A União Europeia aprovou no Domingo um plano de resgate à Irlanda no valor de 85 mil milhões de euros, comparticipado pelo FMI. São 35 mil milhões para salvar a banca, a adicionar aos 17 mil milhões já injectados no sistema pelo Governo Irlandês, e 50 mil milhões para o cumprimento de outras “necessidades orçamentais”, como o pagamento de juros da dívida.
A economia Irlandesa, idolatrada e referenciada pela direita liberal enquanto modelo de crescimento económico (o que, à época, lhe valeu uma visita de Paulo Portas) ruiu sob a fragilidade do seu Estado Social, a flexibilidade do mercado de trabalho e a excessiva liberalização dos mercados financeiros e de capitais.
Há quem venha afirmar convictamente que o colapso se deve unicamente à falência do sistema bancário, fruto da irresponsabilidade de meia dúzia de banqueiros especialmente gananciosos. É, sem dúvida, para além de facilitista e preguiçosa, uma análise pouco ingénua.
A fragilidade e alto risco associados ao sistema financeiro da Irlanda são o resultado do seu modelo de crescimento, que apostou na liberalização e desregulamentação dos mercados financeiros, e se fez à custa de bolhas especulativas, principalmente no sector imobiliário. A estratégia de atracção de capitais pela competição fiscal (redução dos impostos sobre as empresas) teve como resultado uma erosão das receitas do Estado e, por consequência, da sua capacidade de investimento no Estado Social. O enfraquecimento da rede pública de apoio aos mais pobres, reformados e desempregados, quando conjugado com a flexibilidade do mercado de trabalho (implementada também como parte da estratégia de atracção de capitais), tornou a economia Irlandesa pouco resiliente às crises económicas e financeiras, agravadas pelo seu próprio modelo de crescimento.
A este pesadelo em cadeia acrescenta-se o facto de todos os capitais, antes atraídos pela liberalização e crescimento do mercado Irlandês, estarem agora em fuga do país, rumo a paragens mais rentáveis.
As conclusões a retirar da experiência daquele que já foi considerado o “tigre celta” parecem óbvias, mas não são. Para solucionar o problema da Irlanda, que até agora tão bem soube aplicar todas as receitas neoliberais (e veja-se onde acabou), a União Europeia e o FMI exigem mais do mesmo.
Em troca do empréstimo de 85 mil milhões, em que praticamente metade já está destinada a tapar o buraco da banca, a uma taxa de juro de 5,8%, a Irlanda terá que implementar um plano de austeridade que pressupõe o corte nas prestações sociais, no salário mínimo, no subsídio de desemprego e nas pensões de velhice. Está também previsto o aumento da idade de reforma para os 68 anos, bem como novas medidas para flexibilizar o mercado de trabalho e liberalizar determinados sectores ainda não totalmente “competitivos”.
Para os mercados financeiros, à semelhança do que acontece em todos os outros países, resta muito pouco ou nada do ajustamento – para além de beneficiarem de injecções maciças de capital por parte dos Governos, continuam a poder financiar-se a taxas de 1% junto do Banco Central, sem qualquer tipo de contrapartidas.
Porquê receitar a um doente o medicamento que comprovadamente o pôs de rastos? Não há qualquer razão lógica para o fazer, a não ser que exista uma outra agenda, com outros objectivos, nomeadamente o de baixar os “custos” do trabalho, facilitar os despedimentos e proteger o lobby financeiro. É a agenda do FMI e da União Europeia.
Sobre a ortodoxia das soluções apresentadas, Krugman escrevia esta semana numa provocação acerca da Irlanda e da Islândia:
“Em síntese, a Irlanda tem sido ortodoxa e responsável – garantindo todas as dívidas, adoptando uma austeridade selvagem para tentar pagar os custos dessas garantias e, claro, permanecendo no euro. A Islândia tem sido heterodoxa: controlos de capitais, desvalorização e muita reestruturação da dívida – notem a formulação adorável do FMI (...) sobre como 'a bancarrota privada levou a um declínio significativo da dívida externa'. Recuperação através da bancarrota. A sério. E esta: a heterodoxia está a funcionar melhor do que a ortododoxia.” (tirado daqui)
O caminho das políticas neoliberais para sair da crise já provou estar errado. Tiremos as devidas lições da situação Irlandesa, contra o austeritarismo que nos impõem a troco de apenas mais crise.
