Isto é muito sério. Coloco pó nas bolas do Mongol para conter a vontade de as cortar.
Denunciar o carácter de classe do monopólio de violência legítima do Estado parece um sacrilégio anarquista, mas não tem de ser. No meu caso, defensor do Estado de direito socialista, espero que me dêem o crédito necessário para o que vou dizer.
As forças da segurança pública, pela natureza do que pretendem defender, defendem um interesse público. Interesse esse representado também pela defesa de uma legalidade que embora democrática tem bem vincada a hegemonia das classes dominantes.
Quem defende o Estado de direito como eu defendo, mesmo defendendo a absoluta necessidade de o substituir por um Estado de direito socialista para que Estado de direito se mantenha, respeita o papel "ordeiro" que as forças de segurança possam ter na defesa de um interesse verdadeiramente público: das liberdades e garantias da cidadania e da humanidade. Bem sei que a paz aparente tem muitas guerras estruturais: “Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem” (Brest). Mas quero falar de outra coisa...
O verdadeiro limite à realidade do dito interesse público encontra-se quando até a legalidade de uma democracia de hegemonia burguesa é quebrada pelos seus representantes. “A 300% não recua diante de nenhum crime”, é isso mas não é só isso. A recruta de agentes "embriagados" pela ideologia do ódio destilada pelas classes dominantes, essa recruta e essa ideologia são uma gangrena que apodrece o sentido (dito) público dessas forças. Como todas as ideologias nojentas da extrema direita, muito passa pela estupidez da estética. Desde a diferença epidérmica ao vestuário, gesto ou música diferente, tudo isso parecem ser “crimes” prestes a ser “punidos” sumariamente pela brutalidade dos agentes da segurança que afinal não é sempre pública.
Digo isto com sincero respeito pelos agentes que honram uma segurança pública em que verdadeiramente acreditam. Digo isto com apelo a uma calma difícil de encontrar nos momentos em que a brutalidade ataca os nossos mais próximos... inacreditavelmente.
Sabemos contudo, que há sempre polícias secos e molhados. Sabemos quem está de que lado, quando as fábricas de falência fraudulenta são roubadas e sabotadas para prejuízo das trabalhadoras e trabalhadores. Sabemos que não é nada inocente a interpretação giscardiana da proibição da pena de morte na Europa.
Apelo à mansidão de coração. Coração manso, olhos abertos, gesto firme.
Como disse o camarada Fabian:
Mas a questão não é cortá-las??
ResponderEliminarFalamos disso noutro dia... Mas sim a questão é cortá-las.
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