11 de fevereiro de 2011

Quanto mais me bates


Portugal, 2011: a agenda política do meu país é ditada por um trotskista. Não, é pior: é ditada por uma luta entre trotskistas e leninistas. Lá fora, ninguém acredita nisto. A normalidade europeia da nossa democracia (uma coligação PS/BE) continua longe.
Henrique Raposo in Expresso

A nossa democracia é recuada porque o PS e o BE não conseguem formar maiorias parlamentares. E a principal responsabilidade mora do lado do Bloco. Porquê? Porque teima em continuar assente no seu radicalismo e a viver sob o paradigma do PREC, recusando qualquer modernização política, o que provoca, à luz do entendimento de Henrique Raposo, a não normalização europeia da democracia portuguesa.

A fonte argumentativa é toda muito bonita, e até poderia ser um excelente exercício académico, se não carecesse de toda e qualquer seriedade analítica e tivesse um verdadeiro propósito político, para além do ataque barato ao Bloco de Esquerda. O anti-bloquismo primário tem estado na moda, e sabe-se bem as razões desse ódio. Não se afronta algo gratuitamente quando é inofensivo.

Não há maiorias parlamentares à esquerda, porque não se as pode fazer com quem não lá está. O PS não se caracteriza por ser a ala direita da esquerda, mas sim, a ala esquerda da direita. Quando a Esquerda tiver maioria parlamentar, esperemos que num futuro próximo, ai poder-se-ão formar governos de esquerda. E creio que o PS não participará deles.

E ai sim, estaremos a caminho da normalização da democracia, porque uma democracia não se estabiliza enquanto durar o "new deal entre políticos e construtores (civis)", como referiu HR num seu artigo no Expresso, a política de austeridade, a distribuição radicalmente desigual da riqueza nacional e a destruição dos serviços públicos e do essencial dos direitos, liberdades e garantias. Como sabe, tudo feitos do seu espectro político.

Já agora, aproveito para o corrigir, o "Bloco de Esquerda Alemão" é o Die Linke, com o qual o BE tem vinculação internacional. Mesmo assim, com as suas diferenças.

Quanto ao fantástico governo SPD-Die Grünen deixo-lhe aqui este texto:
COLIGAÇÃO VERDE-VERMELHA – UM AMANHECER DE ESPERANÇA?

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