Artigo publicado no esquerda.net
Há algum tempo que vos acompanhámos, tomamos a liberdade de colocar o vosso link no nosso blog.
ResponderEliminarCumprimentos,
http://www.fogemariafoge.blogspot.com/
O PIB e as Bolsas estäo ao nível de Setembro de 2008, apenas o desemprego duplicou.
ResponderEliminarCrise? Qual crise? Ajustamento salarial, isso sim. Objectivos de baixar os “custos” do trabalho, facilitar os despedimentos e proteger o lobby financeiro. É a agenda do FMI.
A da União Europeia é a que os seus povos decidir. Se continuarem adormecidos será, entäo, a do FMI e EUA, de certeza absoluta.
Dia 15 de Dezembro, TODOS NA RUA! Se forem só os desempregados, já viram o magote de gente?
Se tivessem sido liberais até ao fim, os bancos faliam e não se gastava um cêntimo a salvá-los. Os outros bancos talvez aprendessem alguma coisa,e a Irlanda não teria grandes problemas e teria um futuro muito melhor sem banqueiros incompetentes e fraudulentos.
ResponderEliminarTodas as medidas que consideram neoliberais são em boa parte medidas de intervenção do Estado em buscar de receita para os seus erros, que de liberais não tem nada.
Salvar os bancos não foi nenhuma medida liberal. O texto é pouco honesto intelectualmente, porque mistura discurso de propaganda com deturpações e falácias. Um pouco mais de rigor seria aconselhável na minha opinião.
Espera... salvam-se os bancos para buscar receitas? As únicas intervençöes do Estado para buscar receitas, que eu saiba, säo as do Chavez, ao nacionalizar empresas *lucrativas*!
ResponderEliminarAinda näo entenderam que "salvar os bancos [dos amigos]" faz parte da agenda neoliberal? Sois ingénuos, ou quê?
Intervençöes do Estado em favor de uma elite (no caso, os bancos) faz parte do credo neoliberal.
Ou agora väo-me dizer que o George WC Bush, o Haarde, o Cowen, o Cavaco, säo comunas?
Mas pelo menos os islandeses näo säo parvos, e meteram o Haarde na choldra, e näo salvaram os bancos. E como sabeis, estäo na miséria...
Salvar bancos näo é liberalismo, pois näo, mas é neoliberalismo.
Aos liberais passou a faltar moral (porque vergonha nunca tiveram), porque afinal querem "liberdade" para fazer o que quiserem, desde que no fim o Estado lhe garanta os riscos. Assim também eu sou muito bom! Parece que o "Estado" só é papäo quando impöe salários mínimos e regalias sociais.
Obviamente que salvar os bancos não é buscar receita, nem a isso me referi. O erro é salvar os bancos. A procura de receitas serve para pagar esses erros. Mais atenção na leitura antes de se lançar num festim de baboseiras.
ResponderEliminar"Aos liberais passou a faltar moral (porque vergonha nunca tiveram), porque afinal querem "liberdade" para fazer o que quiserem, desde que no fim o Estado lhe garanta os riscos."
isto mais uma vez demonstra desonestidade intelectual. Pode discordar das medidas, mas associar medidas a uma ideologia que não as defende, aí já entra pelos caminhos da mentira.
Mais uma vez suportou a minha teoria que um bocado mais de rigor é necessário. Mas isso não lhe parece interessar
Peço desculpa por a intromissão,mas quando afirma
ResponderEliminar"Todas as medidas que consideram neoliberais são em boa parte medidas de intervenção do Estado em buscar de receita para os seus erros, que de liberais não tem nada"
não significa que o estado procura intrevir na banca como forma de garantir mais receita? Pode não ser isso que defende,mas foi isso que disse...
Quanto ao facto de deixar cair os bancos como forma de realmente defender o liberalismo,lembro que foram vocês que os decidiram salvar de forma a "evitar o contágio e salvar o sistema financeiro" e que a expressão "to big to fall" não é com toda a certeza uma invenção dos críticos do sistema liberal. Por mim tinham caído,principalmente bancos sem grande expressão no funcionamento do sistema como o caso dos bancos portugueses. Mas aí temos que dar razão ao Maquiavel,porque o problema foi que os bancos eram de "amigos" e "pessoas de bem".
