26 de maio de 2012

SYRIZA e um rodapé ao discurso do método

Há menos de 5 dias, uma notícia indignou alguns dos comentadores de uma nota * de Tiago  Mota Saraiva. Esta notícia: Tsipras and SYRIZA Eye 50-Seats Bonus as “Single Party”.

A lei eleitoral que dá um bónus de 50 deputados ao partido (nunca a uma coligação) mais votado foi feita à medida do PASOK e da ND. Era uma lei para os partidos do centrão. Naquela estrutura partidária e com aquela lei à medida, a esquerda, mesmo que se juntasse toda, não tinha acesso a este privilégio de poder. Um privilégio apenas reservado aos partidos (dos) dominantes.

Pessoalmente e até dadas as circunstâncias parece-me bem que a coligação SYRIZA assuma a forma legal de partido para ter acesso ao malfadado bónus. Isso pode até, por motivos colaterais, favorecer o futuro dessa força de esquerda, unificando-a num partido plural; embora não seja esse o debate agora.

A SYRIZA defende o fim do privilégio dos 50 deputados. Porém, na acesa luta em que estamos, seria responsável condenar a esquerda a, se ganhasse por poco, ter apenas mais 1 ou 2 deputados que o segundo; se ficasse em segundo (com a mesma diferença), ter automaticamente menos 51 ou 52 deputados? Era lutar sempre em desvantagem.

Quem está numa luta destas tem de combater com as armas deste sistema eleitoral, nunca perdendo os princípios estratégicos, mas não querendo impor-se a si as regras eleitorais de uma democracia mais radical que infelizmente estão ainda por implementar.

Eu defendo um sistema mais proporcional, mas julgo que o meu partido não deveria recusar nenhum deputado ou deputada que por via do método de hondt lhe fosse atribuído para além do número que "devia ser" num método mais proporcional.

As regras eleitorais são as que estão em vigor, a SYRIZA não tem de se condenar a ser lixada por uma regra criada para lixar as forças fora do centrão.

E faço votos para que a SYRIZA se desenvolva um grande partido plural.


* Lamento o já corrigidoo lapso, interpretei mal o artigo inicialmente. Pois os comentários são críticos en não a nota.

2 comentários:

  1. Caro Bruno de Góis, não sei onde viu "indignação" pelo facto do Syriza poder ser elegível para o bónus em causa. A minha indignação vai para a "nossa iluminada intelectualidade mediática" que "informa o povo" com tretas.
    Quando o vi escrito pela primeira vez, desconfiei. Agora percebi que não era verdade. Adiante. Se o Syriza teve de alterar a sua formulação enquanto coligação, fez muito bem. Isso não revela nada sobre o partido, mas diz tudo sobre o sistema.
    Quanto aos seus desejos de um "grande partido plural" pode ir falar com os da esquerda-livre. Diz que querem fazer um grande partido plural por cá.

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  2. interpretei mal então... talvez contaminado pela leitura de alguns dos comentários. Não era uma crítica. Apenas uma opinião "supostamente diferente". Corrigirei.
    Obrigado pelo reparo!

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