elemento da extrema-direita.
Com sistemas políticos que, volta e meia, lá vão explorando e estimulando o ódio, não será talvez de pasmar que este tipo de nojo humano lá vá tendo atitudes deste género. E, como o preconceito e o ódio são cegos e carniceiros, podemos concluir que já ninguém se safa da estupidez.
No meio disto tudo, realce-se o gesto bonito de Brevik ter pedido um psiquiatra japonês.
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