Mais uma vez creio que está criado uma rede de equívocos que torna difícil o diálogo. Não posso falar por pessoas que se dizem liberais e depois defendem o corporativismo. Mas posso falar da teoria em si e afirmar que nenhuma dessas medidas que fala tem um carácter liberal.
ResponderEliminar"não significa que o estado procura intrevir na banca como forma de garantir mais receita? Pode não ser isso que defende,mas foi isso que disse"
Não foi isso que disse, mais uma vez leia com mais atenção. Nem sequer afirmei qualquer tipo de razão para o estado salvar os bancos. Só afirmei que era um erro. Agora as razões que o estado usa para salvar bancos, há muitas e nenhuma delas nobre, mas prefiro não saber para não ficar mais doente.
O liberalismo clássico, de uma maneira simples, defende basicamente separação entre política e economia. A ideia do contrário é porque se assume que os políticos que estão no poder são liberais. A maior parte deles defende um sistema misto de capitalismo e socialismo. E liberalismo certamente não é isso.
E o que você fala é de corporativismo. As corporações têm actualmente um grande poder de decisão no estado. Os "amigos" que fala não tem nada a ver com liberalismo, mas precisamente com o seu contrário, que provoca essas amizades nada aconselháveis.
Repare no caso do tgv, que o bloco de esquerda e pcp defendem. Que pensam esses anti liberais do envolvimento das empresas de sempre tal como a mota engil e a soares da costa? Não são todos amigos os da mota engil e soares da costa com o estado?
Que diz o Louça disso?E porque é que isso já não é neo liberal? Quando não se sabe o que se discute, termos mais ou menos exactos como liberalismo assumem posições de propaganda.
Meus amigos, mais rigor e menos ignorância.
http://www.youtube.com/watch?v=kgOovAcsLA8
Concordo plenamente que a teoria liberal é completamente contrária á intervenção estatal,mas tal como acontece em muitos outros dominios do saber a teoria diz uma coisa e na prática as coisas acontecem de outra forma (basta ver o caso da teoria e da prática da democracia).O amigo fala de dominios do perfeito,mas como alguns dos próprios teóricos do liberalismo o alertam (os mais conscientes e realistas) o sistema é imperfeito e precisa portanto de ser vigiado.Na minha opinião,se deixamos que o mercado mantenha a mão invisivel e um sistema de autoregulação nunca teremos um sistema liberal mais justo e inevitavelmente o corporativismo prevalecerá.Isto acaba por ter reprecurssões a todos os niveis (põe mesmo em causa a utilidade da deocracia),algo que um democrata como eu nunca permitirá.Quanto a isto penso não haver grande discussão.
ResponderEliminarQuanto à questão do TGV,e eu não sendo do Bloco nem apoiante do governo estou à vontade para o discutir,penso que confunde o apoio à opção com a ideia de troca de favores ou mesmo com o apoio à forma como a quest=ao é posta em pratica.Eu defendo a modernização da rede férroviaria nacional,uma aposta num meio de transporte mais "limpo" e eficiente (o TGV é uma das soluções,não a única),tal como apoio a construção do porto de sines que penso ser complementar a este projecto.Por outras palavras sou a favor no investimento em infraestuturas de forte impacto econùomico como forma de dinamização do sector e desde que acrecentem mais valias (a discussão de trajectos ou outras soluções é apenas complementar e acessória).O que se torna, utilizando a sua expressão,"desostenidade intelectual" é acusar um partido que sempre apoiou esta ideia de modernização de cunivismo com os interesses obscuros entre o sector privado e a gangue do poder.Basta reler qualquer declaração do BE sobre o assunto desde a sua fundaç=ao e verùa que sempre o apoiaram.
Sùo mais um aspecto que penso ser de salientar:porquê a necessidade de utilizar sempre um palavreado como "ignorancia","mentira" e outros termos que tais tem de ser apanágio de tantos comentadores deste país (não sùo aqui como noutras casas deste país)?Ao não sabermos ter o nível de civismo necessário para mantermos um salutar dialogo democratico,só mostramos o nivel evolutivo em que nos encontramos e o porquê de aqui nos encontrarmos.
E que tal um pouco de respeito? Há quem diga que quem vai perdendo a razão vai baixando o nível...Não sejamos assim,o futuro deste país é nosso!
