Esmiúça-se o orçamento da CGTP e UGT para a mobilização, pedem-se os números de panfletos distribuídos e de pessoal mobilizado. Contudo, embora seja notório o tom encapotado de fiscalização e reprovação por cada panfleto imprimido em época de crise são outras as cifras que interessam. O DN, sempre o DN, diz-nos que um dia de Greve custará 519,6 milhões ao País, indo buscar respaldo em João Duque, que nos convida para amanhã nos diferenciarmos dos radicais irlandeses e gregos, ou seja: trabalharmos! – e de preferência baixinho e ordeiramente. Mas atenção, só o sector privado, porquê, para João Duque, o país ganha com a paralisação do sector público. Todavia, é Braga de Macedo, mais calejado nestas andanças, que alerta: "[a greve] se levar a uma escalada de reivindações, pode criar perturbações sérias e duradouras na actividade económica, mesmo que a adesão não seja muito elevada".
Os dois primeiros: DN e Braga de Macedo, mentem porque sabem que precisam mentir. O DN mente quanto diz que o país perde estes milhões. Não é preciso ter frequentado nenhuma cátedra de Marx para perceber que numa economia baseada na exploração é o explorador o principal prejudicado num dia de produção antecipadamente programado e calculado em todos os seus custos. Quando nem todos ganham é evidente que nem todos perdem. Já João Duque mente quando diz que o País ganha com a paralisação do sector público (sórdida propaganda), vejam o caso simples da FNAC que amanhã, na ausência de transportes públicos, pagará táxis aos seus funcionários, e mais mil exemplos se arranjaria. O sector público é factor primordial de toda a produção e João Duque bem o sabe. Já Braga de Macedo, esse prefere a verdade que o protege. Tem a experiencia de Ministro que lhe ensinou que a Greve Geral é sempre um momento de decisão, em que ou se avança, ou se recua, e que é sempre ou um começo, ou um fim de um processo político.
A Greve Geral de amanhã não é um dia de salário que se perde nem uma renovação do temor de ser despedido ou de não ver o seu contrato renovado , e muito menos é uma perda colectiva da pátria em que todos somos prejudicados. A Greve Geral de amanhã é um dia, todo ele, para ganhar.
Aos patrões, custa muito. Custou ter de pagar horas extra acima das 8, dar dias de férias pagas, ... se calhar os 519,6 milhões incluem essas despesas todas!
ResponderEliminarPor exemplo, o New Deal foi "aperfeiçoado" com cerca de 400 greves anuais, que foi como os trabalhadores puderam fazer ver os seus pontos de vista ao Presidente Roosevelt. E ele, como prometido, inclui-os no Plano. Não admira que quem queira ouvir a voz de quem trabalha fosse re-eleito até morrer!
Este artigo é todo ele lindo!!!
ResponderEliminarÉ que é mesmo escrito como tem que ser!!!