16 de abril de 2010

Caminho e escolhas

James Petras, aquando da sua passagem pelo Porto há 10 anos atrás, dizia:

“Os Partidos Socialistas da Europa do Sul desempenharam um papel pivot na formação dos regimes transaccionais e na desmobilização das classes populares na transição para o liberalismo social. As credênciais dos seus opositores deram-lhes um grau de legitimidade que faltou aos desacreditados partidos tradicionais da ala direita [...] Os Partidos Socialistas mudaram o discurso ideológico básico da justiça social e da equidade, para “modernização”, “europeização” e “empreendimento”, ofuscando desse modo (em termos ideológicos) a emergência de uma nova classe dominantes e novas formas de exploração e desigualdade.

Na Europa do Sul, as crises e a reavalização da trajectória dos anos 70, pode levar a um revivalismo do “espírito de 74”; as crises trazem o que há de melhor e de pior nas pessoas. Para as classes dominantes em declínio há sempre a ameaça da repressão para manter o poder e para subsidiar as suas perdas; para as classes populares, conselhos, assembléias, solidariedade – a re-emergência da cidadania em vez da relação patrão-cliente”

Ora, se é certo que no primeiro parágrafo Petras se referia, sobretudo aos governos de González, Prodi e Guterres nem uma vírgula do texto seria desajustada actualmente a Zapatero, Papandréu ou Sócrates. A verdadeira questão temporal e política da esquerda é o facto de os primeiros terem vencido e os segundos, apesar de vacilantes, continuarem a vencer.

Sem comentários:

Enviar um comentário