12 de setembro de 2011

Lúcidos do mundo, uni-vos.



Rebater os escritos do Daniel Oliveira vai se tornando um exercício um pouco batido, mas uma parte deste seu texto torna apetecível arriscar a empreitada mais uma vez. Diz o DO:
"Qualquer alternativa que tenha na criação de emprego, no crescimento económico e na defesa do Estado Social os seus principais objetivos terá de acontecer à esquerda. E acontecendo à esquerda terá, pelo menos no cenário político previsível para os próximos anos, de contar com Partido Socialista. Querer fazer, à esquerda do PS, a fronteira dessa alternativa pode parecer lógico para muitos que, legitimamente, se cansaram de tantas vezes se sentirem desiludidos pelas guinadas ieológicas dos socialistas quando estão no poder e na oposição, mas é uma opção derrotada à partida. Pelo contrário, só a exigência que o PS cumpra aquele que deveria ser o seu papel histórico é uma atitude lúcida."

Portanto, aos desiludidos das guinadas do PS (já agora quais são? de Sampaio?Guterres? Ferro Rodrigues?) ao longo de 35 anos devemos contrapor a união dos clarividentes, dos lúcidos que percebem que a missão histórica do PS é a criação de emprego, do crescimento económico e da defesa do Estado social. O PS anda esquecido e a esquerda pulula de confusos (pelo que sabemos, o contrário de lúcidos). Estes últimos, chegam ao ponto de achar que o PS assinar uma acordo com a troika faz, vejam lá, parte da missão histórica do PS, a de assegurar que quem manda continue a mandar. Que desordem nestas mentes desconsoladas.

Mas o DO esclarece, "Não, não espero que o PS seja outra coisa que não o PS. Bastava-me, como social-democrata (provavelmente à esquerda da esmagadora maioria dos militantes socialistas), que o PS fosse moderadamente de esquerda." Lá está, bastava que o PS fosse aquilo que é, não fosse esta chatice dos dirigentes do PS insistirem em fazer do PS aquilo que o PS não é. Mas mesmo assim o DO talvez, atenção, talvez não votasse no PS, mas estaria sim na linha da frente dos lúcidos, dos que sabem o que o PS é e o que deve fazer.


O que fazemos então até o PS perceber que deve ser aquilo que é ou que está fadado a ser? É simples. Marcamos a "fronteira da alternativa" pelo emprego, e pelo Estado social à direita do PS, nunca à sua esquerda. E, entretanto, esperamos este "intervalo" chamado António José Seguro que, pasmo geral, cumprirá o que o PS assinou em carta à troika. O PS vota as alterações do código de trabalho mas a fronteira é à direita, o PS vota a privatização dos CTT, dos seguros da caixa, da TAP, da REN mas a fronteira é à direita, o PS comprometeu-se com o aumento do gás e da electricidade mas a fronteira é à direita, o PS impõe um fundo aos trabalhadores para pagar o despedimento do colega do lado mas a fronteira é à direita. Um dia o PS será o PS, e então tudo será bom.

E ainda diz o DO que "não fala por ninguém". Desengane-se, este seu texto é quase um manifesto: "Lúcidos do mundo, uni-vos".

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