22 de novembro de 2010

"o ensino é como um ferrari"

(mas nós queremos transportes públicos)



O agora "reitor" do ISCTE já nos tinha antes transmitido a sua opinião acerca do ensino superior. Para Luís Reto o ensino é como um Ferrari, para se ter qualidade de alto nível há que poder pagá-la, e cara!

Não consigo hoje encontrar nenhuma grande diferença entre o ensino privado e público em Portugal. Sendo verdade que o 1º ciclo poderá ser ligeiramente mais barato no segundo caso, a verdade é que as propinas do 2º ciclo (e toda a gente sabe que hoje o 2º ciclo não é uma opção!) se estão a tornar tão ou mais caras no público do que no privado.

Um efeito colateral de Bolonha ou o objectivo final? A escola é mais uma vítima do processo de liberalização e privatização dos serviços públicos que se intensifica à medida que o fantasma da crise, a novela do despesismo e o austeritarismo ganham, em espaço e força.

A escola deixou de ser para todos para ser para quem pode. E quem não pode? Pede um empréstimo. E quem não consegue pedir um empréstimo? Os bancos farão questão de assegurar que quase todos conseguem. E quem não pode e não quer um empréstimo? Não vai.

O resultado é um exército de trabalhadores qualificados, totalmente dependentes do sector financeiro e por isso disponíveis para quase tudo a qualquer preço. Uma geração de endividados. E voltamos ao mesmo: Será que estamos a viver acima das nossas possibilidades? Bom, não é muito difícil quando não se tem possibilidades!

Há poucas diferenças entre o plano de Passos Coelho para a Constituição e as práticas dos últimos governos socialistas (continuo a pensar que está na altura de ajustarem o nome ás praticas, já que não parece ser possível esperar o contrário).

Quanto ao ISCTE e aos Ferraris, no preço a comparação faz de facto sentido. Já na qualidade... Educação alguma poderá ter qualidade enquanto se mantiver enviesada e condicionada pelos padrões e pressupostos neoliberais, errados do ponto de vista teórico e desastrosos do ponto de vista político.

7 comentários:

  1. Esse energúmeno desse Luís Reto (ou mais apropriadamente seria Recto) tem toda a razäo...

    ... mas porventura esquece-se que existem milhentos concessionários da Ferrari!!!

    O MBA em Helsínquia custa só 25.000€ e está no Top100 *mundial* e no Top20 europeu, enquanto as pós-graduaçöes do ISCTE... portanto... olha, nem aparecem!

    Quem tudo quer tudo perde. E as Univs. finlandesas (por exemplo) säo muito mais activas, däo muito mais por menos dinheiro. Infelizmente ninguém fora do rectängulo sabe o que é o ISCTE. A minha licenciatura valeu-me pouco, porque tive sempre de explicar onde a tirei, até em Espanha.

    AH! E nos países nórdicos, o ensino superior é 100% público e gratuito até ao nível de Mestrado, desde há uns 100 anos. Só os MBAs e Doutoramentos se pagam.

    ResponderEliminar
  2. A realidade é esta: o ensino primário público é mau. Depois do 5ºano ao 9ºano é medíocre. Do 9ºano ao 12ºano é mediano. O ensino superior já pode ser considerado satisfatório.

    O que muda? Menos pobres, mais ricos.

    A vossa aposta somente com o ensino superior é hipócrita. As pessoas mais carenciadas, necessitam de melhor ensino básico, no entanto isto não acontece. Mesmo assim os meninos ricos da esquerda preocupam-se tanto com os pobres, que querem a universidade grátis, para os que desistiram durante o ensino básico, também contribuíam com o seu salário para um ensino que nunca tiveram hipótese de ter.

    ResponderEliminar
  3. Quem se sente que se mexa!
    Eu näo sou rico (quem me dera!) e sempre estudei em escolas públicas da "província", e näo foi por isso que näo entrei no ISCTE, à frente de muito rico que estudou em privadas "cheias de recursos".

    O exemplo nórdico é sintomático: ensino universal, público, e gratuito até ao Mestrado. E depois nos testes PISA estäo à frente de todos. E só näo tira mestrado quem näo quer.
    É isto que que os "meninos ricos da esquerda" querem.

    AO contrário dos "meninos ricos da direita", que querem o Ensino totalmente provatizado, para que os pobres sejam analfabetos.

    ResponderEliminar
  4. Eu estudei na primária de Custóias e provavelmente 90% dos meus colegas de turma não acabaram o 12º ano. Para ai 40% não completou o 9ºano. E não foi por isso que não entrei num dos cursos com maiores notas de entradas do País. O maquiavel falhou completamente o ponto de vista, porque simplesmente não lhe interessam argumentos, mas sim retórica.

    No Brasil o ensino superior tambem não se paga. O que vemos? meia duzia de meninos ricos a ir para a faculdade de carro, enquanto os favelados lhe enchem o saco das compras no supermercado.

    E as melhores faculdades do mundo estão no estados unidos. Quando tive em Oslo, vi um programa na televisão a mostrar a fuga dos melhores estudantes para o estados unidos. De certeza que se fizer um pesquisa encontra algo sobre isso.

    ResponderEliminar
  5. Os estudantes noruegueses disfrutam de ensino de alta qualidade totalmente gratuito durante 18 anos. Depois disso, os melhores väo tirar Doutoramentos onde quiserem, e se nos EUA lhes pagam melhor, eles väo. Muitos voltam para trabalhar na Noruega. O teu argumente, se é que se lhe pode chamar isso, confunde causa com efeito, e cai pela base.

    Quando "tiveste" em Oslo? Parece que os teus "argumentos" falhados säo correspondidos por uma gramática ao mesmo nível. O tal curso "com maiores notas de entradas do País", a existir, deve ser numa privada.

    Por isso näo entendes a veracidade dos meus argumentos. Mas näo importa: näo é gente da tua laia que quero que concorde comigo, mas sim pessoas inteligentes.

    ResponderEliminar
  6. "disfrutam"? o karma é fodido...
    o meu erro provém da informalidade do discurso, o teu, certamente, já derivará da tua "inteligência". O facto de teres usado isso para atacares, já diz muito. Ad hominem e presunção, para além de deturpação são as únicas armas que apresentas.

    Não afirmei que entrei "no" curso com maiores notas de entrada do país, mas sim "num" dos. Talvez uma leitura atenta ajude a não ser imbecil.

    E entrei em arquitectura na universidade do Porto, fiz erasmus em Oslo e estagiei em São Paulo. Dois lugares bastante distintos, mas com um um dos maiores sistemas tributários do mundo, com fortes apoios estatais no campo da educação, e com resultados diferentes. Mas isso não lhe deve interessar, porque não parece ter outro interesse para além da auto bajulação.

    ResponderEliminar
  7. Mais um que considera verdades como "ataques". Mas poder-te-ei apenas fazer ataques "ad verminen" (que me perdoem os puristas do Latim)... o meu barbarismo não se compara à tua falta de educação e argumentação.

    Que herói, até fizeste Erasmus!
    Olha, também eu, e muitos mais. Pelos vistos, nada aprendeste.
    A tua verborreia não invalida que o ensino deve ser gratuito a todos os níveis, para dar igualdade de oportunidades. Mas claro que tu não queres partilhar o teu salário, por via dos impostos, com os pobretanas que querem estudar!

    Pequenote, não te enxergas?
    Parece que não. Por isso vou-te deixar a falar sozinho. Já dizia a minha avó que não se deve dar trela a maluquinhos!

    ResponderEliminar