22 de fevereiro de 2011

Preço da gasolina bate record em Portugal



Nunca em Portugal pagamos tanto pela gasolina. 1.54€ por litro de gasolina sem chumbo 95. Um verdadeiro absurdo. E mais absurdo se torna ainda se verificarmos os preços praticados pelas mesmas empresas em Espanha, já ali do outro lado da fronteira em que os preços praticados são em média cerca de 30 (sim, TRINTA) cêntimos mais baratos.



E agora, o que fazer? Deverá o estado intervir na fixação dos preços dos combustíveis ou manter a sua postura neoliberal e deixar que o mercado se conduza a si mesmo? Oh, Sócrates, olha que aquilo da "mão invisível" do Adam Smith já foi ultrapassado.

A pergunta chave é mesmo esta. Deve ou não o estado intervir? Estamos em crer que sim, que deve. Deve, mas não apenas por ser o Estado ou por ser accionista da GALP, deveria mesmo aproveitar e avançar para a nacionalização compulsiva e sem ressarcir obrigatoriamente os accionistas da empresa. Por ser um sector estratégico de forte peso, com avultados lucros e influência directa na carteira dos portugueses, a nacionalização compulsiva do sector energético, onde incluímos naturalmente a EDP, outra das empresas privadas que apresenta lucros pornográficos, deveria ser uma realidade estratégica.

O final de 2010 deu-nos a conhecer a realidade das contas da Galp cujo lucro abissal de 213 milhões de euros em 2009 subiu mesmo para os 306 milhões de euros de lucro no exercício do ano passado.



Ferreira de Oliveira, presidente da Galp, deverá estar, por este momento no seu escritório a fazer o clássico gesto do Mister Burns e a dizer: "Excelent" perante a revolução do mundo árabe. A Líbia não é a Tunísia nem o Egipto, dizem. É que o país de Kadafi, o terrorista amigo e parceiro estratégico de Sócrates é o segundo maior fornecedor de petróleo de Portugal, facto que contribui para a escalada dos preços. Que conveniente é para o mundo ocidental pressionar os manifestantes de todos estes países a abandonarem as suas reivindicações socializantes sob pena de atingirmos uma crise do petróleo à escala dos anos 70. Se há conflitos e os regimes ditatoriais amigos dos países ocidentais podem cair, então aumentam os preços. Aumentam os preços, aumentam os lucros das gigantes gasolineiras, pois o sistema em que nos encontramos obriga os mais incautos à dependência incontornável dos combustíveis fosseis.

Como sair disto? Deixarmos de consumir combustíveis fosseis e optarmos por nos deslocar em meios de transporte amigos do ambiente, adquirir viaturas verdes (ainda numa forma embrionária devido ao comprometimento do sector automóvel com os grandes grupos petrolíferos) ou associar-nos a greves e lockout (paralisações do sector) por parte do sector dos transportes, camionistas, etc.

Outras nacionalizações seriam bem-vindas no futuro, para além da nacionalização do sector energético, para encarar o futuro e a saída da crise, como a do sector da banca, esta interessante, claro, fora do contexto actual. Assunto para nos debruçarmos noutra ocasião.

Para além de agir para controlar os preços do combustível e/ou agir no sentido de nacionalizar o sector energético (GALP, EDP e respectivas sub empresas) como vimos oportunamente, o estado e as empresas deverão procurar soluções como esta.

O combate a esta escalada de preços deve ser promovido por tod@s. O conformismo não será nunca uma opção.

Só fazem de nós o que entenderem enquanto o permitirmos.

2 comentários:

  1. Bate recorde?

    ora ora ainda há-de chegar aos 2

    é só a Líbia começar a incendiar os poços

    andem de bicicleta ó morcões

    ou vão a pé

    e se és libelinha aboa aboa

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  2. Muito exacto e sensato este texto.
    «só fazem de nós o que entenderem enquanto o permitirmos» é bem verdade, infelizmente somos um povo de gente murcha e subserviente.
    Mas, desejavelmente, não para sempre!
    À LUTA!!!

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