Desculpe, mas não lhe faltei ao respeito, nem tão pouco baixei o nível. Apenas mostrei que certas ataques "ideológicos" (apelidar de liberais certas medidas, p ex) são baseados em ignorância. Creio que não disse nenhuma mentira. Não atiro palavras para o ar. Apoio-me no que as pessoas dizem. Se encontrar algum erro no meu discurso está livre, e até agradeço, de o apontar.
ResponderEliminarPor exemplo, isto que afirma:
"o sistema é imperfeito e precisa portanto de ser vigiado.Na minha opinião,se deixamos que o mercado mantenha a mão invisivel e um sistema de autoregulação nunca teremos um sistema liberal mais justo e inevitavelmente o corporativismo prevalecerá."
a primeira parte é uma questão de opiniões, que obviamente discordo. a segunda já não faz sentido. Como existe corporativismo num sistema em que o estado não tem voto na matéria? consegue demonstrar isso? Talvez pelo significado dúbio da palavra em português, perceba a confusão... Mas se adoptarmos o significado em inglês, corporativism significa mais ou menos como o apoio ou preferência pelo estado a certas empresas tendo em vista o "interesse público" (conceito muito subjectivo). E isso, num sistema liberal simplesmente não acontece, ao contrário de todos os outros sistemas. Num sistema capitalista, o corporativismo (no significado que acima referi) desaparece.
E usei o exemplo do tgv como exemplo desse corporativismo, do qual fazem parte não sei quantas empresas. Apenas para demonstrar a hipocrisia de certos políticos, que contestam uma coisa e apoiam outra, não percebendo que faz parte da mesma moeda.
Pode achar que o tgv é muito bonito, está no seu direito, mas desafio-o a dizer que não está já incluído num projecto de favores e de ligações pouco claras entre empresas e Estado, e que não vai trazer muito dinheiro para muitos administradores. Se em Portugal até os concursos públicos são falseados, imagino como deve ser quando nem sequer existem concursos públicos, tal como o tgv.
Os liberais acham que o ser humano é imperfeito, logos os mercados também são imperfeitos. Achar que políticos, resolvem a imperfeição dos mercados, é de uma ingenuidade incrível. Principalmente quando já sabemos como é o homem perante situações de poder, após tantos anos de ditaduras e repressão.
e para terminar, pegando na sua ultima e inspirada frase
"Não sejamos assim,o futuro deste país é nosso! "
Infelizmente o futuro do país não me pertence. Ele está na mão de politicos e grandes empresas ligados ao poder. A minha única mensagem é continuarmos em direcção à liberdade, que foi o único sistema que deu resultados na história. é isso que defendo, mas infelizmente estou preso num mundo de estatistas que se acham no direito de controlar a vida das pessoas. Porque regular a economia, é controlar a vida das pessoas.
E quando peço mais rigor é que as pessoas se informem, e não vivam dos seus mentores ideológicos, e das suas mentiras. Que tentem pôr-se do outro lado, nem que seja como experiencia. Admitir os erros é dos maiores actos de humildade. Eu só votei uma vez na minha vida. E foi no Bloco de esquerda.
Desculpem o desabafo, mas teve que ser.
cumprimentos
um pais em crescimento acha isto:
ResponderEliminarhttp://www.echinacities.com/biz-china/business-topics/chinese-academy-of-sciences-high-speed-rail-construction-201.html
aqui com a casa a arder continua-se a apostar em piscinas.
"O sistema é imperfeito e precisa portanto de ser vigiado.Na minha opinião,se deixamos que o mercado mantenha a mão invisível e um sistema de autoregulação nunca teremos um sistema liberal mais justo e inevitavelmente o corporativismo prevalecerá."
