Foi hoje aprovado mais um plano de austeridade na Grécia. Trata-se de uma condição imposta pelo Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia para que aquele país possa beneficiar de mais um empréstimo internacional. Há mais de um ano fora aprovado um plano semelhante, que se traduziu, tal como em Portugal, em cortes salariais, nas pensões e restantes prestações sociais. A estes cortes, acresceram privatizações de sectores estratégicos que tiveram como consequência o desmantelar do Estado Social naquele país. Ainda ontem, a Grécia viu-se obrigada a colocar à venda aeroportos, portos e até autoestradas, os quais não encontraram compradores. Que mais faltará? Definir um preço para a sua própria independência política e a sua soberania? Nas ruas gregas o povo vai resistindo heroicamente, ocupando espaços públicos, manifestando-se, tentando preservar o valor básico da democracia: a soberania popular.
Tal como o primeiro empréstimo, também este não tem como objectivo o estímulo da economia grega, que possibilite a sua recuperação económica, mas sim permitir que o país possa saldar as dívidas aos seus credores. Acontece que as medidas de austeridade, recessivas por natureza, não só entravam o desenvolvimento económico, como também impossibilitam o pagamento daquela dívida.
E sobra-nos a dúvida: então por que motivo são impostas mais medidas de austeridade? Por que razão se sucedem os empréstimos internacionais?
A razão é simples: destruir a economia dos países periféricos, à cabeça a Grécia, provar a sua falta de "competitividade" e forçar a sua saída da Zona Euro, saída essa que, a verificar-se, agravaria não apenas a situação dos países "incumpridores", como ditaria o "princípio do fim" do projecto de cooperação económica e social da Europa.
A verdade é que a Grécia não é um país qualquer. A sua história confunde-se com a história de toda a Europa, constituindo mesmo aquele país, se não a maior, uma das maiores referência políticas e culturais europeias.
O apoio à Grécia não é "apenas" uma questão de solidariedade internacional. A situação grega é apenas um prenúncio do que poderá vir a acontecer a Portugal e a outros país "perseguidos pelos mercados".
A bandeira grega à janela espelha essa solidariedade internacional, mas simboliza também a resistência popular de todos quantos um dia poderão ter de vir a enfrentar semelhante totalitarismo económico-social.
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