29 de março de 2011

para além das hipóteses académicas

Por outro lado, não há, em Portugal, uma esquerda à esquerda dos socialistas disponível para participar em soluções de poder. Uma originalidade nacional. Por essa Europa fora partidos ecologistas ou mais à esquerda mostraram, em vários momentos históricos, disponibilidade para governar. E nunca como agora essa disponibilidade foi tão urgente. O que está em causa na Europa é resistir a uma avalanche que ameaça não deixar pedra sobre pedra no edifício do Estado Social. Ser de esquerda tornou-se num sinal de radicalismo. A social-democracia consequente é hoje de uma ousadia extraordinária.

Mas Portugal tem outra originalidade, em que é acompanhado pela Alemanha e mais um ou outro país europeu: a esquerda à esquerda dos socialistas representa quase vinte por cento dos eleitores. Se quisesse usar a sua força em funções executívas teria um poder extraordinário.

Daniel Oliveira em A esquerda, o poder e o pântano

Os argumentos apesar de terem sido esgrimidos recentemente, baseiam-se em opiniões antigas e em visões já há muito repetidas.

Portanto, tudo o que se possa escrever em oposição a esta tese, será, por sua vez, igualmente repetitivo.

Só com muita dificuldade é que se poderá verdadeiramente classificar os Verdes na Alemanha e no Parlamento Europeu como uma força de esquerda. Não é por acaso que este partido fora anunciado nas anteriores eleições para o Bundestag, como o partido da nova burguesia.
Deixaram cair as suas principais propostas socialistas, tal como a retórica anti-Nato, por outro lado, participaram de uma coligação governativa com o SPD, que de esquerda também nada teve. Foram favoráveis à invasão do Afeganistão e participaram de um duro programa de cortes e de redução de direitos sociais. E veja-se lá que a governação fora tão positiva e de alternativa social que os governos sucedâneos foram, primeiro de Bloco Central SPD/CDU/CSU e depois maioria absoluta de coligação CDU/CSU/FDP. Abrindo caminho para o que hoje é a senhora Merkel. E fica no ar, uma outra questão, onde está a esquerda dos Verdes alemães quando governam o Estado de Hamburgo com os conservadores da CDU?

Há um outro caso paradigmático, o já muito discutido governo de coligação italiano entre Democratas e Comunistas. Que para além de ter cumprido com régua e esquadro o programa social-liberal, desde reformas laborais à participação da invasão do Afeganistão. Relembre-se os mais esquecidos, que o Partido Socialista e as suas personalidades se opuseram a esta barbárie bélica.
E ainda mais graves foram as consequências políticas para a alternativa de esquerda, Berlusconni não só voltou ao poder, como a Refundação Comunista teve o seu pior resultado da história, e não é por acaso que hoje se pode ler isto nas suas teses:

15.2 Per quanto riguarda le prossime elezioni politche, per le ragioni sopra esposte, non riteniamo esistano le condizioni per un comune programma di governo e per la partecipazione al medesimo della Federazione. La diversità profonda di impostazione programmatca con il PD determinerebbe per la sinistra il rischio della subalternità, oppure di una contnua confitualità.
PRIMO CONGRESSO DELLA FEDERAZIONE DELLA SINISTRA

Eu acredito que ser social-democrata hoje, seja de uma enorme ousadia, pois bem se pode procurar por um partido da Internacional Socialista que o seja, que não se encontra. Daí a extravagância e irreverência da defesa desse campo político e da proposição de coligações e entendimentos entre a ala esquerda da direita e as esquerdas. Pois, na verdade não tem grande futuro para além do orfanato ideológico e do fuzilamento político das forças sociais que se batem pela alternativa.

E que fique assente, que bem se podem rever as teses, que a conclusão é sempre a mesma, não foram as forças socialistas que empurraram os PS's para a terceira-via, as tornaram gestoras do situacionismo e fábricas de apparatchiks apolíticos. As escolhas políticas que tomaram e os traços ideológicos com que se revestiram é que as levaram a ser máquinas famintas de poder e forças simpáticas para a imposição de políticas anti-populares.

A esquerda que se tem erguido por essa Europa, é a mesma, que nega encontrar socialismo em gavetas que já não existem.

1 comentário:

  1. Viva la sinistra

    la sinistra é mesmo sinistra

    va te fa culo com la sinistra

    prego um tachinho na sinistra

    o fuzilamento político gostei

    pode ser que pegue

    façamos um referendo

    para legalizar o fuzilamento político

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