ResponderEliminarDiz que a primeira parte é uma questão de opinião,mas mais a frente defende que os próprios liberais tem a percepção que não sendo o homem perfeito tmb não o é o sistema. Contraditório o que diz,mas essa ainda passa...Mas a segunda parte que o senhor tanto critica é a prova de que se encontra realmente desenquadrado.Primeiro por considerar que qualquer contacto entre estado-economia é uma deturpação do sistema liberal (o tal que só existe em teoria como a ilha de Moore),e logo acredita que seja qual for o sistema não há sempre uma relação entre os agentes económicos e os agentes que exercem o poder político. Isso deve-se a uma ideia errónea que a economia se move num mundo paralelo que não tem pontos de contacto com o nosso e onde o estado é o papão.O estado somos,ou devíamos ser, nós meu caro.Em qualquer constituição mundial encontrará sempre a referência de a um trinómio:Povo,território e soberania. Logo se um estado é a soberania exercida por um povo num determinado território,porque é que sempre que falamos de estado ou referimos controlo o senhor pensa logo em políticos e não em juízes ou qualquer outro agente regulador da vida social? Foi a demanda neoliberal por menos controlo que nos levou a este ponto,a ideia que a total separação entre a económico e o político era uma mar de rosas e que tudo ia bem se os agentes reguladores não andassem a chatear. Mas quando a coisa deu mal,já éramos todos Keynianistas e Ordoliberais.E no final se os estados deixassem tudo cair o caos ia sobressair e não havia mão invisível para o controlar. Porque isto é tudo muito bonito se não pensarmos que as pessoas existem e precisam de meios de subsistência. Do mal para o horrível fico como estou.
Essa ideia do controlo da vida das pessoas também é muito bonita,mas que tal (re)visitar a teoria de contrato social ou qualquer outra sobre organização social que não puramente caótica? É sempre necessário algum grau de controlo caso contrário regredimos à idade média (e mesmo aí havia uma ordem estabelecida por o mais forte,como no Chile de Pinochet e nos estados do sudoeste asiático e os bens não chegam/chegavam a todos.Basta estudar o nível de prostituição ou de trabalho infantil e compara-lo com o crescimento económico e o aumento dos níveis de concentração de riqueza no sudoeste asiático). A liberdade é o bem mais essencial que um homem de esquerda como eu pode defender,mas a sua fragilidade obriga-nos a um controlo mutuo.Liberalizar tudo sem limites irá invariavelmente levar-nos ao estado natureza e nunca a uma verdadeira liberdade.
ResponderEliminarQuanto à parte dos mentores ideológicos...Nem vale a pena responder!Acha que um Social-democrata encalhado no Ordoliberalismo económico(porque daqui ainda ninguém conseguiu passar,que me perdoe a malta mais à minha esquerda.Não é um fim,é o ponto evolutivo onde estamos)mas de formação socialista,ainda que completamente avesso a totalitarismos políticos e económicos anda a ouvir quem?Somos muitos que pensamos assim,mas cada um pensa bem por si.Talvez seja essa falta de liderança e unidade que não nos deixa arrancar...Se conhecer alguém que ande a pregar este sermão diga-me que eu quero trabalhar com ele! Mas até lá,e mesmo nessas circunstâncias de tentativa de continuar o processo evolutivo,pensarei sempre por mim e tentarei sempre melhorar(através do erro,não conheço outro modo).Já o senhor nem preciso perguntar quem são os iluminados que o esclarecem...
A questão do TGV é outra conversa e apesar de apoiar o que diz sobre a falta de transparência e a clara corrupção,já tinha dito que isso é bem diferente de apoiar a ideia.Não é por eu ser contra o favorecimento sistemático e descarado à mota-engil e achar que o traçado não faz sentido que vou mudar de ideias quanto aquilo que defendo para o país.Uma coisa é a ideia no teórico outra é a maneira como é posta em prática.
Quanto ao seu voto no Bloco,realmente não percebi...Está a dizer que foi um erro?Ou apenas a comentar a sua preferência naquele determinado momento?Seja como for apareça mais vezes na urna e envolva-se mais na vida cívica,se nos alheamos perdemos a moral para criticar.
O "país em crescimento" näo questiona o TGV, questiona sim, se a rede com 16.000 km e chegando a 90% da populaçäo, é prática.
ResponderEliminarMas quando se quer fazer passar as próprias ideias erradas, toma-se qualquer coisa que pareça suportar essas ideias erradas, por exemplo, seleccionando uma linha em 10 parágrafos. Isto sim, é desonestidade intelectual. Em Portugal há compadrio para TUDO, por essa ordem de ideias entäo näo faz nada mesmo!!!
Num país como a China, com 25% ou mais de populaçäo dispersa, näo deve ser prático fazer TGV a atravessar desertos de milhares de quilómetros para chegar a um ermo com 200 habitantes. Isso é claro.
Como tal, ficar-se-äo assim por uns 10.000km de TGV chegando a 67% da populaçäo, ou quiçá 7.500km chegando a 50% da populaçäo. Depende da rentabilidade da linha. Mas o fundamental é que na China (ou em países evoluídos) o TGV näo se discute, constrói-se!
