23 de abril de 2010

Ainda se estranha a cannabis?

Em 2001 um passo importante foi dado no que toca a um tema que encontra sempre muitas barreiras, algumas engraçadas: consumo de drogas leves, distinguia a cannabis e os seus derivados.
Esse passo, praticamente, mudou mais ou menos o seguinte. Se fores apanhado a fumar cannabis poderás ser encaminhado para um processo administrativo com o objectivo de te dissuadir do consumo. Ora bem, ao retirar do âmbito penal transferindo para o âmbito administrativo o processo, temos uma mudança de perspectiva no "tratamento": estas pessoas passam de criminosos a "doentes".
Sensivelmente 10 anos depois da proposta ter sido apresentada e votada, já é tempo bastante para se fazer algum balanço.
Ora, primeiro balanço, que nem é bem um balanço, é que o simples facto de alguém consumir cannabis não faz dessa pessoa um "doente".
E obviamente isso transparece na lei, não percebendo até hoje bem qual seria a ideia do legislador. Ora vejamos.
É descriminalizado o consumo, passando para a via administrativa o tratamento do caso. Não obstante, és "livre" de fumar cannabis. No entanto, qualquer maneira, seja dependente apenas de mim (auto-cultivo) ou de outra pessoa (tráfico), é ilegal obter cannabis.
Portanto, somos livres de fumar algo que é proibido obter.

Eu pediria 'tudo' no sentido de acabar com a falácia que existe, auto-cultivo e comercialização, mas por agora até me focava mais na parte do auto-cultivo.
Qualquer argumento proibicionista ou política proibicionista cai quando estamos a falar de algo que não é propriamente um produto de um processo humano, mas sim algo que nasce naturalmente da terra.
Pergunto, muito recuado, se não seria muito mais coerente dar-se um passo no sentido de despenalizar o consumo e permitir o auto-cultivo.
Assim, alterariamos o "somos livres de fumar algo que é proibido obter" para o "somos livres de fumar algo que podemos cultivar".
Obviamente, o problema dos pequenos passos é que este também iria abrir outra 'contradição' que era dar total liberdade para qualquer pessoa ser um potencial vendedor (encarnando uma qualquer personagem).
Eu não vejo um consumidor de cannabis como um criminoso, tal como não vejo como crimonoso um qualquer bêbado num qualquer bar.
O problema é que será muito complicado uma pessoa ir a um bar comprar um cerveja e tentar vendê-la na rua a mais 20 cêntimos. Com cannabis ou derivados, isso é relativamente fácil e o incremento não são 20 cêntimos.
As contradições deste tema só serão extintas ou minimizadas quando se tiver alguma coragem para admitir que o consumo da cannabis é uma escolha pessoal, para a qual deve existir uma disseminação de informação verdadeira e responsável sobre os seus efeitos e consequências, tal como o consumo de qualquer outra droga leve Lícita.
Manter a cannabis como droga leve ilícita não irá fazer com o que o seu consumo desapareça. Ou serão precisos mais 10 anos de amostra para a conclusão óbvia?

2 comentários:

  1. que merda de comentário do anónimo, o blog é fixe;

    o auto cultivo não resolve o problema de quem não tem espaço, disponibilidade, dinheiro ou situação familiar para o praticar (mas já era bom);

    Não quero que o consumo de canábis desapareça, nem isso está dependente da nossa (minha ou tua) vontade.

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