12 de janeiro de 2011

o preço que pagamos

Ouvi hoje Camilo Lourenço, a fazer o seguinte raciocínio:

"O Estado Português vai conseguir vender todas as obrigações do tesouro que colocou no mercado porque os investidores sabem que o risco de falência é muito reduzido."

Teve razão neste ponto. Todas as obrigações forem vendidas, na verdade a procura até foi 3,2 vezes a oferta. Porquê? Porque, de facto, não há risco de falência do país, e como as taxas de juro da divida publica portuguesa se situam nos 6,716%, torna-se um óptimo negócio!

Há dois anos atrás, os juros das mesmas obrigações, com a mesma maturidade e, sejamos honestos e realistas, com o mesmo risco de falência, estava nos 4%. É ou não uma boa compra?
Mas não tem razão em tudo o resto.

Um dos maiores problemas que Portugal enfrenta neste momento não se prende com a fraca competitividade, com os seus níveis de crescimento (e não estou a retirar importância a este factor) e muito menos com os elevados salários. O nosso maior problema neste momento é o preço ao qual estamos a pagar os empréstimos que pedimos, em relação ao qual não temos qualquer tipo de controlo.

Deixar a avaliação do nosso suposto risco de falência a quem ganha com a sua subida é suicida, e irracional. Da mesma forma, deixar quem compra a nossa dívida decidir e a avaliar as nossas políticas fiscais e económicas é anti-democrático.

2 comentários:

  1. e, sejamos honestos e realistas, com o mesmo risco de falência?

    não é ser uma coisa nem outra

    quanto mais endividados estamos
    maior o risco de falência

    e um défice de 7% a acrescentar este ano
    aumenta o risco

    é como dizer que emprestei 1000 euros
    e pagaram-me 200euros
    mas em troca de um empréstimo de mais 500

    claro o risco é o mesmo
    és o João Vasco dos juros compostos
    não sabem estatística
    não sabem calcular probabilidades de incumprimento

    sabem escrever escrever escrever
    falar falar falar

    perde-se um país nas palavras
    perde-se por palavras um país

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  2. Não estou a dizer que o aumento dos juros não é um peso ou um problema, pelo contrário. o que defendo é que esta subida não se deve a uma alteração das condições estruturais do pais.
    1. portugal está muito longe da falência, e isso e admitido por todos;
    2. não há mudanças nos fundamentais da economia que justifiquem os ataques que a divida tem sofrido e a escalada dos juros

    o risco aumenta porque os juros aumentam, os juros aumentam porque o risco aumenta... parace-me fraco enquanto argumento para defender uma auto-regulação dos mercados e sobretudo conferir-lhes um carcater de isenção e independencia na análise da divida portuguesa.

    (o defice e a divida de Portugal estão longe de atingirem niveis impressionantes no contexto da europa ou da OCDE)

    quando aos modelos de análise de risco... já muitos provaram que se baseiam em hipóteses no minimo simplistas e redutoras do ponto de vista teorico, e bastante fragilizadas do ponto de vista empírico (tal como qualquer hipotese de funcionamento eficiente dos mercados depois desta crise..)

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