23 de novembro de 2010

Quanto custa uma Greve Geral?



Em véspera de Greve Geral multiplicam-se na imprensa os custos da mesma.
Esmiúça-se o orçamento da CGTP e UGT para a mobilização, pedem-se os números de panfletos distribuídos e de pessoal mobilizado. Contudo, embora seja notório o tom encapotado de fiscalização e reprovação por cada panfleto imprimido em época de crise são outras as cifras que interessam. O DN, sempre o DN, diz-nos que um dia de Greve custará 519,6 milhões ao País, indo buscar respaldo em João Duque, que nos convida para amanhã nos diferenciarmos dos radicais irlandeses e gregos, ou seja: trabalharmos! – e de preferência baixinho e ordeiramente. Mas atenção, só o sector privado, porquê, para João Duque, o país ganha com a paralisação do sector público. Todavia, é Braga de Macedo, mais calejado nestas andanças, que alerta: "[a greve] se levar a uma escalada de reivindações, pode criar perturbações sérias e duradouras na actividade económica, mesmo que a adesão não seja muito elevada".

Os dois primeiros: DN e Braga de Macedo, mentem porque sabem que precisam mentir. O DN mente quanto diz que o país perde estes milhões. Não é preciso ter frequentado nenhuma cátedra de Marx para perceber que numa economia baseada na exploração é o explorador o principal prejudicado num dia de produção antecipadamente programado e calculado em todos os seus custos. Quando nem todos ganham é evidente que nem todos perdem. Já João Duque mente quando diz que o País ganha com a paralisação do sector público (sórdida propaganda), vejam o caso simples da FNAC que amanhã, na ausência de transportes públicos, pagará táxis aos seus funcionários, e mais mil exemplos se arranjaria. O sector público é factor primordial de toda a produção e João Duque bem o sabe. Já Braga de Macedo, esse prefere a verdade que o protege. Tem a experiencia de Ministro que lhe ensinou que a Greve Geral é sempre um momento de decisão, em que ou se avança, ou se recua, e que é sempre ou um começo, ou um fim de um processo político.

A Greve Geral de amanhã não é um dia de salário que se perde nem uma renovação do temor de ser despedido ou de não ver o seu contrato renovado , e muito menos é uma perda colectiva da pátria em que todos somos prejudicados. A Greve Geral de amanhã é um dia, todo ele, para ganhar.

2 comentários:

  1. Aos patrões, custa muito. Custou ter de pagar horas extra acima das 8, dar dias de férias pagas, ... se calhar os 519,6 milhões incluem essas despesas todas!

    Por exemplo, o New Deal foi "aperfeiçoado" com cerca de 400 greves anuais, que foi como os trabalhadores puderam fazer ver os seus pontos de vista ao Presidente Roosevelt. E ele, como prometido, inclui-os no Plano. Não admira que quem queira ouvir a voz de quem trabalha fosse re-eleito até morrer!

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  2. Este artigo é todo ele lindo!!!
    É que é mesmo escrito como tem que ser!!!

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