25 de junho de 2010

GALP: o petróleo ítalo luso tropical

A GALP é criada em 1978 (o mesmo ano em que a refinaria de Sines começa a laborar) como marca ligada à PETROGAL, que por sua vez é o resultado da fusão da SACOR, CIDLA, SONAP e PETROSUL (esta última com participação do grupo Mello), todas sociedades petrolíferas nacionalizadas em 1975.

Em 1989, o Governo de Cavaco Silva transforma a PETROGAL em Sociedade Anónima, mas o capital permanece sob controlo estatal. Em 1992, Cavaco Silva privatiza 25% da PETROGAL em favor da holding PETROCONTROL, que tinha como accionistas o Grupo Espírito Santo, Banco Totta, os Mello, Amorim e Parfil, Patrick Monteiro de Barros, a Fundação Oriente e Manuel Boullosa. Com mais mudanças pelo caminho, António Guterres e Pina Moura, já em 1999, ditam a constituição do Grupo GALP ENERGIA, - detentor da Petrogal e da GDP (Gás de Portugal) e avançam, no mesmo ano, com a privatização do grupo. Aos 60% que ficam em posse do Estado Português contrapõem-se 2,75% da CGD, 3,27% da EDP, pequenas participações da PORTGÁS e SETGÁS e 33,4 % da PETROCONTROL.

Em 2000, com a segunda fase da privatização, dos 15% que o Estado aliena, 4% vão para a IBERDROLA (da qual Pina Moura é agora administrador) e 11% para os italianos da ENI, que somam ainda mais 22,34% vendidos pela PETROCONTROL (com o consentimento do Governo) que realiza uma mais-valia de 525 milhões de euros com a operação se juntarmos os outros 11% que vendem à EDP.

Com a terceira fase de privatização, já com o Governo Durão em 2003, 18,3% vão parar à REN, dos quais 13,5% foram adquiridos à CGD e os restantes 4,8% ao Estado. O mesmo Durão presta o favor de retirar os tectos ao preço dos combustíveis E eis que, em 2005, surge Américo Amorim que compra 14,2% à EDP e em 2006 vê a sua posição chegar aos 33,34% com a entrada da empresa em Bolsa, onde o Estado vende 23% do capital a um valor de mil e setecentos milhões de Euros. Em 2009 essa participação já valia mais mil milhões de euros e os dividendos de Amorim já lhe permitiam pagar um quinto do valor da aquisição.

Mas Amorim não está sozinho, a Sonangol e Isabel do Santos, filha do Presidente Angolano, detêm 45% da Amorim Energia. Em conluio com a ENI e a CGD firmam um Acordo Parasocial onde se comprometem a não vender as suas participações até 2011. Ora, a ENI já veio acenar com a possível venda da sua parte no final do ano, o que originou de pronto muita salivação financeira. Isabel dos Santos já ameaçou com a saída da Amorim Energia de forma a ter participação directa na GALP e do outro lado do oceano apareceu a gigante brasileira PETROBRAS que, apoiada na CGD, quer 25% do bolo. Dilma Roussef, candidata do PT às eleições presidenciais brasileiras de Outubro, esteve em Portugal na semana passada onde discutiu o assunto com José Sócrates e...Américo Amorim.

Qual a resposta de Sócrates? Mais privatização claro. A privatização de 7 dos 8% que ainda pertencem ao Estado já está agendada. A entrega de uma rede monopolista que ocupa papel central na economia, que pertencia a todos e cujos lucros revertiam para o Estado, resultando na perda do controle de definição dos preços e dos investimentos para grandes grupos privados foi e será sempre a política do centrão. PS e PSD são os alcoviteiros nesta história de amor onde os coitos aquisitivos não faltam e onde as cenas do próximo capítulo só perspectivam emoção e tragédia.




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