O TGV, e os comboios em geral, säo o transporte do futuro. Atravessei a Alemanha várias vezes nos deles (ICE), 2 horas sem paragens, e estava 500km da partida. E nessas 2 horas o único stress era de escolher entre café e chá. Para trabalhar, muito melhor que o aviäo (mais espaço e mais silêncio), com a vantagem de ir de centro a centro e näo ter de fazer check-in 1 hora antes da partida.
Para viagens de negócios, já nem comparo com o carro, só com o aviäo, mas também para viagens de lazer, é um descanso. E se quis visitar "terrinhas", apanhava o Regional. O melhor é para as crianças, querem tormento maior que estar trancado numa cadeira horas a fio? No comboio estäo à vontade, da Áustria à Finländia até têm "salas de brincadeira"!
O que eu me ri com isto. Só não me rio mais porque voce tem o direito de votar e de portanto interferir na minha vida, e ai quem se lixa sou eu.
ResponderEliminar"Diz que a primeira parte é uma questão de opinião,mas mais a frente defende que os próprios liberais tem a percepção que não sendo o homem perfeito tmb não o é o sistema."
Contraditório? Por saber que não se defende um sistema perfeito? Por saber que em qualquer sistema há falhas? Quem advoga sistemas perfeitos, não (re)conhece a natureza do homem e tenta contrariá-la. Voce é um exemplo: deseja contrariar a natureza do homem tal como afirma aqui:
"A liberdade é o bem mais essencial que um homem de esquerda como eu pode defender,mas a sua fragilidade obriga-nos a um controlo mutuo"
Isso seria algo que partidos fascistas diriam. A liberdade é muito bonita mas é preciso controlá-la. Ou então os que defendem a liberdade de expressão mas que depois dizem que o respeitinho é essencial.
A seguir mais pérolas:
"O estado somos,ou devíamos ser, nós meu caro."
esta teoria não conhecia! parece mais o inicio de uma anedota, mas provavelmente é só estupidez. (e digo estupidez porque voce ate parece minimamente informado)
"porque é que sempre que falamos de estado ou referimos controlo o senhor pensa logo em políticos e não em juízes ou qualquer outro agente regulador da vida social?"
Quem aprova leis meu caro? Quem aprova leis que depois são executadas por juízes? quem aprova leis que permitem esses tais agentes regularem a nossa vida? Quem aprova leis que interferem directamente na vida das pessoas? Também posso falar de juizes e de professores, e dos lixeiros, e dos jardineiros, e dos polícias mas não é a mesma coisa pois não?
Faça um exercicio, se quiser claro... Vá ver antes da crise começar o que diziam certos economistas. Pode ir ao youtube, porque é mais fácil, ha uns debates interessantes. Até lhe dava o link, mas não quero favorecer nenhum lado. Talvez possa ajudar... não sei porque o seu caso já parece crónico.
:) Realmente à primeira vista esta teoria do controlo da liberdade parece repressiva e autoritária,mas se soubesse alguma coisa do que lhe falei antes (contracto social e teorias de organização política) perceberia do que falo.Então acha que não deve haver limites?Não deve haver controlo?Então se eu o visse na rua e o decidisse matar estava tudo OK, não era?Ou entrar em sua casa e violar a sua irmã ou a sua mãe?E não acha que isto no fundo é um limitar da liberdade,criar mecanismos para que isto não aconteça?Os abusos obviamente que tem de ser controlados,tudo aquilo que seja contrário à ordem e mexa com a subsistência da comunidade obviamente deve ser controlado.O que defendo é simples e claro:também a economia tem de ter limites visto ser essencial para a subsistência da comunidade.Quando ler mais sobre liberdade e organização social retomamos a este tema,caso contrário temo que não me acompanhe...
ResponderEliminarQuanto à parte do Estado somos nós,a minha explicação vêm logo de seguida.Um Estado é o exercício de soberania (organização institucional) de um povo (neste caso o povo português,ou seja nós lactus sensus) num determinado território (Portugal).Pode discutir se concorda com esta definição,se acha que é muito ou pouco abrangente mas se algum dia se der ao trabalho de ler a nossa constituição (ou qualquer outra) verá que isto está lá de uma forma mais ou menos explicita (artº 1 ao 6).Pode vir com a velha ladainha de que há muita coisa na constituição que não se respeita,mas isso para mim é desculpa para quem não quer perceber.Se não concorda,tudo bem,agora não caía num típico erro português:fazer-se de burro parecendo esperto!
Quanto à questão das leis,tem toda a razão.Quem as aprova é o poder político mas a quem cabe zelar por a sua execução é o poder judicial.Claro que o papel do legislador é sobejamente importante,mas não minimize o executor e o judicial.Que na nossa sociedade se desrespeite os tribunais,é uma coisa,mas defender que vivemos na mão de um "estado" que é controlado por uns "políticos" que são todos corruptos e que por isso devemos acabar com isto tudo é conversa de anarquista básico,algo em que a sua conversa caí com muita facilidade.Aliás,o senhor devia começar um movimento de neoliberais económicos mas anarquistas sociais:algo como o anarquismo neoliberal,ou mesmo neo-anarco-liberalismo.
Volto a pedir:mais civismo!Será que não podemos ter conversas salutares e democráticas sem cair no insulto e ataque pessoal?Esta é a segunda coisa que lhe aponto e que demonstra bem o quão pouco civilizados somos.E ainda havia um parvo que falava no fim da história...
Meu amigo não creio ser o lugar exacto para discutir o conceito filosófico de limites da liberdade. E ainda para mais com condescendências de sua parte. Podia até ter nunca lido um livro na vida, que o que se continuava a discutir eram argumentos e não bagagem intelectual. Não interessa a quantidade intelectual se a qualidade de argumentos é má, como é o seu caso. E desculpe se considera isto falta de civismo, mas a mim parece-me somente o expressar de uma opinião, baseado no que diz tal como estes fantásticos exemplos: "O que defendo é simples e claro:também a economia tem de ter limites visto ser essencial para a subsistência da comunidade.", ou isto "devia começar um movimento de neoliberais económicos mas anarquistas sociais:algo como o anarquismo neoliberal,ou mesmo neo-anarco-liberalismo." (anarco-capitalismo?).
ResponderEliminarNão devia procurar definição de estado na constituição, porque a sua definição já existe há muito tempo, e mudou conforme os regimes políticos em vigor. Se fosse ler a definição de estado num governo fascista ela seria válida mesmo que contrariasse a que está na constituição portuguesa actualmente? Há estado e há governos. Pode haver governos sem estado, mas não existe estado sem governo. Se perceber isso, percebe como a sua definição é parcial. E não digo que há muita coisa na constituição que não se respeita, digo que há muita coisa estúpida.
Obviamente que não advogo impunidade para quem mata adversários de argumento, ou quem viola irmãs e mães de outras pessoas. Não defendo uma liberdade amoral ou niilista, autodestruidora ou qualquer coisa do género.
Defendo uma sociedade de liberdade máxima sem interferencia nos direitos individuais. Não sei o sistema perfeito, mas sei o sentido: mais liberdade.
Mas aconselhe então os livros sobre a liberdade, que terei todo o gosto em lê-los, se não os li já. De minha parte aconselho, A Lei de Bastiat, e o Caminho da Servidão de Hayek ou qualquer texto de Lysand Spooner, que creio que pode encontrar facilmente na internet.
E já agora um exemplo portugues: Jorge de Sena. Recomendo a todo os portugueses
ResponderEliminarNão lhe quis chamar isso porque o que me parece é que ainda vai mais além do que Rothbard (e em alguns casos contra ele),mas se preferir um neo-anarcocapitalismo (concordo que os termos que propus eram fraquinhos e desenquadrados).
ResponderEliminarSe quer ler alguma coisa comece no Leviathan,passe por o Du contract social, (re)veja o Theory of Justice e depois leia os seus críticos.Se mesmo assim continuar a apoiar esse neo-anarcocapitalismo (já agora leia também os críticos do anarcocapitalismo) então não há nada a fazer,é um amante do total caos e um caso perdido.Mas utilizando a velha máxima que sempre defenderei "não concordo com o que diz,mas lutarei até à morte por o direito que tem de o dizer".
Já agora a falta de civismo advém de estar sempre a tentar colar os termos estupidez,idiotice,ignorância ou mesmo mentira(como se houvesse verdades supremas) a quem não concorde consigo.Isso para mim não só é pouco correcto como é claro sinal de falta de civismo...